Edição 161
Estudo revela que 83,4% das empresas listadas no índice S&P-500 têm déficit em seus fundos
Abastecidas pela recuperação do mercado de ações, as 362 companhias do índice S&P-500 que têm fundos de pensão chegaram ao fim do ano passado com US$ 161,9 bilhões de déficit nos planos fechados de previdência, o que representou uma leve melhora em relação ao resultado negativo de US$ 164,8 bilhões do ano anterior.
Segundo análise financeira da Standard & Poor’s (S&P) referente ao ano passado e feita para a publicação Pensions & Investments, apenas 54 empresas registraram superávit em seus fundos de pensão, enquanto outras 302 obtiveram déficit. Seis empresas não divulgaram as suas informações financeiras relativas a 2004. As companhias registraram compromissos de US$ 1,4 trilhão e ativos de US$ 1,2 trilhão em seus fundos de pensão no ano passado, em relação aos compromissos de US$ 1,3 trilhão e ativos de US$ 1,1 trilhão de 2003.
Das 257 empresas do setor de manufaturas do índice S&P-Industrial, 230 delas tiveram déficit nos seus fundos de pensão, ainda que 191 tivessem dinheiro suficiente para aportar nos planos previdenciários. Afinal, as 500 empresas do S&P-500 registraram US$ 452,5 bilhões de faturamento em 2004.
“Elas tem mais do que o suficiente para pagar o desequilíbrio entre compromissos e ativos”, diz Howard Silverblatt, um especialista em equity market (mercado de emergentes) da S&P, em Nova York. Mas ele teme que as companhias possam gastar o dinheiro em fusões e aquisições, recompra de ações e distribuição desordenada de dividendos aos acionistas.
Ao listar as empresas que estão “sentadas em montanhas de dinheiro”, referiu-se à empresas da área de tecnologia, como a Intel, Hewlett-Packard, Motorola e IBM, à grandes petrolíferas, como Exxon e Chevron Texaco; à farmacêuticas, como a Pfizer, Johnson & Johnson e Bristol-Meyers Squibb; e ainda à gigantes da mídia, como a Time Warner.
Ele lembrou que algumas empresas, como a HP e a IBM, congelaram os seus planos de Benefício Definido (BD) e passaram a responsabilidade das contribuições previdenciárias para os empregados através dos conhecidos planos 401-k. Estes planos primam pela solução personalizada, onde o enfoque de venda e de atendimento acaba sendo mais individual do que corporativo – como o PGBL brasileiro.
Silverblatt não está sozinho. Ron Gebhardtsbauer, membro sênior na Academia Americana de Atuários, em Washington, também teme que as empresas possam não contribuir para os planos de previdência com o dinheiro que sobra.
A lei permite às empresas colocarem no balanço créditos construídos em anos anteriores – quando contribuíram mais do que o requerido para o plano previdenciário. O artifício dá flexibilidade às empresas para contarem com esse valor em tempos ruins, quando não tiverem dinheiro para contribuir.
Mas, uma cláusula proposta pela administração de George Bush pretende eliminar a capacidade das empresas de contarem com esses créditos. A cláusula propõe renovar as regras dos fundos de pensão protegendo, assim, o Pension Benefit Guaranty Corp – instituição criada em 1974 para garantir o pagamento das pensões em fundos deficitários.
A Academia dos Atuários, entretanto, sugeriu à administração Bush que é melhor apertar as regras de contribuições mínimas a eliminar o item da lei. Assim, as empresas precisariam de uma quantia maior para construir o balanço de crédito.