Nasce uma nova concorrente | Grupo de consultores deixa a Risk Of...

Edição 279

 

Uma nova consultoria de investimentos está surgindo para atuar no mercado de fundos de pensão, regimes próprios de previdência, famílias e instituições financeiras. A iniciativa de criar a nova empresa, denominada I9, foi dos consultores e atuários Diego Condado e Jordanno Santos, que trabalharam juntos nos últimos oito anos na Risk Office. Eles decidiram se desligar da consultoria em novembro do ano passado para abrir a nova casa. Nos meses seguintes, a nova empresa foi incorporando outros quatro profissionais que deixaram a Risk Office.
Segundo Condado, a saída da Risk Office, foi motivada pela vontade de fazer algo diferente do que a maior parte das consultorias oferece ao mercado atualmente. “Hoje em dia as consultorias focam muito na parte de riscos, e nós estávamos procurando mais a parte de investimento, de seleção de ativos”, explica. Apesar do foco da empresa em investimentos, a nova consultoria não deixará de focar no controle e análise de riscos.
“O foco da empresa é consultoria de investimentos, mas também atendemos risco de mercado”, conta Diego Condado. Para a área de risco, a empresa estruturou uma linha de negócios voltada a esse segmento: a I9 Aprimoramentos. “Observamos que havia demanda dos clientes também por essa área”, explica. As duas linhas são operadas pela mesma estrutura de funcionários, apesar de serem separadas.
“A proposta é fornecer tudo o que o cliente precisa para a tomada de decisão e daí, damos nosso parecer”, resume o diretor executivo. Na sua avaliação, é justamente a elaboração de um parecer que deve diferenciar o trabalho da nova consultoria daquilo que existe no mercado. Tanto Condado quanto os outros membros da equipe vivenciaram esta experiência no mercado. “Em geral, o mercado não se posiciona, as consultorias acabam ficando ‘em cima do muro’. Fazem relatórios mais informativos e menos conclusivos”, opina.
Atualmente, a I9 conta com uma equipe de seis pessoas– todos ex-funcionários da Risk Office – e presta assessoramento principalmente a fundos de pensão. Além dos fundadores, fazem parte da empresa: Rone Almeida (economista chefe), Lívia Shie (gestora de riscos), Relton Rodrigues (gestor comercial) e Giuliana Rodrigues (analista atuarial). Os dois últimos não são sócios da companhia. Apesar do pouco tempo de existência, a I9 tem 11 clientes, cujo patrimônio soma R$ 10 bilhões.

Perda de profissionais – Esta não é a primeira vez que funcionários da Risk Office deixam a empresa para montar um novo negócio na área. Em 2011, seis antigos membros da equipe se desligaram da companhia e fundaram a consultoria Aditus, que atende fundos de pensão, family offices e, em menor número, empresas não financeiras. No grupo figuravam consultores reconhecidos pelo mercado de institucionais como Guilherme Benites, Leonardo Bortoloto e Nathan Batista, entre outros.
O caso mais recente de saída de profissionais para montar a consultoria I9 e de outros executivos, como o ex-diretor da empresa Ronaldo Oliveira, teve uma motivação adicional. É que a Risk Office promoveu uma reestruturação de sua equipe e organização interna no ano passado (ver box). Com o novo desenho, a consultoria passou de 150 para 100 colaboradores. “Muitos consultores e profissionais não se adaptaram à nova estrutura da empresa e acabaram saindo”, diz Alberto Jacobsen, presidente (CEO) da Risk Office.
Jacobsen está na consultoria desde 2008, um ano após a aquisição da empresa pela Algorithmics Ventures, uma empresa internacional do segmento de softwares de risco. Nas negociações para a aquisição, que foi realizada em 2007, os novos controladores fizeram um acordo com os principais sócios-diretores Marcelo Rabbat e Fernando Lovisotto que previa a permanência por no mínimo dois anos dos executivos na empresa. A ideia era realizar a passagem do negócio para novos diretores. Jacobsen era da Algorithmics e foi transferido para atuar na Risk Office.
Rabbat e Lovisotto permaneceram na consultoria até final de 2009 e, no ano seguinte, foram para a asset Vinci Partners. Jacobsen permaneceu como diretor da Risk Office e assumiu como presidente em 2014. Desde então, começou uma avaliação para a reestruturação da empresa que foi implementada ao longo do ano passado.

Risk Office promove reestruturação do modelo de atendimento

Para evitar uma maior perda de profissionais e de espaço no mercado de institucionais, a Risk Office decidiu adotar um novo modelo. A principal mudança ocorreu na estrutura de atendimento dos clientes pelos consultores. A empresa substituiu o modelo tradicional em que cada consultor tem sua carteira de clientes exclusivos para um novo formato. Agora cada cliente é atendido por um grupo de consultores e recebe o acompanhamento de profissionais de acordo às necessidades.
“No modelo anterior, a consultoria era baseada no CPF do consultor, que ia acumulando vários clientes. O problema é que ele tinha que prestar consultoria de todos os assuntos e acaba virando um generalista”, diz Alberto Jacobsen, presidente da Risk Office. No novo modelo, a área de relacionamento identifica qual é a necessidade atual do cliente e designa um consultor especializado. “Se o cliente precisa de ALM, vamos mandar um consultor especialista em ALM. Se precisa de consultoria em investimento no exterior, vamos designar outro consultor especialista”, explica Jacobsen.
A área de relacionamento que também acumula a função da área comercial, será liderada por Alexandre Montenegro. O executivo já vinha prestando consultoria para a Risk Office desde 2014 para ajudar a desenhar o novo modelo de atendimento da empresa. Montenegro veio da área de consultoria da IBM.
Além de mais eficaz, Jacobsen explica que o novo modelo deve evitar o problema de consultores que deixam a empresa e levam seus clientes consigo. “O novo modelo tem o efeito colateral de evitar a perda de clientes devido à saída de consultores”, diz o presidente da Risk Office. Ele explica, porém, que a reestruturação foi motivada principalmente pela busca de maior eficiência, adequação de custos e maior qualidade dos serviços prestados.
Além da redução do quadro de colaboradores, outro fator que tem gerado redução de custos para a consultoria foi a mudança da sede para Alphaville, bairro localizado em Barueri (Grande São Paulo). Antes, a Risk Office tinha um escritório no Itaim Bibi, região financeira muito valorizada. Com a nova sede, além da redução do aluguel, também foi permitida implantação de um novo formato de escritório. Agora, o escritório é um galpão amplo sem paredes.
Com a nova estrutura, Jacobsen esclarece que a Risk Office continua focando em seu DNA principal desde o nascimento: fundos de pensão. Apesar da perda de colaboradores nos últimos anos, a consultoria ainda mantém uma posição de destaque no mercado de fundações e regimes próprios. A empresa presta consultoria para cerca de 400 clientes, que somam ativos da ordem de R$ 400 bilhões. São 210 planos de benefícios de fundações e 60 RPPS. Outro segmento que a consultoria tem focado é o de seguradoras, que tem procurado a empresa para se adaptar às exigências de controles da legislação e dos órgãos reguladores.