Edição 143
O Banco Modal está partindo para a administração de recursos de terceiros, com a criação da Modal Asset Management, 100% controlada pela instituição financeira. A nova asset, que deve ser anunciada ao mercado no início de março, pretende ocupar espaço junto ao segmento de pessoas físicas de média e alta renda e clientes institucionais. “Nosso objetivo é oferecer produtos mais elaborados para esse perfil de público”, explica o principal dirigente da nova empresa de gestão, Alexandre Póvoa.
Ele chegou ao Modal em meados do ano passado, depois de ter trabalhado no ABN AMRO por vários anos, de onde se desligou em setembro de 2002, logo após a crise da marcação dos títulos públicos ao valor de mercado. Trazia com ele a idéia da criação de uma asset que aproveitasse brechas de mercado não completamente cobertas pelos grandes bancos nem pelas assets independentes que estavam chegando. “As pessoas físicas de média e alta renda são pessimamente atendidas pelos grandes bancos. Além disso, eles não oferecem produtos diferenciados aos investidores institucionais”, diz Póvoa.
Os donos do Modal, entretanto, foram cautelosos. Resolveram que primeiro iriam ampliar a área de distribuição, colocando os produtos do banco à disposição de um público maior, incluindo fundos de pensão e pessoas físicas de média e alta renda. Para isso, trouxeram para o banco um outro ex-integrante do ABN AMRO, também fora do banco desde a crise da marcação a mercado, José Edson Lucena. As visitas de Lucena às fundações renderam a criação de vários fundos exclusivos para o Modal, ainda administrados pelo próprio banco.
O passo seguinte foi partir para a criação da asset. “Nossa idéia, na asset, é operar da mesma forma como opera o banco, com foco nas oportunidades do mercado”, diz Póvoa. A administradora de recursos nasce com patrimônio administrado de R$ 280 milhões, em alguns fundos exclusivos que já rodam para as fundações, basicamente compostos por papéis privados. Além de três fundos abertos, dos quais dois são de derivativos e um é de ações alavancado, todos para pessoa física.
Um dos fundos de derivativos, Modal Eagle, tem uma gestão mais agressiva e está funcionando desde o início de janeiro. Segundo Póvoa, ele acumula uma rentabilidade de 321% do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI) no período. O outro fundo de derivativos, Modal Fox, tem uma gestão mais moderada e desde o início de fevereiro acumula alta de 124% do CDI. O fundo de ações, Modal Ibovespa Bull, está em processo de aprovação na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), e terá gestão ativa, com o objetivo de ultrapassar os ganhos do Ibovespa.
Póvoa reconhece que terá que disputar espaço com as várias assets independentes que surgiram no último ano, como a Gávea do ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, a Legacy, a Arx e a Gap. Mas acredita que o crescimento do mercado de pessoas físicas nos próximos anos deve premiar as melhores, entre as quais aposta que estará.
No segmento de institucionais, o plano da Modal é montar fundos, inicialmente exclusivos, com os mais diversos tipos de papéis privados, como debêntures, recebíveis, títulos imobiliários. Póvoa acredita que com a queda da taxa de juros, aliada ao crescimento econômico, os fundos de pensão devem cada vez mais procurar outras alternativas de investimentos, o que vai de encontro com a necessidade de financiamento do setor produtivo privado. “O custo de oportunidade em títulos públicos como as LFTs (Letras Financeiras do Tesouro) já está ficando pequeno”, diz Póvoa. Ele lembra que as fundações precisam de bons retornos para baterem suas metas atuariais e assim honrarem o pagamento das aposentadorias dos participantes.
Ele lembra que poucos gestores têm esse tipo de produto para oferecer às fundações. Montar esses fundos não deverá ser uma tarefa difícil, uma vez que o próprio banco Modal tem um braço específico para operações imobiliárias e outro especializado em operações estruturadas para a captação de recursos por parte das empresas.
A Modal Asset começa com uma estrutura enxuta, com uma equipe de cinco ou seis pessoas. Os fundos serão administrados pela Mellon, com custódia do Itaú.
O Banco Modal, ao contrário da maioria dos outros bancos de médio porte que lucram apenas nas operações de tesouraria, tem uma atuação diversificada e a tesouraria responde por apenas 25% dos seus resultados. Os outros 75% vêm de outras seis áreas, igualmente importantes para a instituição. São elas: operações estruturadas, segmento de fusões e aquisições, distribuição, setor imobiliário, pequenas e médias empresas e a administração de recursos que até agora estava dentro do banco.