Edição 230
Gestores de recursos que trabalham com estratégias mistas (renda fixa, variável e outros) estão registrando aumento das captações de recursos provenientes das seguradoras. Uma parcela maior dos recursos estimados em US$ 1,5 trilhão que as companhias seguradoras dos Estados Unidos terceirizam com as assets está migrando para estratégias com maior risco.
Entre as assets que estão registrando maior movimento estão a BlackRock, a AllianceBernstein, a Wellington Management e a AQR Capital. Imediatamente após a crise financeira de 2008, as seguradoras procuraram migrar para os fundos que realizavam gestão passiva como uma tentativa de conseguir uma maior proteção na renda variável. Agora, as companhias estão buscando melhores oportunidades de ganhos no segmento. “As seguradoras estão adotando estratégias mais ativas, que consideram o risco e a volatilidade como parte do desenho do produto”, confirma Brian Thorp, gerente comercial de clientes institucionais da Invesco. Segundo Michael Saliba, diretor da BlackRock, de 75% a 80% das negociações com esse segmento de clientes giram em torno de estratégias que podem assumir maior risco com a renda variável.
O aumento na demanda por investimentos de maior risco é um efeito da crise financeira de 2008, quando as seguradoras enfrentaram grandes perdas. Para recuperar essas perdas, as companhias estão admitindo realizar uma gestão mais ativa, com a incorporação de maior risco, reforça Marie-Laure Chandumont, gerente do grupo Barclays Capital Solutions.
Especialistas com experiência no mercado dizem que as seguradoras estão adotando uma variedade de abordagens: algumas estão mudando o mandato das carteiras, e outras estão buscando novos sistemas de controle de risco para mudar o perfil de seus investimentos. Em comum, as estratégias compartilham o objetivo de buscar maiores ganhos, ao mesmo tempo em que procuram compensar os riscos com melhores garantias nos fundos e papéis.
Uma das líderes do mercado, a Prudential Financial, foi pioneira no uso de programas de gestão que visam limitar os picos de volatilidade das carteiras. Os programas ajudam a realizar o controle de risco quando a gestão chega perto dos limites definidos previamente. “Nós somos grandes defensores do conceito de deixar nosso clientes e consultores selecionarem a alocação dos recursos, com um mecanismo que permite ao cliente realizar os ajustes necessários de acordo com as condições do mercado”, aponta Bruce Ferris, vice-presidente senior da área comercial e de distribuição da Prudential.
Salto – Tamiko Toland, diretora da MetLife em Nova York, afirma que os gestores mais bem preparados em estratégias de multimercados estão levando vantagem na captação de recursos entre as seguradoras. Uma das assets selecionadas para realizar a gestão terceirizada da seguradora foi a AllianceBernstein.
A gestora confirma a contratação por parte da MetLife e diz que outras quatro companhias seguradoras a contrataram para realizar a gestão de carteiras com mandatos específicos de renda variável. A asset lançou um novo programa de gestão de recursos no ano passado que foi responsável pelos novos contratos. Além da Metlife, as outras seguradoras que contrataram o novo programa da Alliance foram a AXA Equitable Life, o Ohio National e a SunLife Financial-Transamerica.
Durante o ano passado, a gestora captou cerca de US$ 1 bilhão de recursos para a renda variável. Michael Hart, diretor-gerente da AllianceBernstein, conta que o salto foi propiciado pela decisão tomada no início de 2009 de a empresa colaborar com as companhias de seguros em serviços atuariais e desenho de produtos. O objetivo foi promover a elaboração de produtos que considerassem o controle de risco em seus desenhos.
Michael Saliba, da BlackRock, também confirma que está registrando aumento da captação de recursos de seguradoras para mandatos com maior risco. Ele informa que a asset captou em 2011 “aproximadamente US$ 2 bilhões em novos mandatos com soluções de risco baseadas em gestão ativa de recursos”.
Já a Invesco foi contratada por companhias como a Pacific Life e a Protective Life para realizar a gestão de investimentos com uma estratégia de risco em renda variável. A captação para esse tipo de estratégia dobrou no ano passado, chegando a US$ 130 milhões, apesar de continuar sendo uma pequena fração de suas carteiras, que somam US$ 26 bilhões em ativos globais de renda variável.
Brian Thorp, diretor comercial da Invesco, comenta que a asset registra uma procura cada vez maior das seguradoras interessadas em terceirizar a gestão de carteiras de renda variável. Por isso, ele acredita que a gestora pode aumentar a captação nesse segmento nos próximos meses.