Edição 256
Mesmo com o processo de troca de comando do BNY Mellon no Brasil, ocorrida no segundo semestre de 2013, e com os resultados negativos dos mercados de renda fixa e variável, a instituição registrou crescimento nos segmentos de controladoria e administração fiduciária. Há uma expectativa sobre a evolução dos serviços e dos números após a demissão conjunta dos principais executivos – Zeca Oliveira, Alberto Elias, Carlos Pereira e Marcelo Pereira – que dirigiam a operação no país. Em todo caso, os resultados do ano passado mostram que o BNY Mellon não perdeu terreno e, mais do que isso, conseguiu iniciar as operações de custódia, que é um serviço novo na instituição.
Se o BNY Mellon está perdendo espaço no mercado, os números até novembro ainda não refletiam isso. Em administração fiduciária, a instituição saltou de R$ 105,51 bilhões para R$ 118,92 bilhões no período de janeiro a novembro. Já em controladoria de ativos, os volumes de recursos passaram de R$ 179,16 bilhões para R$ 206,28 bilhões. Nada mau para um mercado que teve que enfrentar o desempenho negativo do Ibovespa e a alta volatilidade do mercado de renda fixa.
Em controladoria, o BNY Mellon subiu da sexta para a quinta posição no ranking geral, logo atrás dos gigantes – Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e Santander – e na frente do Citi (sexto) e da Caixa (sétimo). Ao considerar apenas os recursos de outras instituições (terceiros), o BNY Mellon fica na terceira posição, com R$ 186,61 bilhões, atrás apenas de Itaú e Bradesco.
“A mudança de comando não afetou nossa governança e nossos negócios. Não houve perda de clientes e conseguimos até um bom crescimento”, diz Sérgio Battaglia, superintendente de administração e controladoria do BNY Mellon. O executivo explica que nem as dificuldades enfrentadas pelo mercado financeiro foram capazes de atrapalhar os resultados de 2013. “Foi um ano difícil para o mercado, mas mesmo assim o volume de recursos cresceu, graças à manutenção e conquista de novos clientes”, diz Battaglia.
Os novos diretores do BNY Mellon, Adriano Koelle (responsável pela operação do escritório no Brasil) e Carlos Salamonde (diretor da área de serviços financeiros) estão enfrentando o desafio de manter o ritmo de crescimento da instituição a partir de 2014. Devido ao pouco tempo de casa, a assessoria de imprensa disse que eles ainda não estão falando sobre os resultados e planos do BNY Mellon.
Custódia – A principal novidade da instituição em 2013 foi a implantação de um serviço próprio de custódia de ativos. Até final de 2012, o BNY Mellon mantinha uma parceria com o Bradesco, que fazia a custódia para os fundos que contavam com a administração e controladoria do BNY Mellon. Mas foi no segundo semestre de 2012 que a instituição ganhou a permissão do Banco Central para operar como banco e, a partir disso, decidiu oferecer a custódia para terceiros. Também neste caso, a mudança de comando não alterou os planos do grupo financeiro. “Nosso plano de implantar a custódia não foi mudado, pelo contrário, decidimos até acelerar a migração no final do ano passado”, diz Márcio Ferretti, superintendente de custódia do BNY Mellon.
Segundo tabela da Anbima, o BNY Mellon já contava com R$ 38,14 bilhões de ativos custodiados e já ocupava a décima posição do ranking. A previsão, porém, é que o volume possa chegar a algo próximo de R$ 100 bilhões, o que é um pouco menor que os ativos sob administração. Por enquanto, os ativos que ainda não foram migrados continuam com custódia do Bradesco, mas a previsão é que até agosto o processo seja finalizado.
A migração dos ativos começou no primeiro semestre do ano passado. Primeiro, foram transferidos os fundos de investimentos em participações (Fips) e os recursos dos investidores não-residentes, a partir do mês de abril. “Decidimos começar com os Fips e os não-residentes por serem carteiras mais simples de rodar, que exigem requisitos mínimos. A ideia foi realizar a migração de forma gradual para não incorrer em riscos maiores”, diz Ferretti.
A partir de julho, começou um novo projeto-piloto com a migração de um primeiro grupo de 25 fundos de investimentos denominados de CVM 409 – renda fixa e variável. Já com este grupo de fundos, as necessidades operacionais já eram maiores que os Fips. “Vimos que não houve nenhum problema relevante. Fomos realizando pequenos ajustes junto aos clientes e daí em diante percebemos que podíamos aumentar o ritmo”, explica o superintendente de custódia.
Foi então que de setembro a dezembro do ano passado houve a migração dos ativos de 530 fundos para a nova custódia do BNY Mellon. A partir de novembro, o processo foi acelerado, com a transferência de cerca de 100 a 120 fundos por mês, alcançando quase 700 fundos no final de janeiro de 2014.
Segregação – Segundo o superintendente de custódia do BNY Mellon, o grupo está passando por um processo de mudança de paradigmas devido ao projeto de implantação da custódia. “É um processo de quebra de paradigmas que visa produzir maior transparência e melhor controle dos serviços”, diz Ferretti. É um projeto realizado com a segregação das atividades de administração e controladoria, que continua sob responsabilidade da DTVM e da custódia, a cargo do banco. “O resultado final do trabalho produz uma maior transparência, ao mesmo tempo que permite uma forte sinergia entre os serviços”, afirma Ferretti.
Segundo o executivo, os clientes acabam acessando com mais facilidade os produtos de controladoria e custódia oferecidos pela instituição, tais como controle de caixa online, liquidação de fundos e o extrato automático. A realização da controladoria e custódia com um mesmo player, porém, não provoca a redução dos custos dos serviços. “Não implica em redução dos gastos, mas sim em melhoria dos serviços”, comenta o superintendente de custódia.
Forte no mercado de administração para fundos de investimentos de assets, o BNY Mellon tem planos de ganhar espaço também com os clientes institucionais, principalmente fundos de pensão. Devido ao novo serviço de custódia, a equipe do banco acredita que pode ganhar alguns clientes fundos de pensão que utilizam a custódia centralizada para gestão dos recursos.
Desta forma, pode também avançar com a oferta de serviços de controladoria para carteiras de fundações. “Já estamos oferecendo o serviço de custódia para fundos de pensão. Temos já um primeiro cliente que não podemos revelar o nome”, diz Ferretti. O executivo acredita que a vantagem da contratação de um pacote de custódia e controladoria é a eficiência operacional e o melhor controle da gestão dos recursos por parte do cliente institucional.
BTG Pactual – Outra instituição que ganhou destaque no ranking de controladoria de ativos em 2013 foi o BTG Pactual. Ele passou da nona para a oitava posição, ultrapassando o HSBC, saltando de R$ 128,97 em dezembro de 2012 para R$ 163,09 em novembro de 2013. Com o crescimento, aproximou-se do sétimo colocado, a Caixa, que fechou com R$ 176,42 bilhões.
Nas primeiras posições, o ranking não registrou mudanças. O Itaú manteve a primeira posição geral, com R$ 1,33 trilhão de recursos em controladoria. A segunda posição ficou com o Bradesco, com R$1,21 trilhão, com destaque para os recursos de outras instituições (terceiros), com R$ 640,77 bilhões.