Itaú ganha novos planos | Fundo multipatrocinado da instituição c...

Edição 218

 

As migrações de planos que eram administrados por entidade própria de previdência ou outros multipatrocinados estão produzindo um crescimento acentuado do Itaú Fundo Multipatrocinado (IFM) durante este ano. Além desses movimentos que vêm ocorrendo no mercado, o fundo do Itaú ganhou um novo patrocinador que está oferecendo pela primeira vez um plano de benefícios para seus funcionários, a escola de idiomas Cultura Inglesa. Toda essa movimentação projeta que o fundo multipatrocinado pode fechar 2010 com o dobro do número de patrocinadoras e participantes em relação ao final do ano passado.
“Está sendo um período muito movimentado; saltamos de 13 para 21 patrocinadoras apenas no primeiro semestre e temos a expectativa de dobrar de tamanho em apenas um ano”, diz Marcus Moraes, superintendente de distribuição institucional e multipatrocinado do Itaú. O executivo responde atualmente pela área comercial do IFM e do fundo Múltipla, que era ligado anteriormente ao Unibanco. No final do ano passado, as duas entidades unificaram a atuação comercial e, na época, contavam juntas com 13 patrocinadoras e 20,8 mil participantes. Durante o primeiro semestre o IFM ganhou sete novas patrocinadoras, enquanto o Múltipla, mais uma.
São quatro novos planos que migraram de fundos fechados e três que vieram de outras entidades multipatrocinadas, além do plano novo da Cultura Inglesa. A maioria dos processos de migração ainda está aguardando a aprovação da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) e, se todos forem aprovados, o número de participantes do IFM e do Múltipla vai chegar a 32 mil, com um patrimônio de R$ 2,2 bilhões. “Estamos verificando uma procura maior de empresas que mantinham entidades próprias de previdência e decidiram migrar para um multipatrocinado com o objetivo de reduzir os custos e ganhar foco em sua atividade principal”, indica Moraes.
Para o executivo, os fundos com menos de R$ 200 milhões de patrimônio não justificam a manuntenção de uma entidade própria, devido aos altos custos de administração. Além disso, as exigências dos órgãos reguladores e os problemas com a responsabilidade civil e penal dos dirigentes geram um trabalho cada vez mais complexo que pode tirar energia da empresa, que acaba se desviando de seu core business. “As empresas estão buscando ganho de eficiência e competitividade e a manuntenção de uma entidade própria pode atrapalhar”, aponta o superintendente do Itaú.
Customização – A redução dos custos é um dos motivos que levou a FMC Prev e suas três patrocinadoras a migrar seus planos de benefícios para o IFM. A maior das patrocinadoras, a FMC Technologies, que mantém 1.500 participantes, terá uma redução média de 20% dos custos de administração com a transferência para o multipatrocinado do Itaú. Já as demais patrocinadoras, a FMC Química, com 300 participantes, e a JBTC, com 200, devem ter os custos mantidos com a mudança. As três empresas surgiram de processos de cisão em 2000 e 2008 e cada uma passou a contar com interesses diferenciados em relação aos planos de aposentadoria de seus funcionários.
Esse foi o outro motivo principal para a migração para o multipatrocinado, que permitiu o desenho diferenciado dos planos para cada companhia. “As empresas possuem quadros com perfis diferentes e não queriam manter um plano único para seus funcionários”, explica Izabel Cristina da Rocha, coordenadora de previdência da FMC Technologies. Por exemplo: a JBTC tem um quadro com idade média mais alta, em torno de 40 anos, com funcionários mais antigos na casa; já a FMC Química conta com um pessoal com média de 27 anos e de rotatividade mais alta. “No fundo multipatrocinado percebemos que poderíamos oferecer planos customizados, com as mesmas vantagens que temos com a entidade própria”, diz a coordenadora.
As duas empresas menores não teriam condições de formar entidades próprias por causa do custo. A única que poderia manter um fundo fechado é a FMC Technologies, mas o multipatrocinado representou uma boa redução de custos. Por isso, as empresas decidiram acabar com a FMC Prev e migrar para o multipatrocinado. Fizeram então um processo de seleção em que participaram quatro fundos do mercado e o Itaú acabou escolhido.
“Vimos que poderíamos oferecer planos com as mesmas características de um fundo fechado, inclusive com a diversificação dos gestores na aplicação dos recursos”, conta Izabel da Rocha. Os novos planos devem começar a funcionar a partir do próximo mês de novembro quando se espera a aprovação da Previc e a transferência de um patrimônio já constituído de R$ 87 milhões.
Além do FMC Prev, o superintendente do IFM, Marcus Moraes, diz que outros três fundos fechados, que não quiseram revelar os nomes, já definiram pela migração ao multipatrocinado do Itaú. A conquista dessas novas patrocinadoras é explicada pela estratégia comercial junto à asset do banco. “Uma estratégia que tem dado certo é o contato com os clientes institucionais de nossa asset para oferecermos a opção de transferência de plano para o multipatrocinado”, revela Moraes. Além disso, a área comercial do IFM atua em conjunto com a seguradora do Itaú, como opção aos planos abertos do tipo PGBL empresariais.
Segundo o superintendente, outro motivo que está contribuindo para o crescimento do fundo do Itaú é a integração com a Múltipla e com a estrutura que era do Unibanco. “Incorporamos uma parte da equipe do Múltipla e por isso somamos nossas qualidades”, diz Moraes. Quatro profissionais que eram do Unibanco se juntaram aos seis executivos do IFM. O próximo passo para a integração entre os dois multipatrocinados é a gestão do passivo. O Itaú está negociando com a Previtec, que faz parte do grupo, para que ela seja responsável também pela administração dos benefícios do Múltipla. A previsão é que o acordo e a mudança sejam realizados até o final do ano. Com isso, faltaria apenas a fusão jurídica das duas entidades, que deve ficar para o ano que vem.
Do patrimônio atual dos dois multipatrocinados, em torno de R$ 1,5 bilhão (sem contar os novos planos que esperam aprovação da Previc), cerca de 60% pertencem ao Múltipla. Esse fundo multipatrocinado é bem mais antigo que o IFM, que foi criado em 2006. O Múltipla surgiu em 1994 com o antigo Credibanco, que posteriormente foi adquirido pelo Unibanco no ano 2000.
Cultura Inglesa – Não são apenas as migrações de planos de outras entidades que contribuíram para o crescimento do IFM. Um novo plano foi criado pela Cultura Inglesa, que já está realizando a adesão entre seus funcionários. A empresa da área de educação contratou a consultoria Hewitt em meados de 2009 para desenhar um plano complementar para seu quadro de cerca de 700 empregados, formado em cerca de 80% por professores. “Queríamos investir na retenção e atração de talentos, por isso, decidimos oferecer o novo plano de benefícios, que é inovador na área de escolas de idiomas”, diz Cleusa Toledo Zolin, gerente de Recursos Humanos da Cultura Inglesa.
A gerente explica que o diferencial deve ajudar a atrair os melhores profissionais deste mercado que está em franca expansão. A área espera um forte crescimento nos próximos anos devido aos eventos da Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 no Brasil. “Sentimos o aumento da concorrência principalmente com os colégios bilingues”, explica. Depois de desenhar o plano, que definiu a opção por um fundo multipatrocinado, a empresa promoveu um processo de seleção no primeiro semestre que acabou com a escolha do IFM. “Conseguimos boas taxas de administração e acreditamos que o fundo tinha o melhor histórico de rentabilidade das aplicações”, justifica Cleusa Zolin.
A escolha por um plano administrado por fundo multipatrocinado e não um PGBL de uma seguradora ou entidade aberta se deu devido à maior regulação do mercado. “Sentimos mais segurança com os fundos multipatrocinados que estão sob fiscalização do Ministério da Previdência”, explica a gerente de RH. Além disso, o PGBL tem características de fundo “mais financeiro” e a empresa queria um plano “com perfil mais previdenciário”.
Com a abertura da adesão no último mês de julho, cerca de 90% dos funcionários de 28 unidades da Cultura Inglesa decidiram entrar para o plano. O processo ainda está aberto e a expectativa de adesão é chegar próximo aos 100%. Serão oferecidos dois perfis de planos, um deles totalmente conservador, com 100% dos ativos em renda fixa, e outro moderado, com até 25% das aplicações em renda variável. A contribuição da empresa é igual à do participante, que pode contribuir em até 7,5% do rendimento para as maiores faixas salariais.