IPMB, de olho na Selic | O RPPS de Belém deve tornar sua política...

Edição 359

O Instituto de Previdência dos Servidores Públicos do Município de Belém (IPMB) está acompanhando atentamente a movimentação da taxa Selic, que caiu pela primeira vez em dois anos na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada em agosto. A depender do tamanho dos novos cortes a serem decididos nas três próximas reuniões do órgão, que acontecem ainda neste ano, o instituto deve tornar sua política de investimentos mais agressiva.
Segundo a presidente do IPMB, Edna D’Araújo, atualmente o instituto tem 95,84% de sua carteira de investimentos, que soma um total de R$ 748 milhões, alocados em renda fixa, dos quais mais de 31% são títulos públicos atrelados ao IPCA. “Se o Copom reduzir a Selic num ritmo superior à 0,5 ponto percentual por reunião, vamos começar a migrar para títulos públicos atrelados ao IMA”, afirma Araújo.
Segundo ela, deixar de fazer isso poderia comprometer os resultados da carteira de investimentos do instituto, que tem sua meta atuarial referenciada no IPCA. Neste ano o instituto está com uma rentabilidade acumulada de 8,30% até julho, para uma meta atuarial de 5,85% (IPCA + 4,86%). A expectativa é fechar o ano acima da meta, com folga. “Este ano está bem encaminhado, mas para o próximo, se os juros subirem acima das projeções do mercado, teremos que tomar mais risco na carteira, além de migrarmos para títulos atrelados a IMA”, diz.
Hoje, além dos 31,22% alocados em títulos atrelados à IPCA, o instituto possui 26,71% em IRF-M1, 28,56% em CDI, 4,46% em IRF-M e 4,16% em um multimercado macro, sendo esse último sua aplicação de maior risco. “Todos os economistas que nos visitam dizem que nossa carteira está muito bem apoiada, se o mercado continuar como está estamos tranquilos, só vamos mexer se os juros caírem muito”, diz Araújo.
Ela está à frente do IPMB desde o início de 2021. Indicada pelo prefeito do PSOL, Edmilson Rodrigues, que ganhou as eleições para a prefeitura da capital paraense em novembro de 2020, Araújo é funcionária concursada do instituto desde 2004.

Pró-Gestão – A área de investimentos do instituto está à cargo de Fernando Leite, coordenador financeiro e também coordenador do Comitê de Investimentos do IPMB. Segundo ele, o instituto fechou o ano passado com uma rentabilidade de 10,49%, pouco abaixo de sua meta atuarial de 11,05%. Entre outros fatores que pesaram desfavoravelmente no desempenho das carteiras de investimento do instituto e impediram-no de cumprir a meta atuarial, Leite cita o clima eleitoral do segundo semestre que gerou instabilidade dos mercados e afetou a rentabilidade dos ativos.
Ainda de acordo com Leite, as decisões de investimento do instituto são tomadas pelo Conselho Previdenciário, que equivale ao Conselho Deliberativo de outras entidades, seguindo regras de governança definidas no estatuto. Segundo essas regras, antes de serem enviadas à deliberação do Conselho Previdenciário as propostas de investimento devem ser analisadas pelo Comitê de Investimentos.
Formado por seis membros, todos servidores efetivos e com certificação, o Comitê de Investimentos conta também com uma assessoria externa na área de investimentos à qual recorre sempre que necessita de informações mais especializadas. “As análises das propostas de investimento são bastante discutidas no comitê”, explica Leite.
Atualmente o IPMB está na fase final de obter o Nível 2 do selo Pró-Gestão, concedido pela Secretaria Nacional da Previdência Social, após um planejamento de aperfeiçoamentos dos seus processos de investimentos. O selo chancela os RPPS que possuem boa governança em suas instâncias de decisão, além de transparência e boas práticas.

Dois planos – O RPPS de Belém possui, além do Plano Previdenciário de R$ 748 milhões e que atendem os servidores municipais que ingressaram no serviço público após 1º de janeiro de 2018, também um Plano Financeiro para pagar as pensões de funcionários que já faziam parte do funcionalismo municipal antes dessa data. São pouco mais de 1,4 mil servidores no plano previdenciário (capitalizado) e acima de 13 mil no plano financeiro (que funciona em regime de caixa).
De acordo com Araújo, o plano financeiro conta com aportes mensais da prefeitura da cidade para fazer frente ao pagamento dos aposentados belenenses. Atualmente, esse plano desembolsa cerca de R$ 31 milhões por mês para o pagamento dos segurados, dos quais R$ 14 milhões são aportes mensais da prefeitura.

Composição da carteira do IPMB
Gestão Duration – 31,22%
CDI – 28,56%
IRF-M1 – 26,71%
IRF-M – 4,46%
Multimercado Macro – 4,16%
Ima-B – 3,01%
Ima-B5+ 1,31%
FIDC 0,56%
Fonte: IPMB