Edição 229
Gestores de hedge funds estão vasculhando o mundo atrás de potenciais oportunidades ainda não descobertas em um mercado que se encontra em estado de alta volatilidade. A maior parte dessas “fontes criativas de geração de alpha”, acreditam, está no plano das dívidas. Para completar, esses gestores de fundos hedge, que contam com a habilidade necessária para explorar essas oportunidades, estão levando suas ideias a assets especializadas em fundos de hedge funds.
A performance dos fundos de hedge está enfrentando grandes desafios este ano, com a rentabilidade do índice HFRI Fund Weighted Composite em apenas 1,55% até julho deste ano e a do HFRI Fund of Funds Composite no patamar de 0,37%. “A má notícia é que é muito perigoso estar investido em classes tradicionais de ativos em um mercado como esse, que está se afogando em liquidez. A boa notícia é que, por não haver muitos títulos vibrantes por aí, gestores habilidosos podem encontrar negócios que renderão taxas de centenas de pontos-base acima das tradicionais”, acredita David Ben-Ur, co-diretor de investimento da Corbin Capital Partners LLC, de Nova York, que no fim de julho administrava US$ 2,7 bilhões em fundos de fundos hedge, a maior parte de investidores institucionais.
Os gestores de hedge funds contam com um escopo de avaliação de oportunidades que vai desde ativos problemáticos lastreados em dívidas soberanas europeias de curto prazo a negócios potenciais entre gestores e bancos europeus que buscam equilibrar seus balanços transferindo carteiras de crédito estruturado.
As características comuns desses tipos muito diferentes de ofertas de dívida incluem extrema complexidade, falta de liquidez e um investimento relativamente baixo. Isso porque esses negócios frequentemente envolvem um vendedor que precisa se livrar rapidamente de papéis de dívida. “Essas vendas forçadas tendem a criar uma dinâmica de loja de penhoras”, disse um CEO de fundos de fundos hedge que preferiu não se identificar. “Os compradores definem o preço porque não há grande oferta para essas estruturas muito complexas. E o preço, geralmente, é bem abaixo do que esses ativos valem”, completou o CEO.
Estrutura – A falta de liquidez de muitos desses investimentos destaca a importância de a estrutura do veículo de investimento ser adequada. “Não pode ser a estrutura típica de um fundo hedge comum”, avalia Mary Bates, consultora sênior e especialista em crédito na Hewitt EnnisKnupp, grupo de hedge funds de Chicago.
Mary aponta que a maioria desses gestores cria um veículo híbrido para seus investimentos, em crédito e dívida, com um período de bloqueio de entre dois e cinco anos – menor que de um fundo de private equity, mas com mais prazo que a maioria dos hedge funds.
“Aceitar esse período de bloqueio maior deve trazer recompensas”, opina Robert Kaplan, chefe de investimentos do Permal Group, de Nova York. “Os gestores de hedge funds precisam de tempo para trabalhar com esses ativos ilíquidos, mas esse é o preço da oportunidade. Muitos investidores institucionais estão focados em manter liquidez permanente desde 2008, e isso significa que estão perdendo muitas chances de ganho”, pondera. A Permal administrava US$ 23 bilhões em fundos de fundos hedge ao fim de julho de 2011.
Stephen Siderow, fundador e presidente da BlueMountain Capital Management LLC, de Nova York, está interessado em adquirir carteiras de crédito estruturado de bancos nos Estados Unidos e na Europa, instituições que provavelmente terão que cortar as suas participações no segmento para satisfazer as exigências regulamentares. “Nós acreditamos que podemos comprá-las relativamente barato e administrar o risco. Esses portfólios são complexos e há apenas poucos gestores de hedge funds com experiência e tamanhos suficientes para lidar com esse tipo de investimento. Além disso, os bancos europeus estão olhando muito cuidadosamente para compradores potenciais, porque eles devem continuar como contraparte dessas carteiras”, considera Siderow. A BlueMountain administrava US$ 6,7 bilhões em hedge funds e outros investimentos alternativos no fim de julho.
Parcerias – Os gestores de fundos de fundos hedge estão ganhando ao estreitar relações com os gestores de hedge funds, que chegam a eles com frequência cada vez maior levando boas ideias para investimentos em dívidas e crédito.
Por exemplo: as gestoras Blackstone Alternative Asset Management, Corbin, Permal e Benchmark Plus Management LLC firmaram acordos de co-investimento com alguns de seus gestores em diversas áreas, como crédito automotivo e hipoteca residencial. “O segredo para encontrar essas oportunidades é por meio de relacionamento forte com gestores de hedge funds, além de uma capacidade de agir rapidamente e estabelecer o investimento”, aconselha Kaplan, da Permal.