Ostrasprev esbarra em limites | Instituto de Rio das Ostras (RJ) ...

Leonardo Vasconcelos Rosado, do OstrasprevDesempenho OstrasprevEdição 256

 

Bem que o regime próprio de Rio das Ostras, município do estado do Rio de Janeiro, tentou mas não foi possível atingir a meta atuarial em 2013. O resultado nem foi tão ruim, de 6,22% de rentabilidade global, contra uma meta de 11,20% (IPCA mais 5% ao ano). Nada mal para um ano em que os institutos de previdência dos servidores penaram com o desempenho péssimo dos fundos da família IMA, que concentram a maior parte dos recursos desse tipo de investidor. Segundo o diretor administrativo e de investimentos do Ostrasprev, Leonardo Vasconcelos Rosa, não fossem as restrições impostas pela resolução de investimentos 3922, que regula o segmento, a meta seria atingida mesmo em um ano adverso como foi 2013.

“Pedimos aos Ministério da Previdência para exceder os investimentos em algumas modalidades que tinham melhores perspectivas, mas a resposta foi negativa”, diz Rosa. Ele explica que o ministério acenou com a possibilidade que os limites sejam flexibilizados a partir da implantação de um projeto que vai classificar os regimes próprios em distintos níveis de governança corporativa. De acordo ao novo sistema, os institutos com melhor classificação terão maior autonomia para aumentar determinados limites de investimentos. “O problema é que ainda não há um prazo para que a mudança seja aprovada e, por isso, estamos com poucas opções”, comenta Rosa.
Um exemplo de limitação é a modalidade de fundo de crédito privado, que pode chegar a no máximo 5% do patrimônio do regime próprio. Com patrimônio de R$ 200 milhões, o Ostrasprev já chegou próximo do limite nesta modalidade, com uma aplicação no fundo BTG Multimercado Crédito Corporativo I. “Alguns fundos de crédito privado apresentam performance adequada à meta atuarial com consistência em seu histórico, com baixo risco de crédito”, diz o diretor do Ostrasprev. No caso do fundo do BTG Pactual, o dirigente analisa como ponto positivo a diversidade de emissores e de ativos da carteira.
Fenômeno semelhante ocorre com a modalidade de Fidcs (Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios). O regime próprio de Rio das Ostras também está próximo do limite da regulamentação, neste caso, de 10% do patrimônio. O instituto selecionou o Fidc do BMG em parceria com a Caixa Econômica. “Também analisamos que alguns Fidcs do mercado tinham boas perspectivas de rentabilidade com perfil de risco adequado, mas também já estávamos perto do limite”, diz Rosa. Um desses fundos foi o Fidc da Casan (Companhia de Águas e Saneamento de Santa Catarina), com gestão também da Caixa Econômica. O fundo apresentava expectativa de rentabilidade de IPCA mais 8% ao ano.
Mesmo com as restrições da regulamentação, a equipe de investimentos do RPPS de Rio das Ostras não ficou parada. Com os fundos de renda fixa, foi promovido um encurtamento da “duration” da carteira. “Privilegiamos os fundos com duration mais curta, como os produtos indexados ao IMA-B 5, Idka e Irfm1. Vimos que a diversificação é um dos pontos-chave para fugir da alta volatilidade”, comenta Rosa. Atualmente, o Ostrasprev tem 48% da carteira total de investimentos alocada em fundos da família IMA. Outra modalidade privilegiada no ano passado foi a dos fundos DI, que já concentra quase 30% do patrimônio do fundo, também neste caso, próximo do limite permitido pela Resolução 3922.

Marcação na curva – Outra restrição imposta aos RPPS é a impossibilidade de utilizar o sistema de marcação na curva para os ativos. “Estamos vendo as NTN-Bs com taxas reais acima de 6,5%, mas não podemos nos beneficiar da abertura das taxas”, afirma o diretor do regime próprio. Em caso de aquisição das NTN-Bs, o instituto teria necessariamente que utilizar a marcação a mercado, o que poderia agravar ainda mais os resultados da carteira. É justamente o que muitos fundos de pensão (entidades fechadas) estão fazendo nos últimos meses: entrando nos leilões de NTN-Bs e marcando os títulos na curva, como forma de garantir a superação de suas metas atuariais.

No caso do regime próprio de Rio das Ostras, a meta atuarial já foi reduzida para IPCA mais 5% ao ano. Portanto, os títulos marcados na curva estão bem acima da meta. O plano de benefícios tinha uma meta de 6% ao ano até 2009, quando houve a primeira redução, para 5,5%. A meta foi cortada novamente em 2013, quando foi para 5% ao ano. O corte da meta foi realizada graças à utilização de superávits de anos anteriores. Em 2012, por exemplo, a rentabilidade global foi de 21,56%, bem acima da meta de 11,66%. O superávit ao final de 2012 contabilizava R$ 14 milhões.

Fundo de BDRs – Uma das opções analisada para 2014 é a entrada em um fundo de BDRs (Brazilian Depositary Receipts) da Caixa Econômica. O fundo é enquadrado na modalidade de fundo de ações, no qual o regime próprio ainda tem espaço para investir. “Estamos avaliando o fundo de BDRs, que é uma opção adequada para o primeiro semestre deste ano, mas depois deve perder atratividade”, prevê Rosa. Ele reforça que o momento adequado para entrada é até o mês de abril ou maio, pois ainda existe uma tendência de valorização do dólar, o que deve beneficiar este tipo de aplicação.

Como cenário, o dirigente do instituto de previdência acredita que existe uma tendência de redução do rating do Brasil, com baixo crescimento da economia do país. Por isso, a política de investimentos para 2014 vai privilegiar as alocações mais defensivas, como por exemplo, os fundos atrelados ao CDI.