Afinidade de comportamento | Com filosofia em finanças comportame...

Delano Franco, da BehaviorEdição 252

A pequena asset Ada Investments, sediada em Nova York, anunciou a fusão com a brasileira Behavior Capital Management. O negócio foi concretizado a partir de contatos com um dos sócios da asset brasileira, Harrison Hong, que é professor da Universidade de Princeton. Sua relação de amizade e proximidade teórica com um dos sócios da Ada, Vinay Nair, que foi professor na Wharton School, provocaram a aproximação das assets que resultaram na fusão anunciada em agosto passado. Ambos os executivos são estudiosos de um campo alternativo do mercado, denominado de finanças comportamentais, que tem crescido nos últimos anos nos Estados Unidos, e que aqui no Brasil tem ainda poucos representantes.
Os sócios fundadores da asset brasileira, Marco Bonomo e Delano Franco são alguns dos poucos teóricos que utilizam de forma sistemática a filosofia de finanças comportamentais no Brasil. Eles fundaram a Behavior Capital em 2010 e atualmente possuem cerca de R$ 70 milhões de recursos sob gestão. Phd por Princeton, Bonomo foi professor da PUC do Rio de Janeiro e agora atua no departamento de economia da Fundação Getúlio Vargas. Franco fez sua formação de pós-graduação com o professor Bonomo na PUC do Rio de Janeiro. Eles também realizaram estudos com o professor Harrison Hong, e dessa relação surgiu a sociedade para formar a Behavior.
Agora o grupo prepara um novo salto com a associação com a Ada, que também segue a linha de finanças comportamentais. Com recursos da ordem de US$ 50 milhões sob gestão, todos provenientes dos sócios, a Ada está começando a se abrir para captação no mercado. Seu foco são os ativos em mercados emergentes e, para isso, está fechando parcerias em algumas regiões do globo. Além do Brasil, a gestora já possui plataforma e equipe para atuar nos mercados da Turquia, Índia, Indonésia e México.
Para concretizar a fusão com a asset brasileira, houve uma troca de ações entre as duas empresas. Com isso, a Behavior fica como sócio minoritária da Ada nos Estados Unidos. Em troca, a asset americana fica como minoritária da Behavior no Brasil. A plataforma das empresas deve ser ampliada em breve para a América Latina. De imediato, foi criado um fundo offshore que funciona como espelho do fundo local Long&Short que a Behavior já possui no mercado brasileiro. O produto offshore servirá para captar os recursos dos estrangeiros interessados em investir no mercado brasileiro.
Mais adiante, a empresa tem planos de abrir um fundo no exterior voltado para a captação de clientes domésticos. Será um fundo do tipo Long Biased, com portfólio formado com ativos dos mercados em que a Ada atua no exterior. “Pretendemos oferecer uma opção em mercados emergentes voltado para investidores do mercado brasileiro, inclusive para os fundos de pensão”, diz Delano Franco, sócio-fundador da Behavior.

Intercâmbio de pesquisa – Um dos aspectos positivos do negócio é o intercâmbio de pesquisa que será realizado entre as equipes das assets. Como as duas gestoras possuem filosofias semelhantes será possível intercambiar sobre as metodologias e experiências com as finanças comportamentais. “Acredito que será possível otimizar nossos produtos a partir do intercâmbio de pesquisas com a Ada”, diz Franco. Atualmente, a Behavior utiliza um método próprio composto por cinco critérios para a seleção de ativos de renda variável. Com os critérios, também chamados de temas, os gestores procuram identificar os fatores que provocam vários tipos de ineficiência de mercado.

“Mesclamos uma análise fundamentalista com um ranking que procura identificar as dificuldades cognitivas dos gestores”, explica Franco. A partir da fusão, ele acredita que será possível duplicar a quantidade de critérios usados na metodologia de seleção dos ativos dos fundos.