ALM cresce nos EUA | As consultorias norte-americanas registram c...

Edição 126

As empresas de consultoria norte-americanas afirmam que os estudos de Asset Liability Management (ALM) estão em ascensão. “Fizemos mais estudos de asset-liability no primeiro semestre de 2002 do que durante todo o ano de 2001”, diz o responsável pelos estudos de alocação de ativos da Watson Wyatt Worldwide, de Nova York, Carl Hess. “A deterioração dos status dos fundos, que começam a ficar deficitários, está promovendo uma reavaliação dos planos e da forma de construir os estudos pela primeira vez”, conclui.
A principal razão desse crescimento é o grande número de fundos de pensão norte-americanos com déficits em seus balanços. Dados da Wilshire Associates mostram que 51% dos sistemas de previdência públicos estão amargando déficits. E, segundo a consultoria, a previsão é que esse percentual suba ainda mais, entre 10% a 15%. Segundo os relatórios da Wilshire, “os resultados mostram que os fundos de previdência públicos deficitários irão crescer de 51% para 75%”.
De acordo com o consultor da Frank Russel, Michael Hall, quase 25% dos pedidos da base de clientes institucionais da empresa são referentes a estudos de Asset Liability Management. Entre as fundações norte-americanas que já estão fazendo o estudo de ALM, ou estão planejando contratar uma consultoria para produzi-lo, estão as seguintes:

Fundo de Pensão dos Funcionários Administrativos do Estado da Flórida: “É uma boa hora para fazer um estudo de ALM”, segundo o diretor executivo do fundo de US$ 88 bilhões, Coleman Stipanovich. Entre as razões para adotar a ALM, ele lista as atuais condições do mercado e a introdução de um novo plano, do tipo contribuição definida. A Florida State Board of Administration contratou as consultorias Ennis Knupp & Associates, de Chicago, o consultor atuarial Rowland Davis, e a consultora da IFD Centre at Fields Intitute de Toronto, Moshe Milevsky, para fazer o estudo, que deve ser concluído até o final deste ano.
“Estamos com uma tendência de fluxo de caixa negativo, onde as saídas de benefícios excedem as contribuições ao fundo”, explica o diretor. Para reverter a situação, os dirigentes planejam diversificar as alocações em investimentos alternativos, que totalizam US$ 2,9 bilhões, e aumentar os investimentos em venture capital, private equity de empresas européias e fundos hedge. “Por conta das mudanças nos riscos e retornos, nos sentimos melhor em promover alterações nas carteiras nos baseando em um estudo de ALM”, conclui Stipanovich.
Fundo de Pensão da Highmark Inc: “Estamos em um ambiente de mudanças”, analisa o assistente de tesouraria do Highmark, Joe Reichard, que administra o plano de US$ 815 milhões. “Já estivemos totalmente deficitários, mas agora estamos fazendo contribuições correntes ao fundo”, diz ele. “Nós só queremos ter a certeza de que nossa alocação de ativos está de acordo com os nossos passivos e as projeções de despesas”. O estudo para o Highmark, que deve ser concluído nos primeiros dias de novembro, está sendo conduzido pela Rocaton Investment Advisors, de Connecticut.
Fundo de Pensão dos Professores do Kentucky: “Sabíamos que nossos passivos estavam crescendo por conta do grande número de funcionários com pouco tempo de contribuição e que vai se aposentar em breve, e queríamos ter certeza que nossos ativos casavam com nossas obrigações”, diz o secretário executivo do fundo, Gary Hargin. “Nós comparamos a quantidade de ativos e passivos durante os últimos anos para ver se precisávamos alterar nossas carteiras de investimento”, afirma.
O estudo de ALM, conduzido pela consultoria Becker, Burke Associates, de Chicago, indicou que o fundo deveria repensar sua alocação de ativos atual. E, de posse dos resultados, o diretor de investimentos, Stuart Reagan, aumentou sua carteira de ações para 50%, de renda fixa para 39%, imobiliária para 3% e em dinheiro para 8%. Liberado mesmo, só pequenos aumentos na carteira de títulos corporativos e ações de média capitalização.
Fundo de Pensão dos Funcionários Municipais de Orange: O diretor executivo do fundo, Keith Bozarth, garante que ele e o staff planejam seriamente fazer um estudo de ALM. Ele diz que há anos não é feito um estudo sobre os passivos e que, nesse meio tempo, muitas mudanças foram conduzidas nos mercados. Segundo Bozarth, o fundo ainda tem um quociente de déficit saudável, mas esse vem crescendo nos últimos tempos. “Estamos em boa forma, mas quero manter a saúde do fundo”, afirma o diretor para explicar a realização do estudo.
Fundo de Pensão das Escolas Públicas de Denver: “O que está acontecendo nos mercados agora não afeta nossos investimentos, já que coincide com nosso estudo de ALM”, disse David Stella, diretor executivo do fundo de US$ 2,4 bilhões. O sistema encomenda um estudo a cada cinco anos e o que serviu para monitorar a atual política de investimentos foi feito em 1997. Um novo estudo, entregue à fundação no mês passado, foi feito pela Callan Associates, de São Francisco. Se o estudo não tivesse sido agendado, diz Stella, a diretoria teria dado uma olhada no nosso mix de ativos e passivos, mas certamente não de uma maneira tão completa. O fundo de previdência quer agora calcular os riscos que pode correr e os retornos que precisa alcançar, explica Stella.
Fundo de Pensão da White & Case LL: Allen Marmor, diretor de benefícios do plano tipo BD do escritório de advocacia, de US$ 45 milhões, disse que a empresa está aguardando os resultados do estudo desenvolvido pela Pricewaterhouse Consulting, de Nova York. O estudo será concluído nas próximas duas semanas. “Como todos, nos preocupamos em saber se ficaremos deficitários”, disse. “Queremos alinhar nossos ativos para ter a certeza de que se casarão com os passivos no futuro”, disse ele.
Fundo de Pensão dos Empregados em Energia e Saneamento de Los Angeles: Duamel Vellon, administrador do fundo de previdência, disse que o sistema espera ampliar seus investimentos através da compra de ações domésticas e de títulos, “desde que isso coincida com a política de tolerância ao risco do conselho”. O fundo, que recebeu os resultados de seu estudo de ALM em maio passado e completou um estudo de alocação de ativos em julho último, aguarda a decisão dos membros do conselho. “Nós precisamos tomar decisões baseadas em políticas de tolerância ao risco, e não sabemos qual delas o conselho irá adotar”, diz Vellon. De qualquer modo, ele conclui, “queremos fazer alguma coisa alinhada com os padrões dos investimentos utilizados na indústria de fundos”.