Edição 368
O Instituto de Previdência dos Servidores Públicos de Concórdia (SC) tem apostado na marcação dos títulos públicos na curva para bater a meta atuarial. Se em 2021, o instituto não possuía praticamente nada de NTN-Bs na curva, no final de 2022 essa carteira já representava 40% do patrimônio, que atualmente está em R$ 330 milhões. Atualmente, a carteira própria de NTN-Bs alcança 56% do patrimônio. Mas não são apenas os títulos públicos que garantiram um bom resultado para os ativos do Iprecon-SC que, no ano passado, bateram 140% da meta atuarial. Ativos de maior risco também propiciam um diferencial de desempenho do portfólio.
“A partir de nosso estudo de ALM decidimos migrar grande parte do patrimônio para as NTN-Bs em 2022. Isso foi possível porque as NTN-Bs voltaram a oferecer prêmios bastante atraentes”, diz Diane dos Santos, procuradora e diretora do Iprecon-SC. No ano passado e início de 2024, a ampliação das aquisições diretas de NTN-Bs continuaram em alta, o que fez com que mais da metade do patrimônio ficasse concentrada nesta classe de ativos. E a equipe do instituto pretende continuar apostando na renda fixa, com a alocação tática em fundos DI até pelo menos no primeiro trimestre de 2025.
A taxa média de prêmios da carteira de NTN-Bs é de inflação mais 6,5% com um índice VOL de apenas 1,3%. O retorno médio garante bastante tranquilidade para que a política de investimentos possa buscar ativos de maior risco em outras classes, em especial na renda variável, em FIPs (fundos de participações) e em FIDCs (fundos de direitos creditórios). “A maior parte do portfólio é conservador, mas quando selecionamos ativos de renda variável e investimentos alternativos não temos medo de assumir maior risco em busca de retornos mais atraentes”, comenta a diretora do Iprecon-SC.
As carteiras de maior risco têm a presença de fundos de gestores mais ativos, como por exemplo a Tarpon e a Guepardo na renda variável. O instituto também investe em um fundo de participações do BTG Pactual e um FIDC da Finaxis. “Se for para correr mais risco, preferimos buscar fundos com possibilidade de maior retorno”, indica Diane dos Santos. A concentração nestes ativos não é muito alta.
Atualmente a renda variável representa apenas 4,3% do patrimônio do instituto. Já os FIPs e FIDCs representam alocações ainda menores, mas que garantem um diferencial de retorno para turbinar o resultado global. Ainda há alocações em Letras Financeiras de bancos do tipo S1, com uma taxa média de IPCA mais 7% ao ano.
Ano difícil – Se no ano passado o instituto bateu a meta com grande vantagem, o ano de 2024 não está sendo fácil. O retorno do portfólio andou abaixo da meta até o mês de maio. Mas foi graças ao resultado de junho, que o retorno do fechamento do primeiro semestre praticamente empatou com a meta. “Em junho tivemos um mês muito positivo, que batemos 150% da meta e recuperamos o desempenho abaixo da meta dos primeiros meses do ano”, explica Diane dos Santos. O resultado de junho foi ajudado também porque a inflação veio abaixo do previsto.
A estratégia geral deve continuar mais conservadora até o final deste ano, concentrando esforços para o atingimento da meta atuarial. Depois de enfrentar anos difíceis entre 2020 e 2022, ainda como reflexo do cenário de pandemia, o instituto fez de tudo para ficar acima da meta atuarial no ano passado e também em 2024.
“Não entramos em Bolsa agora. Sabemos que seria uma boa oportunidade, mas preferimos bater meta neste ano. Estamos com todo trabalho focado para bater a meta atuarial em 2024”, diz a diretora do Iprecon-SC. A ideia é direcionar os novos recursos para ativos indexados ao CDI até o início de 2025, para depois começar a migração para fundos de renda variável e outros alternativos. “Acreditamos que vamos surfar com a Selic alta até primeiro trimestre de 2025, à espera da queda dos juros americanos. Daí vamos buscar maior diversificação”, revela Diane dos Santos.
Entradas mensais – O Iprecon-SC tem uma entrada de recursos média de R$ 4,5 milhões por mês ante o pagamento de R$ 2 milhões mensais em benefícios. São 1700 servidores ativos e 600 assistidos. A equipe do instituto é bastante enxuta, contando com apenas quatro servidores. O instituto conta atualmente com o nível 2 da certificação do Pró-Gestão do Ministério da Previdência Social.