Fundações na mira de iShares | Com produto referenciado em benchm...

Edição 215

 

O fato de muitos fundos de pensão utilizarem o IBrX-100 como benchmark para suas carteiras de renda variável foi uma das principais razões que levaram a BlackRock a lançar, no primeiro trimestre deste ano, o iShare Brax11. Esse ETF é justamente um fundo de índice que replica o IBrX-100.
Colocado no mercado brasileiro em 22 de fevereiro deste ano, o Brax11 contava, em 19 de maio, com patrimônio líquido de R$ 37,92 milhões.
Em visita ao Brasil para o lançamento do produto, Daniel Gamba, CEO (chief executive officer) da BlackRock para a América Latina estava bastante animado com a perspectiva de adesão das entidades fechadas de previdência complementar do País ao produto. Além do Brax11, também foram lançados na ocasião outros dois iShares: CSMO11 (relacionado ao Índice BM&FBovespa de Consumo) e MOBI11 (Índice BM&FBovespa Imobiliário). Em novembro de 2008, foram colocados os primeiros iShares no mercado brasileiro: Bova11 (Ibovespa), Mila11 (BM&FBovespa MidLarge Cap) e Smal11 (BM&FBovespa Small Cap). No dia 19 de maio, o patrimônio líquido somado desses seis iShares chegava a R$ 420 milhões.
De acordo com Gamba, algumas fundações brasileiras já investem em iShares, principalmente no Bova11. “Temos visto também muitas entidades começando a analisar os nossos produtos. Sentimos o interesse das fundações em conhecer melhor os ETFs, saber como eles funcionam e entender a utilização que se pode fazer deles para compor suas carteiras”, apontou o executivo. Para Gamba, um evento importante na aproximação das entidades a esse tipo de ativo foi a publicação, em outubro do ano passado, da Resolução número 3.792 do Conselho Monetário Nacional (CMN), que substituiu a CMN 3.456 no papel de tratar das aplicações dos recursos dos fundos de pensão. Isso porque a nova legislação considera, entre os ativos considerados no segmento de renda variável, “as cotas de fundos de índice, referenciado em cesta de ações de companhias abertas, admitidas à negociação em bolsa de valores”. O limite máximo estipulado para aplicação das entidades nesse ativo é de 35% dos recursos, segundo a CMN 3.792. “O fato de o investimento em ETF ser mencionado nessa nova resolução é muito relevante”, reforça o executivo.
Ele afirma que, atualmente, a maioria das fundações que investe em iShares aplica no Bova11. A grande expectativa de crescimento nesse nicho de investidores, no entanto, é com o Brax11.

Ibovespa passivo – A Valia é um exemplo de fundo de pensão que já tem iShares em carteira – mas, confirmando o que atestou Gamba, o ativo presente entre os investimentos da entidade é o Bova11. “Passamos a investir em ETFs há cerca de três ou quatro meses. Temos planos com carteiras passivas de Ibovespa, e o ETF está cumprindo esse papel. A vantagem é que, como a gestão da nossa carteira é própria, investir no fundo de índice facilita o nosso dia a dia. A carteira já vem montada”, explica Maurício da Rocha Wanderley, diretor de investimentos e finanças da Valia. Ele acrescenta que o produto também traz como vantagem a possibilidade do aluguel. Caso a entidade quisesse fazer esse tipo de operação antes do iShares, teria que transacionar papel por papel, o que é bem mais complicado. “Agora, é só alugar o próprio ETF.” Hoje, a Valia tem R$ 11 milhões em iShares. Os planos que são foco dessa estratégia de carteira passiva de Ibovespa somam cerca de R$ 1 bilhão de patrimônio – no total dos planos, a entidade conta com R$ 12,5 bilhões em recursos. Wanderley indica que a Valia vem testando o investimento, e a tendência é ir aumentando a exposição. “Só não podemos esquecer dos limites em legislação”, lembra ele, ao acrescentar o limite de 10% por emissor. “Não poderíamos converter toda a carteira passiva de Ibovespa dos planos por conta desses limites. Mas, na medida em que acharmos conveniente, vamos migrando os recursos”, completa.
Por enquanto, o foco da Valia é mesmo no Bova11. “Por conta do mandato, o interesse é nesse ETF. Eventualmente, podemos olhar o de small caps, por exemplo. Tudo depende da política de investimento de cada plano.”

Tamanho – Gama aponta que os fundos de pensão são grandes investidores em iShares ao redor do mundo – e particularmente na América Latina. Para se ter uma ideia, dos US$ 11 bilhões aplicados em iShares no México, mais de US$ 5 bilhões são de fundos de pensão; no Chile, dos US$ 6 bilhões totais, US$ 4 bilhões correspondem a investimentos das fundações. As entidades peruanas aplicam entre US$ 700 milhões e US$ 800 milhões em iShares, enquanto as colombianas dedicam quase US$ 1 bilhão ao produto. “Com base no tamanho desses mercados e nos volumes de investimento, podemos ter uma ideia do quanto conquistaremos com os fundos de pensão brasileiros”, indica o executivo.
Para ele, a efetivação de investimentos realmente significativos de fundações do País em iShares é somente uma questão de tempo.