Edição 202
O Goldman Sachs, berço da sigla mais famosa mundialmente para designar os principais mercados emergentes, decidiu já há algum tempo dar atenção especial aos BRICs. Aliada à vontade de se fazer mais presente nos mercados do Brasil, Rússia, Índia e China, veio a constatação de que a indústria brasileira de fundos de investimento está entre as dez maiores do mundo e, não menos importante, que o sistema de fundos de pensão do País é o oitavo do globo em volume de recursos.Esses foram os principais motivos que levaram ao Goldman Sachs para abrir uma gestão de ativos no Brasil no começo do ano passado, segundo conta Gabriella Antici, CIO e chefe da Goldman Sachs Asset Management (GSAM). “O projeto de abrir uma operação de gestão de recursos no Brasil já era estudado há mais ou menos dois anos, mas foi no início de 2008 que nós obtivemos a licença junto à CVM [Comissão de Valores Mobiliários] e criamos a Goldman Sachs Asset Management do Brasil ”, lembra. Gabriella acrescentaenta que a partir de então foi contratado um “time sênior” para as duas áreas de atuação da asset – gestão e distribuição. O próximo passo foi lançar fundos fechados com capital próprio para servir de experiência e compor um histórico da operação. “Em qualquer lugar do mundo nós adotamos esse processo.Gabriella adianta que os fundos vão “sair da incubadora” certamente neste segundo trimestre de 2009. O primeiro fundo entrou na “fase- piloto” em julho de 2008, e depois dele adicionado outros dois. “São três fundos considerados produtos básicos e que contam com grande demanda no mercado: um de renda fixa, um de ações e um multimercado”, diz a executiva. Segundo Gabriella, os fundos aplicam seus recursos basicamente no mercado local, mas, no caso do multimercado, existe uma chance de lançar mão do que é permitido por legislação e alocar até 20% do patrimônio lá fora. “Vamos aproveitar nossa expertise global para isso”, afirma.
Fundos de pensão – Um ativo já vem mantendo conversas com investidores institucionais, entre eles os fundos de pensão, para quando for lançar seus fundos de fato ao mercado. De acordo com Gabriella, os institucionais são um canal muito importante para a GSAM globalmente, uma vez que esse segmento de investidor corresponde a algo entre 30% e 40% do volume total de recursos sob o guarda-chuva do ativo no mundo inteiro (ao final de dezembro do ano passado, o montante administrado pela GSAM era de aproximadamente US $ 700 bilhões).No Brasil, as fundações também estão no foco da asset. “Esse é um mercado que vem taxas de crescimento interessantes historicamente”, indica Gabriella, para quem a receptividade dos fundos de pensão que existem sendo pagos pelo ativo está sendo “muito boa”.Segundo a executiva, existe uma demanda reprimida por gestores globais no Brasil, e esse é um espaço que o Goldman pretende ocupar. “Hoje é impossível investir sem saber o que está acontecendo lá fora e nossa presença global conta muito a favor nesse ponto”, acredita.Ela conta que por mais que a decisão de abrir a operação de gestão de recursos no Brasil tenha sido tomada antes da crise, não houve receio por parte do Goldman Sachs a levar o projeto adiante. Pelo contrário. “É óbvio que o cenário mudou, a curva era de crescimento há dois anos. Mas o mercado é grande e nós viemos para competir e conquistar nossa participação nele. Estamos animados”, diz Gabriella, lembrando que a indústria brasileira de fundos de investimento perdeu muito menos do que as de outros países no ano passado.A vontade de se dedicar ao Brasil não partiu só do Goldman Sachs, mas também da executiva. Depois de passar 15 anos fora do País, dos quais os últimos 12 trabalhando na instituição financeira, Gabriella já estava querendo voltar. “O Goldman tem política de enviar funcionários locais quando vai abrir uma operação em determinado país. E eu já estava com vontade de voltar. ”