Edição 133
Depois de ver o portfólio de seu plano 401(k) se desvalorizar 30% nos últimos três anos, a novaiorquina Lori Gillgannon, de 47 anos, achou que estava na hora de reavaliar investimentos e promover mudanças no portfólio. Investidora de perfil conservador, Lori, que tem somente 20% dos ativos alocados em ações, dirigiu-se ainda no ano passado ao banco que administra os recursos de seu plano 401(k), o Citibank, e pediu ajuda.
Como ela, muitos participantes de planos tipo 401(k) se questionam sobre o que fazer quando os investimentos começam a perder em rentabilidade e suas reservas começam a minguar. Para muitos, essas reservas serão a única fonte de renda previdenciária na aposentadoria.
Sabendo das dúvidas e reconhecendo que os funcionários estão enfrentando um mau tempo no mercado de ações, as empresas patrocinadoras dos planos estão firmando parcerias com consultorias independentes, que produzem softwares e programas que podem ser acessados via Internet. O serviço busca ajudar os participantes a escolher em quais fundos aplicar seus ativos, baseando-se nos objetivos previdenciários de cada um. Isso está se tornando uma forma de atrair, satisfazer e reter bons funcionários.
“Empregados querem conselhos, querem direção”, resumiu David Wray, responsável pelo grupo Profit Sharing/401(k) Council of America, que presta consultoria a patrocinadores de planos. “Investir não é tão fácil como imaginavam. Eles não têm mais certeza se podem fazer isso sozinhos”, afirmou Wray.
Enquanto alguns acreditam no conceito de uma ‘ajuda virtual’, há quem questione se os funcionários irão realmente usar os serviços oferecidos. Um número significativo de pessoas evita digitar informações pessoais na Web, ou porque não se sentem seguras tornando disponíveis tais informações na Rede ou ainda porque não querem ser importunadas com e-mails sobre oportunidades de investimentos, diz Wray. Aliado a isso, os participantes de planos não conseguem mais acreditar nas recomendações de especialistas depois dos escândalos em Wall Street no ano passado.
Historicamente, muitas empresas evitaram recomendações específicas de fundos, temendo serem responsabilizadas caso seus empregados perdessem dinheiro e os processassem. Para minimizarem riscos, muitas começaram a oferecer cursos de educação para investimentos através de publicações, seminários e Internet.
O cenário mudou um pouco em dezembro de 2001, quando o Departamento do Trabalho do País anunciou que os empregados não precisariam mais se ater às recomendações dos administradores do plano ao qual pertenciam, mas que poderiam contratar os serviços de consultores financeiros independentes e de gestão de recursos. A legislação acabou abrindo as portas à consultorias como AIG SunAmerica, Financial Engines, Power of San Francisco e Morningstar, que atualmente cobrem o segmento.
Depois do colapso da gigante de energia Enron, que acabou com as reservas previdenciárias de milhares de empregados que não seguiram o conselho básico de diversificar seus ativos, o Congresso americano buscou atrair os empregadores para oferecer aos participantes uma segunda orientação, reduzindo as regras de passivo. As propostas ainda não saíram do papel, mas os líderes republicanos prometem tentar sua aprovação novamente este ano.
Tarefa simples – Com o mercado definhando, a ajuda de consultores ainda figura no topo da lista de objetos de desejo dos participantes, na tentativa de gerir seus planos de aposentadoria.
Durante a década de 1990, quando a economia atravessava uma de suas fases de maior crescimento, muitos achavam que investir no 401(k) era uma tarefa simples. Mas, uma vez que o mercado sofreu baixas e se tornou instável a partir de 2000, começou a corrida dos empregados por um suporte financeiro. E as empresas patrocinadoras dos planos perceberam isso. Em 2000, cerca de 35% dos empregadores – muitos deles pequenas empresas – ofereciam ao participante algum tipo de aconselhamento nos investimentos. Um ano depois, o percentual subiu para 41,4%. “Esse percentual deve chegar a 50% em 2002”, estima Wray, da Council of America.
Apesar de pequeno, o grupo de consultores independentes está tendo um bom retorno. A Morningstar, por exemplo, viu 12 mil empregadores assinarem contrato com a empresa, elevando o total para 43.600 companhias. Já a Financial Engines viu o número de companhias clientes pular de 253 em 2001 para 800 no final de 2002. A companhia cobra taxas que variam de 0,01% a 0,03% dos ativos do plano, ou cerca de US$ 15 por participante.