Edição 251
Na contramão da recente corrida pela diversificação e pelas apostas de valor em renda variável, o Instituto dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg) prevê um novo semestre focado em oportunidades de compras de NTN-Bs. A entidade que no fim de junho já aplicou cerca de R$ 150 milhões em títulos do Tesouro Nacional defende a renda fixa como principal garantidora de rentabilidade para a instituição mesmo em tempos de juros reais mais baixos.
“A composição conservadora do portfólio sempre nos trouxe resultados eficazes para alcançar a meta atuarial e não irá sofrer alterações. Assim blindamos a carteira e corremos menos riscos”, explica o diretor de previdência do Ipsemg, Marcos Vinícius de Souza. Desde que chegou ao regime próprio, há oito anos, ele conta que foi com essa estratégia que viu o patrimônio da instituição saltar de praticamente zero em 2006 para os atuais R$ 3 bilhões.
Souza afirma que essa volta aos leilões federais foi precedida de uma avaliação de quantos títulos deveriam ser adquiridos e quais as taxas. Desde o segundo semestre de 2012 que a entidade não havia investido em papéis do Tesouro. “Tínhamos encontrado nas alocações de curto prazo, como os fundos DI [atrelados aos Certificados de Depósito Interbancário], uma saída para o período de análise de alocação mensal de novos recursos, mas foram os FIDCs [Fundos de Investimento em Direitos Creditórios] que se destacaram e bateram com folga nossos objetivos”, diz.
Mesmo com os títulos figurando como a maior parte dos investimentos, foram os FIDCs que puxaram os ganhos do RPPS em 2011 e 2012, quando a rentabilidade atingiu os 12,54% e 12,19%, respectivamente. O diretor cita como produtos e gestores de destaque o FIDC Cedae, que atrelado ao pagamento das contas de água da Companhia Estadual de Águas e Esgotos rendeu IPCA mais 8,5%, e outro do BTG Pactual, que baseado em dívidas de financiamento da rede de lojas de departamento apresentou rendimento de IPCA mais 7,10%.
A decisão de não se expor ao risco é tida como acertada pelo dirigente, que acredita na espera por uma janela de oportunidade mesmo que a opção temporária renda menos que o esperado, como são os casos de alguns fundos de renda fixa e DI. Fazem a gestão destes fundos abertos: Caixa Econômica Federal, Itaú, Bradesco, Votorantim, HSBC, Safra, BDMG, Santander e BTG Pactual.
“Nosso comitê de investimentos analisa mensalmente quanto deve ser alocado em cada fundo de acordo com a legalidade e enquadramento do produto, com o alinhamento da estratégia da asset com o do instituto, com uma avaliação da volatilidade e rentabilidade” diz. O dirigente explica que não pretendem entrar em fundos de ações ou outras modalidades de investimento no curto prazo.
Limites e Equipe – Mesmo na modalidade mais “alternativa” de retornos ao Ipsemg, os FIDCs, o momento é de espera, já que o limite de alocação está próximo do máximo permitido. “Estamos aguardando um aumento do patrimônio para liberar a margem de alocação deste item. É um mercado com boas oportunidades e que poderíamos ter até uma posição maior, a exemplo do que fazem os fundos de pensão”, sugere.
Atualmente uma equipe interna de dez pessoas gerencia a maior parte dos recursos da entidade, que projeta nos leilões de títulos o norte de suas estratégias de alocação. A preparação deste time de profissionais tem sido prioridade na instituição que reconhece na gestão interna o ponto mais forte da administração.