Bolsa ganha, mas não tanto | Mercado conta com continuidade da va...

Edição 211

A despeito da alta do Ibovespa no ano passado, a maior parte dos analistas consultados por Investidor Institucional prevê continuidade de valorização da bolsa este ano, mas não nos níveis alcançados em 2009.
Na opinião de Marcelo Mello, vice-presidente da SulAmérica Investimentos, as projeções de crescimento para as empresas brasileiras abrem espaço para apreciação. A gestora antevê avanço de 25% a 30% para o Ibovespa em 2010. “Com a economia mundial melhorando, há impacto favorável às commodities. Pelo fato de a nossa bolsa de valores ser muito focada nesse setor, devemos ser favorecidos.” Na opinião do economista-chefe da Western Asset, Adalto Lima, o cenário dos mercados deve continuar positivo porque há menos incertezas em relação ao crescimento global, o que ajuda os mercados mundiais. “Ao mesmo tempo, há aumento de rentabilidade das empresas, porque houve fortes ajustes de custos, especialmente de mão-de-obra”, completa.
Internamente, ele afirma que ainda deve haver valorização. Segundo o economista, a bolsa brasileira pode ser puxada por um cenário de crescimento global mais forte. “É claro que, em algumas métricas, ela já está cara. Talvez seja um cenário de ganhos, mas não de mega ganhos como no ano passado, que foi de recuperação. Mas a bolsa deve definitivamente bater a renda fixa.” Para Paulo Veiga, sócio-diretor da Mercatto Gestão de Recursos, 2010 será um ano difícil de prever. Isso porque, segundo ele, há uma série de indicadores que “nos fazem crer que o Ibovespa já está caro”. “Olhando as ações que compõem o índice, não encontramos nada barato. Imaginar que vai andar este ano seria contar com o dinheiro gringo, e não com fundamentos”, completa. Para o especialista, não será um ano glorioso.
“No final de 2010 haverá um retorno medíocre, e ajustado pelo risco, talvez não valha a pena. Para ser atrativa, a expectativa de retorno tem que ser substancialmente maior do que a taxa de juros, e não acho que ela tem essa expectativa embutida”, salienta. O executivo lembra que, para obter ganhos melhores, o investidor terá de “garimpar” bons papéis de segunda linha.
Na opinião de Felipe Casotti, gestor de renda variável da Máxima Asset Management, caso se mantenha o cenário de crescimento gradual da economia mundial, o panorama para a bolsa será bom. “Em 2009, tivemos um período de recuperação forte desde março, mas devemos considerar que as ações estavam subprecificadas”, afirma, lembrando que foi a partir do terceiro mês do ano passado que o governo americano sinalizou que iria salvar qualquer instituição financeira e que adotaria os estímulos necessários para impulsionar a economia.
Para 2010, o economista espera valorização de 15% a 20% para o Ibovespa, a 85 mil pontos. “As ações da Vale, por exemplo, têm espaço para andar, se considerarmos que a China está tendo crescimento forte e se fala em aumento do preço do minério em 20%”, salienta. “Mas se sair qualquer notícia mais negativa, as ações tendem a ter desvalorização expressiva. De repente voltar para 60 mil pontos e depois continuar andando de novo”, afirma, completando que a valorização dos últimos meses foi muito rápida. “Até agora não tivemos nenhuma notícia ruim. O que se começa a falar é em aumento dos juros nos países em que a atividade está melhorando. Tem a retirada dos estímulos também. É um período um pouco mais crítico.”

Barganhas ainda – Já na opinião de Walter Maciel, sócio-diretor da Quest Investimentos, a bolsa ainda está barata se forem comparados os preços das ações hoje com o do período pré-crise. “A bolsa teve uma valorização expressiva na comparação ao ápice da crise, mas se olharmos para antes da turbulência, não está cara”, diz. Segundo ele, os principais obstáculos para a economia mundial serão enfrentados no ano que vem, quando os juros básicos das economias desenvolvidas começarem a subir e os estímulos às economias dos Estados Unidos e Europa começarem a ser retirados.
“Não acho que em 2010 teremos muitos percalços. A verdade é que a gente inicia o ano com uma economia aquecida, e não superaquecida.
Nossa expectativa de PIB para o Brasil é de 6%, para a China é de 10%.
Para os Estados Unidos, a projeção é de alta de 4% para a economia no primeiro semestre”, destaca. O executivo lembra que essas projeções de crescimento indicam alta dos lucros das empresas.