Uma relação de confiança | Empresas de custódia tornaram-se funda...
Edição 356
Na fundação Real Grandeza, que tem contrato desde 2008 com a custódia, controladoria e administração fiduciária do Bradesco, esses serviços são vistos pela ótica da segurança e da confiança. “Isso é extremamente importante para nós porque estamos sob a rédea de várias regulações e os prestadores de serviços fazem a guarda dos nossos arquivos, eles atuam como uma frente para garantir que haja conformidade com a legislação e geram relatórios como, por exemplo, as prévias diárias de rentabilidade dos nossos cinco planos”,e afirma André Biasoli, gerente de controladoria, compliance e riscos.
Como resultado, além da guarda, eles cumprem funções de conferência e garantia das operações, além de fornecer dados que irão suportar a posteriori as análises feitas pela área de investimentos. “A parte de dados é essencial para a área de investimentos, principalmente porque sem isso teríamos que fazer tudo internamente”, diz. Por enquanto, ainda que façam reavaliações periódicas de propostas de prestadores, a relação custo-benefício do atual contrato tem sido considerada positiva.
A adequação ao CNPJ por plano da fundação já foi enviada para o banco, até porque envolve o trabalho de segregar as suas mais de cem carteiras de investimento dentro da custódia, com a respectiva abertura de novas contas, explica Renato Menezes de Oliveira, analista de compliance. Já a adaptação às mudanças da CVM 175, ele considera positivo o aumento de transparência em relação às taxas cobradas, assim como a simplificação das regras dos fundos.
Na parceria com o custodiante, os problemas operacionais têm sido resolvidos rapidamente para alinhar as operações. O único ponto de melhoria está na necessidade de estreitar o contato entre a fundação e o banco porque nos últimos anos houve um certo distanciamento, avalia Oliveira. “Desde a pandemia esses contatos passaram a ser feitos à distância mas uma maior proximidade institucional, com reuniões presenciais ao menos uma vez ao ano é importante para alinhar expectativas e informações sobre as estruturas dos dois lados”, afirma. Isso fica ainda mais importante num mercado de investimentos cujas condições sofrem mudanças muito dinâmicas, com oferta constante de novos produtos.
Há dez anos fazendo sua custódia com o segundo maior prestador de serviços no mercado doméstico, o Itaú, a Fundação Copel centraliza custódia e controladoria com o mesmo banco, diz José Carlos Lakoski, diretor de investimentos. Com R$ 14 bilhões em ativos, a fundação encontra apenas alguns problemas pontuais nesse serviço e, por outro lado, considera fundamental contar com alguns fatores como a rapidez nos ajustes da custódia e da controladoria às mudanças de sua política de investimento. “Também tem sido importante a adaptação rápida desses serviços às novas regras dos normativos do mercado, eles precisam ser rápidos e flexíveis e contar com equipes e sistemas compatíveis com as nossas necessidades, como ocorre agora no caso do CNPJ por Plano”, afirma.
Na entidade, o dever de casa para se adequar à CNPC 46 já está feito há tempos. O plano CV (Contribuição Variável) já tinha todos os ativos segregados e estava bem estruturado para o novo desenho. A fundação também fez alguns ajustes nos indicadores de risco, mexeu no VaR de alguns planos e alterou métricas mas o processo foi tranquilo do ponto de vista de custódia e controladoria.
Centralizada no Bradesco, a custódia dos ativos de investimento da Vivest segue um conceito adotado há mais de vinte anos. “Nesse período, só trocamos duas vezes de prestador de serviços e estamos com o Bradesco há muito tempo porque a nossa avaliação tem sido positiva”, informa Jorge Simino diretor de investimentos da fundação. Os contratos são renovados a cada cinco anos, um processo que passa pelo Conselho Deliberativo, mas o nosso backoffice faz uma nova avaliação a cada ano e não há, por enquanto, intenção de alterar esse contrato a médio prazo, diz Simino. Mesmo as novas contas conquistadas pela entidade, como o plano de previdência da Ford, que passou a administrar em 2022, aceitaram centralizar a custódia porque isso facilita a interação dos sistemas. “Custódia é basicamente uma questão de escala, então é importante olhar os dois maiores prestadores desse mercado”, avalia. Desde a edição da CVM 555, o custodiante passou a ter maior responsabilidade e se o investidor decide alocar no exterior, por exemplo, tem que passar pelo crivo dele.
O único ponto de possível melhoria nos serviços de custódia estaria na agilização de processos porque os gradativos aumentos de responsabilidade para esses prestadores ao longo dos anos às vezes têm se traduzido num intervalo de tempo um pouco mais longo para atender às necessidades da fundação. “Isso acontece porque o custodiante tem que fazer o compliance e procedimentos de checagem e as respostas podem demorar um pouco mais. Por outro lado, o investidor fica mais sossegado porque sabe que a operação passou por uma segunda clivagem, feita pelo custodiante. Além disso, com um intervalo de tempo mais longo você se antecipa e faz o seu planejamento de tempo para cada demanda, então não é realmente um grande problema”, diz Simino.
A portabilidade de custódia, projeto em estudo pela CVM, poderá trazer maior flexibilidade para o investidor à medida que ele passará a ter a opção de trocar de gestor sem precisar desmontar todo o seu investimento. “A portabilidade é sempre em nome da flexibilidade e retira um empecilho operacional importante, aumenta a competição no mercado. Resta saber como ela será operacionalizada caso a caso”, aponta.