Marcas do conservadorismo | BB DTVM mantém liderança no mercado d...

Edição 282

 

Com captação mais concentrada em fundos de renda fixa e planos de previdência aberta, a BB DTVM manteve a liderança no mercado de administração de recursos com R$ 644,83 bilhões. O destaque ficou por conta dos fundos de previdência aberta, da empresa do grupo, a Brasilprev, que atingiram R$ 158,32 bilhões. Na segunda posição no ranking global de administração aparece o Itaú, com R$ 519,47 bilhões, seguido pelo Bradesco, com R$ 414,22 bilhões. As posições se mantêm inalteradas nos últimos anos, mas com a compra do HSBC, o Bradesco deve se aproximar do Itaú neste segmento.
A BB DTVM continua isolada na primeira posição e mantém a distância dos concorrentes principalmente devido à tendência mais conservadora dos investidores. Como é uma empresa ligada a um banco público, muitos investidores acabam concentrando suas aplicações de renda fixa em títulos públicos na casa. “O mercado tem sido influenciado pela alta volatilidade que prejudicou o desempenho da renda variável, multimercados e estruturados. Com isso, a renda fixa tem predominado nas novas captações”, explica Carlos André, diretor da BB DTVM.
O gestor explica que em um cenário de forte volatilidade tanto investidores institucionais quanto empresas têm preferido fundos mais conservadores de renda fixa. Os clientes de varejo e private também optam por produtos mais tradicionais de renda fixa, reduzindo o efeito da diversificação em produtos mais sofisticados, mais presentes nas assets independentes.

Previdência aberta – A renda fixa também predomina nas aplicações dos planos de previdência aberta. Neste caso, o trabalho do gestor e administrador dos fundos tem sido afetado pelas mudanças na regulamentação – Resolução 4444 do Conselho Monetário Nacional (CMN). Segundo as novas regras, os planos abertos devem se adaptar às orientações de aumento do prazo médio dos títulos de renda fixa. “É um trabalho de aumento da duration, de alongamento das carteiras”, explica Carlos André. O trabalho envolve os prazos de repactuação e de vencimento dos títulos que são trocados por ativos de maior prazo.
Outro segmento que não tem verificado aumento nos volumes de aplicações, mas que aponta uma nova tendência é a de investimentos em fundos no exterior. “Os volumes ainda são baixos, mas a base de investidores tem se ampliado, principalmente entre os institucionais”, comenta o diretor da BB DTVM. O movimento começou com os fundos no exterior oferecidos em parceria com as assets globais aos fundos de pensão locais desde o final de 2013.
No início, o número de fundações que investiam em tais fundos era limitado. Agora, a base de clientes tem aumentado, ainda que o volume tenha permanecido estável. “Vemos que alguns investidores até promoveram resgates totais ou parciais em fundos no exterior, porém verificamos também o aumento de novos entrantes”, diz Carlos André.
Uma novidade agora é que a previdência aberta também poderá oferecer fundos com ativos no exterior para os clientes. A nova resolução de investimentos abriu essa nova modalidades de aplicações no exterior para planos PGBL e VGBL. “Estamos conversando com a Brasilprev para lançar as primeiras opções de planos abertos com opções de aplicações no exterior”, revela o diretor da BB DTVM. Ele conta que ainda não há uma data para o lançamento da nova opção e que deve ser um movimento paulatino assim como ocorreu com os primeiros fundos voltados para entidades fechadas.

Regulação – O trabalho do administrador fiduciário tem passado por um intenso processo de especialização e adaptação devido ao advento de novas instruções que mudam a legislação do setor. As principais delas são as instruções 555 e 558 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). “É um trabalho muito grande de adaptação, temos que chamar inúmeras assembleias para aprovar as mudanças para os fundos de investimentos”, diz Carlos André. Ele acredita que as novas regras promovem o fortalecimento da indústria de fundos devido à maior clareza no papel e segregação de funções nas empresas.
“Antes atuávamos como uma única função. Agora temos que segregar as funções de gestão e administração de forma mais clara, com divisão de responsabilidades estatutárias”, explica o diretor da BB DTVM. O gestor explica que eles já realizavam a segregação internamente, mas que agora terão que fazer formalmente para o órgão fiscalizador. Com isso, o próprio Carlos André deve deixar de ser o único responsável legal pela administração e gestão, ficando agora só com esta última. Já a administração ficará a cargo de Adílson do Nascimento Anísio. A BB DTVM deve completar essas mudanças nas próximas semanas.

Mudanças entre os dez maiores – Se nas primeiras posições do ranking de administração não houve grandes mudanças, nas posições seguintes ocorreram algumas movimentações. A principal foi a ascensão da Intrag, que é uma empresa do grupo Itaú, que subiu da décima posição no final de 2014, para a sétima posição. Na sexta posição, a BEM, que é uma empresa do grupo Bradesco, continuou com a mesma colocação, com R$ 176,58 bilhões. Com isso, BTG Pactual, BNY Mellon e HSBC perderam uma posição cada um. As três instituições tiveram queda no volume de recursos administrados em comparação com o final de 2014.
A queda mais expressiva ficou com o BTG Pactual, que fechou em março de 2016 com R$ 93,30 bilhões. Já o BNY Mellon fechou com R$ 90,60 bilhões, segundo dados da Anbima. Parte da queda do BNY Mellon é explicada pela revisão do serviço de administração oferecido para fundos estruturados. “Estamos reavaliando a prestação de serviço de adminstração para fundos estruturados. Estamos atuando com maior parcimônia nos novos processos de seleção”, diz Carlos Augusto Salamonde, CEO da área de asset servicing do BNY Mellon. O executivo explica que a empresa tem atuado com maior rigor neste segmento devido à complexidade dos produtos estruturados, em referência aos FIDCs, FIPs e FIIs. “Os fundos da instrução 555 são menos complexos, temos priorizado esse segmento e atuado com maior cautela em relação aos estruturados”, diz Salamonde.