Edição 136
Estudo produzido pela Risk Office mostra que os fundos de investimento dos gestores independentes conseguem, em geral, uma performance acima da média do mercado para os produtos mais agressivos, mas ficam na média ou até abaixo dela quando de trata de produtos mais conservadores. O estudo da Risk Office comparou os fundos de investimentos dos gestores independentes com a mediana de todos os fundos da mesma categoria de risco, para avaliar como era seu desempenho relativo nos períodos de 12 e 14 meses em relação ao resto do mercado. “Nossa conclusão é que a performance dos independentes é melhor quando se trata de fundos mais agressivos”, sintetiza o responsável pelo estudo da Risk Office, Maurício Sforcin.
A diferença, entretanto, não é muito visível a partir dos números da tabela que apresentamos na página seguinte. Até porque, como muitos fundos de gestores independentes não se enquadravam no período mínimo de análise, de 12 e 14 meses, acabaram ficando de fora da pesquisa. Mas, dos que foram analisados, os resultados mostram uma vantagem em relação à mediana para os independentes classificados na faixa de maior risco.
Na Renda Fixa, o desempenho dos fundos de independentes foi superior à mediana nas categorias de Volatilidade Média Baixa, Média, Média Alta e Alta. Na categoria de Volatilidade Baixa e de CDI Passivo de EQM, o resultado foi péssimo. Na renda variável, os resultados são um tanto confusos, pois os independentes destacaram-se mais no Ibovespa sem Alavancagem do que no Ibovespa Alavancado, embora em nenhum dos dois tenham tido um resultado excelente. Foram bem nos fundos Ativos IBX e nos Fiex, mas ficaram apenas na média nos Cambiais e nos fundos de renda variável que não se enquadraram em nenhuma classificação da Risk Office.
A explicação para esse relativo sucesso nos fundos de maior risco é o histórico dessas empresas gestoras. Formadas, em geral, a partir da experiência de profissionais especializados que deixaram assets de maior porte, elas optaram desde o início por concentrar sua atuação em produtos bem focados e que exigissem gestão especializada. Dessa forma, os menores volumes de captação poderiam ser compensados por taxas de administração mais atraentes.
Uma olhada nos mapas dos fundos dos gestores independentes mostra que, em geral, eles não possuem um patrimônio líquido muito elevado. Entretanto, suas taxas de administração são mais altas que a média do mercado, por conta da gestão ativa que geralmente oferecem. “O independente deixa o feijão com arroz para os bancos de rede e busca atuar mais em produtos focados, de gestão ativa”, diz o diretor da Dynamo Administração de Recursos, Bruno Rocha.
A Dynamo administra um dos mais antigos fundos de ações do mercado, o decano Cougar (completa 10 anos em setembro próximo). Nesses quase 10 anos (1º de setembro de 1993 a 31 de maio de 2003), o Cougar rendeu IGP mais 28,4% ao ano, ou dólar mais 29,2% ao ano. “Nossa estratégia é fundamentalista, selecionamos as ações de acordo com o histórico da companhia, dos seus executivos e dos preços dos papéis no mercado”, explica Rocha. “Costumamos ter uma carteira formada por 20 a 25 ações no Cougar, que ficam com a gente por um período de três a quatro anos”, explica.
No estudo da Risk Office, o Cougar aparece com uma valorização acumulada de 119,77% e 159,29% do Ibovespa no acumulado de 12 meses e 24 meses, respectivamente, até 30 de maio último. “O desempenho de um fundo se mede pelo seu histórico de longo prazo, e nisso o Cougar é imbatível”, diz Rocha. “Períodos muito curtos podem refletir sorte ou azar, simplesmente, enquanto períodos mais longos refletem a capacidade do gestor”.
O diretor comercial da GAP Asset Management, Francisco Correa da Costa, concorda com a conclusão da Risk-Office de que, em geral, os gestores independentes tem desempenho melhor nos fundos de maior risco. “Em geral, faz sentido afirmar que os bancos de rede são mais competitivos em produtos ‘commoditizados’, que dependem de altos volumes para dar melhor performance, enquanto os gestores independentes são mais competitivos em produtos de maior risco, onde a gestão faz a diferença”, diz Costa.
Um dos fundos da empresa, o GAP Hedge FIF, obteve rentabilidade de 116,00% e 112,56% do CDI no acumulado de, respectivamente, 12 meses e 24 meses até 30 de maio. A Gap, com sete anos de mercado, administra quatro fundos abertos e possui um patrimônio de R$ 1,1 bilhão.