Em busca de institucionais | S3 Caceis quer ampliar a faixa de cl...
Edição 356
A S3 Caceis, empresa de custódia do grupo Santander, manteve neste ano a quinta posição do ranking de março divulgado pela Anbima, com participação relativa de 5,14% do mercado total e de 5,33% quando se considera apenas o mercado doméstico. Para manter a posição a S3 tem registrado a média de um novo cliente por mês ao longo dos últimos dois anos, atingindo o número de 1.646 portfólios sob custódia. No ano passado, foram R$ 4,5 bilhões em mandatos de novos clientes. “Em 2022 também crescemos 18% na prestação de serviços para clientes terceiros, quase três vezes mais do que cresceu esse mercado”, afirma Joaquin Alfaro Garcia, presidente da S3 Caceis.
Surgida em 2019 da união do Santander Securities Service com o grupo europeu Caceis, a S3 Caceis nasce com forte presença global e investimentos constantes em novas tecnologias e capacidades. “Nos últimos cinco anos temos investido 30% dos lucros em tecnologia, reforçando automação e conectividade. Além disso, temos um cronograma de entregas que é customizável para os gestores”, diz Alfaro. A flexibilidade e a rapidez, características que são cada vez mais vitais para os serviços de custódia, estão na lista de diferenciais também, assim como o esforço do banco para ficar mais próximo do mercado doméstico e suas necessidades, como a adequação aos dois normativos que entram em vigor este ano: o CNPJ por plano e a Resolução CVM 175. “Todos os processos de adequação dos fundos de pensão ao CNPJ por plano já estão programados e, no caso da Resolução 175, entendemos que haverá impacto para administradores fiduciários e gestores dos fundos, mas seguimos acompanhando com eles esse processo e fazendo planos para a migração dos fundos para a nova regra”, explica.
Em 2023, ano que ainda é de difícil navegação no mercado pelos investidores, o banco quer também ampliar sua base de clientes institucionais, que hoje responde por 10% dos serviços de custódia. “Estamos trabalhando nesse sentido, com uma maior oferta inclusive para os RPPS e há propostas em avaliação que podem somar o valor de R$ 5 bilhões apenas para esse público”, informa. Os RPPS estão no radar por conta de suas expressivas carteiras de títulos públicos, o que fez a instituição reforçar principalmente a oferta de serviços na parte de elaboração de relatórios. Ao todo, as propostas em discussão para novos clientes institucionais, incluindo ainda quatro seguradoras, chegam a R$ 23 bilhões.
Ao mesmo tempo, e para atender a todos os segmentos de investidores, há um olhar especial para a plataforma tecnológica. A intenção é torna-la cada vez mais acessível para que os clientes extraiam os dados de que precisam em diversos formatos. “A plataforma é importante para todos os investidores porque hoje eles estão contratando gestores mais complexos, que alocam em classes de ativos mais sofisticadas, e nós estamos acostumados a trabalhar com esses gestores, inclusive nos fundos off-shore e fundos de fundos (FoFs)”, afirma.
No mercado externo, a prestação de serviços para não-residentes tem crescido no banco e o seu sistema está pronto há quase dois anos. “A nossa aposta agora é forte porque os fluxos de recursos para o Brasil seguirão em alta e será fundamental a nossa experiência global na oferta de serviços para esse público”, acredita. A casa já ganhou dois novos mandatos de grandes investidores institucionais internacionais este ano e trabalha para colocar em pé os ativos desses clientes na plataforma.
A possibilidade trazida pela Resolução 175, que prevê criar classes e subclasses nos fundos de investimento, assim como o projeto para permitir a portabilidade da custódia, trazem a necessidade de adaptação dos sistemas dos prestadores de serviços. “Mas já há essa estrutura de classes e subclasses na Europa e temos esse conhecimento global, que é mais um fator a nos ajudar neste momento de mudança regulatória no Brasil”, avalia.
Em ano desafiador para a indústria de fundos de investimento, o BNY Mellon registrou queda no volume sob custódia, em linha com o impacto da captação negativa dos fundos, explica Peterson Paz, head de operações do Brasil e co-head de asset servicing para América Latina. Mas manteve a trajetória de crescimento em custódia e controladoria para administradores terceiros, que atingiu 353 fundos em março deste ano contra 112 em março de 2022. “Foi um crescimento expressivo nos fundos de administradores terceiros mas ainda assim é menor do que o número de fundos para os quais fazemos tudo”, diz. Ao todo, a instituição tem um portfólio de 2.907 fundos para os quais faz custódia.
Apesar da queda no volume total de fundos, o número de operações de liquidação nos fundos sob custódia é 26% superior ao de março do ano passado. O aumento do número dessas operações exigiu investimentos em tecnologia para fazer mais liquidações na mesma janela. “Continuamos a investir em tecnologia para esse serviços, para estarmos cada vez mais conectados às clearings e demais agentes. A B3 tem um plano agressivo, um road map para dar escalabilidade a esse mercado e estamos alinhados a ele, mas também procurando nos conectar com outros participantes do mercado”, informa Paz. Como exemplo, ele destaca a preocupação em manter uma linha de acesso direto aos gestores dos fundos sob custódia da instituição, o que assegura uma comunicação rápida, sem passar pelo administrador do fundo. “O administrador precisa saber o que acontece mas, para alguns assuntos específicos damos acesso direto ao gestor”, diz.
Com um volume total de US$ 46,6 bilhões sob custódia no mundo, o banco aposta em seu diferencial de acesso aos mercados globais como um dos fatores de atração de fundos locais para investirem no segmento de dívida corporativa lá fora. “Tem começado a aumentar a demanda por essa classe e pelo acesso à diversificação internacional, ainda que uma fração dos fundos não seja carimbada como de investimento no exterior. O fundo local que está sob nossa custódia tem acesso ao mercado global”, afirma. No mercado de crédito local, depois dos eventos com os bancos dos EUA do início deste ano, ele avalia que o pico desse impacto já passou, mas deixou como resultado a maior volatilidade. “Seguimos com um olhar ainda mais cuidadoso para a precificação desses ativos, que exige o dobro da atenção”, diz.
Em 2023, o objetivo da instituição é manter o ganho de escalabilidade e ter cada vez mais conexão com clearings, administradores e demais parceiros, além de dar acesso crescente ao mercado global para os investidores. Para os fundos de pensão que centralizam administração e custódia no banco, a adequação das estruturas de investimento à Resolução CNPC 46, que trata do CNPJ por plano, é a principal urgência neste momento. Segundo Paz, a migração já foi feita para 70% da base de clientes.
O processo de migração, ainda que tenha sido trabalhoso e desafiador, foi mais tranquilo do que se imaginava, diz Paz. “Falamos com os fundos de pensão desde o ano passado sobre isso, procurando antecipar suas necessidades diante do novo desenho porque eles podem inclusive aproveitar essa mudança para criar novos planos de benefícios, fazer migrações entre os planos, e uma série de outras alterações e nós temos capacidade para fazer a conversão”, afirma.
As mudanças trazidas pela Resolução CVM 175, por sua vez, significam maior alinhamento ao que se vê no mundo e colocam o gestor como prestador de serviços essenciais ao lado do administrador fiduciário, o que reflete melhor a realidade do mercado, analisa Paz. “A relação fica mais balanceada e melhor equilibrada, até porque o papel do gestor é muito maior do que a atual regulação (CVM 555) define e nos alinha mais ao mundo, mas isso vai demandar muito trabalho também”, enfatiza.
O banco tem se preparado desde 2021 para essa mudança e já havia definido o seu orçamento de 2022 prevendo a adequação à nova norma, que ainda estava em audiência pública. Os investimentos incluíram a necessidade de desenvolver documentos e discussões de fluxos, por exemplo. “Começamos lá atrás a montar o esqueleto da nova estrutura e depois, quando saiu o documento de Perguntas e Respostas da CVM, passamos a nos adequar à nova relação com o gestor, que agora será de paridade”, diz. Ele diz que, embora algumas responsabilidades do administrador passem para o gestor, do ponto de vista operacional não haverá redução do volume de atividades.
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