Brasil: uma peça-chave para os negócios globais | Franklin Temple...

Edição 225

 

O Brasil é uma peça-chave no mosaico que ilustra o desenvolvimento dos negócios globais da Franklin Templeton. A frase é de Vijay Advani, presidente do “Global Advisory Services” da companhia, que visitou o Brasil no início de março. Por aqui, a meta da Franklin Templeton não é somente ser uma grande competidora na oferta de ativos internacionais para investidores locais e de ativos brasileiros para investidores estrangeiros. É também ser uma gestora de destaque quando o assunto são investimentos locais destinados a aplicadores domésticos.
“Temos habilidade para investir fora e dentro do Brasil. Com apenas uma conta, um investidor consegue diversificar o portfólio. Digo que nós não vendemos produtos, nós oferecemos soluções de investimentos”, define Advani. Ele argumenta que a Franklin Templeton tem a seu favor o fato de ter escritórios espalhados pelo mundo, o que garante, ao mesmo tempo, um aprofundamento das relações locais e uma troca de informações em âmbito global. O executivo segue a lógica de que vivemos em um mundo interligado em que o desempenho desta ou daquela empresa nem sempre está relacionado à atividade doméstica. “Nós temos presença em 33 países e contamos com clientes e parceiros em cerca de 150 nações. Isso gera uma percepção local bastante apurada. Conseguimos saber claramente o que está acontecendo na Turquia, na Coreia, na Índia, no Brasil e fazer comparações entre esses mercados. Isso adiciona muito valor às nossas operações”, aponta.
A constatação de que as corporações estão se tornando cada vez mais globais pode ser vista na própria Franklin Templeton. Por mais que os norte-americanos ainda respondam pela maioria dos US$ 693 bilhões sob gestão da companhia (em 28 de fevereiro), mais da metade do “dinheiro novo” que entra para a gestora provém de outros países do mundo. “Hoje, nossas atividades além das fronteiras dos Estados Unidos respondem por 55% do fluxo de novos negócios”, informa Advani. Esse é o reflexo de uma estratégia iniciada há pouco mais de 15 anos, quando a companhia decidiu “aproveitar a sua expertise e levá-la para o exterior”.

Devagar e sempre – Advani considera a indústria global de investimentos ainda muito nova, não tendo ultrapassado duas décadas de vida. Para ele, esse movimento depende muito de avanços regulatórios, e as oportunidades aparecem em países em que a abertura para investimentos globais é maior. “Nós estamos sempre olhando para o longo prazo, mas também somos táticos no curto. Por isso, um país da América Latina pode ter uma representação mediana nas nossas atividades globais em termos de oportunidades em um ano e, no ano seguinte, estar no topo da lista.
Isso depende de como a regulação muda – uma alteração relevante na legislação pode transformar nosso negócio substancialmente. O importante é que temos grandes talentos locais nos mercados em que atuamos e nos adaptamos rapidamente a essas mudanças para aproveitar as oportunidades”, aponta.
Advani observa que todos os países estão se movendo na direção de diversificar e externalizar a sua base de ativos. Alguns estão uns passos à frente nesse processo, outros mais atrás, mas a movimentação nesse sentido, para o executivo, é geral. “É uma caminhada lenta, nada vai acontecer da noite para o dia, mas é certo que a direção é essa. E isso é muito animador, é por isso que eu estou aqui hoje”, diz ele. Advani conta que, atualmente, a Franklin Templeton gere recursos na Ásia, na Europa e na América Latina para endowments, fundos de pensão, family offices, bancos centrais e, há cerca de um ano e meio, começou a administrar dinheiro de fundos soberanos.
O total de recursos que a companhia tem investido no Brasil por meio dos seus diversos grupos de gestão chega a US$ 13 bilhões. A Franklin Templeton Brasil, unidade local da empresa, tem R$ 1,1 bilhão de ativos sob gestão, sendo aproximadamente R$ 55 milhões de investidores institucionais. Depois dessa visita ao País, Advani também iria passar pela Argentina e pelo Chile. “Tento ir com frequência aos nossos escritórios, mas esse é um momento do Brasil. Estamos confiantes na estabilidade política e econômica do País. E temos aprofundado nosso relacionamento com os investidores locais. Acredito que os próximos dois ou três anos serão o ponto de inflexão para os nossos negócios. Sentimos que podemos acelerar nossas atividades por aqui.” Ele revela, por fim, que sua estadia no Brasil seria destinada a conversar com os colegas daqui para saber quais avanços tinham sido feitos na operação. “Espero, daqui a mais ou menos um ano, voltar para ver mais progressos”, avisa.