Edição 105
Cerca de 70% dos 50 maiores fundos de pensão classificados pelo TOP Atuarial já escolheram as instituições financeiras que farão os serviços da custódia dos seus ativos. Agora, estes passam por um processo de implantação dos sistemas, com migração dos ativos, adaptação e integração entre os sistemas do banco e da fundação, tarefa que leva de 30 a 60 dias para ser implementada.
Entre os fundos de pensão de médio e pequeno porte a corrida também é grande para a finalização do processo de seleção da custódia centralizada. Segundo o diretor de custódia do BankBoston, Fernando Brasileiro, o prazo até o final do ano é “factível” para que as fundações de menor porte finalizem a escolha e a implantação dos sistemas. “Mas será preciso um grande esforço para cumprir os prazos”, alerta.
Brasileiro observa que tem encontrado uma grande complexidade em algumas fundações para colocar os serviços em funcionamento com as qualidades exigidas pela Resolução 2829. Existem fundações, por exemplo, com patrimônio de R$ 30 milhões que operam com 23 gestores (média pouco superior a R$ 1 milhão para cada gestor), o que dificulta o processamento e a centralização das informações.
Para o diretor do Citibank, Pedro Guerra, as fundações com patrimônio entre R$ 20 milhões e R$ 30 milhões sentirão maior dificuldade para centralizar sua custódia não tanto pelo prazo, mas pelos custos. Segundo ele, para os bancos o trabalho e as taxas cobradas são os mesmos para custodiar R$ 30 milhões ou R$ 1 bilhão, enquanto para as fundações de menor porte os custos acabam saindo proporcionalmente maiores. Guerra afirma que tem fundação de menor porte estudando a migração para fundos multipatrocinados como alternativa a esse problema.
Os fundos de pensão estão agilizando a escolha de seus custodiantes e a implantação dos serviços antes de dar início ao desenvolvimento da sua política de investimentos. A Secretaria de Previdência Complementar (SPC) determina que ela esteja pronta até o final deste ano.
Os fundos de pensão já se preparam também para a escolha dos auditores independentes de gestão e atuarial. As fundações têm até o final deste ano para escolher o auditor de gestão e prazos escalonados de acordo com o seu patrimônio, que vão de junho a dezembro de 2002, determinados pela SPC, para a escolha do auditor atuarial.
Confira abaixo, os principais contratos efetuados no mês de setembro e a implantação de contratos fechados anteriormente.
• Ceres
O Santander foi o banco vitorioso no processo de seleção de custódia do Ceres, fundo de pensão dos funcionários da Embrapa e o total de ativos custodiados foi de aproximadamente R$ 500 milhões. A fundação assinou o contrato no início de outubro e inicia as instalações do sistema ainda na primeira quinzena deste mês. Além dos serviços de custódia, o Santander será o responsável pelos serviços de cálculo de cotas e de rentabilidade e a precificação das cotas por carteira, ou seja todo o serviço de controladoria e back office. A fundação Ceres faz um serviço de segmentação dos ativos com a sua respectiva mensuração das quantidades das cotas distribuídas por carteiras e por planos. A fundação ocupa a 33ª posição no ranking Top Atuarial, com total de R$ 774 milhões no final de dezembro de 2000 e R$ 854 milhões no final de agosto deste ano, segundo dados da fundação.
• Forluz
Desde 12 de setembro, a Forluz, fundo de pensão dos funcionários da Cemig, está operando com o Banco Itaú como seu agente custodiante. Segundo o gerente de investimentos da fundação, Rodrigo Barata, foi decisiva a opção pelo Itaú, “por ser o maior e o mais experiente” no segmento de custódia no mercado brasileiro. “A parceria do banco com o gigante State Street – o maior na área de custódia no mundo, com US$ 5,8 trilhões de ativos, dos quais US$ 1,8 trilhão de fundos de pensão dos Estados Unidos – estimulou para que o contrato fosse selado”, diz o gerente de investimentos da Forluz.
Os ativos da Forluz agora centralizados no Itaú somam R$ 2,2 bilhões. A fundação contratou apenas o serviço de custódia do banco, já que os serviços de controladoria são feitos pela empresa YMF e a análise de risco e a gestão da carteira é feita internamente. Participaram do processo de seleção da custódia centralizada também o ABN AMRO, Banco do Brasil, Bradesco, Citibank, HSBC, Santander e Unibanco.
Concluídas as instalações da custódia, a Forluz inicia o processo de escolha do auditor independente de gestão.
• SarahPrev
Está em fase de implantação, desde o final de setembro, a custódia centralizada no fundo de pensão Sarah Previdência, dos empregados da Associação das Pioneiras Sociais. A fundação assinou, no início de setembro, com o banco Itaú, o vencedor da licitação, para custodiar ativos de aproximadamente R$ 60 milhões. A Sarah Previdência contratou também os serviços de controladoria do Itaú. Participaram do processo de seleção também o ABN AMRO, Bradesco, Citibank, HSBC, Santander e Unibanco.
• Usiminas
A Caixa dos Empregados da Usiminas, fundo de pensão dos funcionários da siderúrgica mineira, fechou contrato com o Citibank, em julho, para a realização de custódia dos seus ativos. O patrimônio do fundo de pensão dos funcionários da Usiminas é de cerca de R$ 880 milhões, o que a coloca em 31º lugar em ativos, segundo dados do Top Atuarial editado pela Revista Investidor Institucional.
• Bandeprev
O ABN AMRO foi escolhido pelo Bandeprev, fundo de pensão dos funcionários do Banco Estadual de Pernambuco (Bandepe), para custodiar os ativos da carteira de investimentos. Para escolher o custodiante central, foram analisados os serviços do Santander e dos atuais cinco gestores de recursos da fundação (o próprio ABN AMRO, o Citibank, o Itaú, o HSBC e o Unibanco).
Segundo o diretor superintendente do Bandeprev, Evandro Couceiro Costa Junior, além do perfil de cada instituição foi avaliado os custos de cada uma. “Os serviços são bastante semelhantes. O que difere uma instituição da outra são os custos”, diz, acrescentando que também pesou na escolha do ABN AMRO a experiência internacional do banco neste segmento. O ABN, aliás, mantém uma associação com o banco norte-americano Mellon Bank na área de custódia.
O total a ser custodiado é de cerca de R$ 500 milhões. Bastante conservadora, a carteira da fundação tem cerca de 94% dos recursos aplicados na renda fixa, porque o plano já está em sua fase mais madura, com maior parcela de pagamento de benefícios. São 718 funcionários ativos e 1620 assistidos.
• Fibra
O Banco Itaú foi o escolhido pelo fundo de pensão dos funcionários da Itaipu binacional, o Fibra. A implantação dos sistemas do banco dentro da fundação já começou em meados de setembro e a expectativa é de que até o final da primeira quinzena de outubro o serviço esteja em pleno funcionamento.
Segundo o gerente do núcleo de aplicação e investimentos da fundação, Augusto Janiszewski, para bater o martelo pelo Itaú foram decisivos o volume que o banco administra – o maior entre os demais custodiantes (ver quadro na página 24) –, a experiência do banco na área de custódia e o preço. “Os serviços prestados foram os que mais se ajustaram ao modelo da nossa carteira”, diz Janiszewski.
A fundação passou para a custódia do Itaú aproximadamente R$ 500 milhões. Dos recursos da fundação 75% estão alocados na renda fixa e 15% na renda variável. Os gestores do Fibra são os bancos ABC Brasil, o BNP Paribas e o Safra.
• Fundação CRT
A fundação dos funcionários da Companhia Riograndense de Telecomunicações (FCRT) fechou, no início de setembro, com o Santander a contratação dos seus serviços de custódia, cujos ativos somam R$ 500 milhões.
A fundação pretendia concluir a implantação dos sistemas até o final de setembro, segundo o gerente de investimentos, João Laurino. E, para simplificar os serviços de custódia e de controladoria, o fundo de pensão dos funcionários da CRT preparou uma redução dos seus fundos de investimentos, num processo de troca e escolha de novos gestores que levou 18 meses. Com isso, reduziu o número de fundos abertos, que somavam 16, para apenas 5 fundos exclusivos.
• Celos
Em processo final de seleção do custodiante central, o fundo de pensão dos funcionários da empresa Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) deverá decidir-se entre o Citibank, Itaú ou Santander. Os ativos a serem custodiados alcançam R$ 500 milhões. A fundação Celos está ainda em processo de remanejamento para reduzir o número de fundos de investimentos, que hoje somam 28 abertos. A proposta é manter seus recursos apenas em fundos exclusivos.
De acordo com o gerente de investimentos da Celos, Zumar Pedro Pereira, a decisão de operar apenas com fundos exclusivos tem como objetivos reduzir os custos dos serviços de controladoria, embutidos no pacote dos bancos, e facilitar a consolidação da carteira. Cerca de 30% do patrimônio da fundação está em renda variável e os restantes 70% estão alocados na renda fixa.
• Cifrão
O Dreyfus Brascan vai centralizar os serviços de administração e back office e consolidação dos ativos do fundo de pensão da Casa da Moeda (Cifrão). O Dreyfus, que está se especializando na prestação de serviços de administração de ativos, back office e controladoria, utiliza os serviços de custódia do BankBoston. “A centralização dos serviços no Dreyfus reduz os custos da fundação, que faz o pagamento apenas para esse banco administrador dos recursos”, explica o diretor financeiro da Cifrão, Ricardo Valle Bittencourt.
De acordo com ele, o Dreyfus vai consolidar a carteira por meio de um FAC, que abriga quatro FIFs exclusivos. O banco será responsável, ainda, pelos serviços de análise do risco da carteira da fundação e assumirá o papel de adviser, dando aconselhamentos sobre a gestão e política de investimentos.
O total de ativos da fundação chega a R$ 62,3 milhões, deixando-a na 148ª colocação no ranking Top Atuarial desta Revista.