Edição 131
Com a absorção das áreas de gestão de recursos do BBV e do JP Morgan, a Bradesco Asset Management (Bram) assume a liderança entre as assets privadas, com quase R$ 64 bilhões em dezembro de 2002. Desses, R$ 9,5 bilhões vieram dessas duas aquisições. À frente da empresa fica apenas a BB DTVM, com R$ 66,1 bilhões.
Para o diretor executivo, Robert van Dijk, o crescimento via aquisições tem sido combinado com um crescimento orgânico da empresa, nascida em julho de 2001 da fusão da área de institucionais do Bradesco Templeton com as assets do Bradesco, BCN Alliance, Espírito Santo Boavista e Baneb. De lá para cá a Bram já absorveu as assets do Deutsche, Finasa e Cidade em 2002 e do BBV e JP Morgan em 2003.
“Escala se tornou fundamental nesse mercado”, diz van Dijk. Ele lembra que muitas assets desembarcaram no Brasil a partir de 1997, na expectativa de que haveria um crescimento do mercado a partir da reforma da previdência. A reforma, entretanto, não aconteceu e várias delas começaram a se desinteressar do Brasil, vendendo o business a outras assets (ver reportagem à página 24).
Segundo van Dijk, a administração de um negócio de mais de R$ 60 bilhões irá demandar cuidados especiais com os processos e procedimentos, tanto para garantir a segurança e rentabilidade dos investimentos quanto a transparência das aplicações aos clientes. A Bram emprega hoje 96 pessoas, mas deve ficar com um quadro superior a 100 funcionários após a absorção de alguns profissionais do BBV e do JP Morgan. Segundo van Dijk, ainda não está definido quantos, nem quais, os profissionais de cada instituição que serão aproveitados na Bram.
Ainda de acordo com ele, as duas novas incorporações representaram uma superposição muito pequena de clientes. O BBV atuava basicamente no segmento de varejo, onde os clientes são diferentes, enquanto o JP Morgan trouxe para a Bram basicamente recursos de fundos de pensão de empresas privadas. Mais de 50% dos recursos sob gestão do JP Morgan estão nesse caso, enquanto uma boa parte do restante são provenientes de clientes private. “Todas as nossas compras adicionaram valor à Bram, desde as primeiras de 2002”, diz van Dijk.
O diretor executivo da Bram acredita que as baixas taxas de administração que vigoram atualmente devem se recuperar nos próximos anos. Hoje, segundo ele, as assets brasileiras praticam taxas menores do que as praticadas nos países desenvolvidos, porém com volumes muito menores. “Existe uma equação na economia, representada pela relação entre preço e qualidade do serviço. Essa relação pode até ser desequilibrada por um certo tempo, mas a tendência é que ela se equilibre com o tempo”, avalia van Dijk. “Acreditamos que, no Brasil, isso começa a ocorrer em breve”.