Edição 249
O aumento da taxa básica de juros tem provocado uma série de alterações no rendimento de diversas carteiras de renda fixa, sobretudo na família de índices IMA, que acompanham a evolução dos títulos públicos federais. Com a recente elevação da Selic, o IMA apresenta forte volatilidade e desempenho negativo no primeiro semestre de 2013.
Em 2012, quando a Selic atingiu o mínimo histórico de 7,25%, o IMA-Geral cresceu 17,73% no acumulado do período, enquanto em 2013, até maio, com a taxa básica em 8%, e subindo, o índice apresenta queda de 1,18%. “Quanto mais longa a carteira IMA, mais sensível às variações da taxa de juros”, comenta José Eduardo Toledo, economista-chefe da Plena Consultoria de Investimentos.
A aferição do especialista encontra respaldo nos dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Até o quinto mês do ano, o IMA-B 5+, que acompanha a performance dos títulos indexados à inflação (NTN-B), com prazo superior aos cinco anos, recua 8,05%.
Neste momento de turbulência econômica, tanto no âmbito interno como também no externo, os gestores devem focar sua estratégia em preservar seu capital, e deixar a meta atuarial em um segundo plano, avalia Toledo. Com isso, ele recomenda a opção por títulos mais conservadores, como o IRF-M 1, pré-fixados, e os fundos DI, atrelados ao CDI, que acompanham a Selic. “São ativos que não batem a meta, mas que também não tem rentabilidade negativa”.
O caminho para os RPPS é a diversificação de portfólio, recomenda Toledo. O consultor também sugere a análise e alocação em produtos diferenciados de renda variável, fundos multimercados, FIDCs, e Fundos de Participações.
Indaiatuba – Marcos Barce, diretor financeiro do regime próprio de previdência dos servidores municipais de Indaituba (Seprev), já admite que não será possível bater a meta atuarial de 2013, de IPCA mais 6%.
Com cerca de 56% do portfólio, que corresponde a aproximadamente R$ 300 milhões, em ativos vinculados ao IMA-B, índice que apresenta desvalorização de 5,16% no ano, Barce prefere segurar os ativos a realizar as perdas. “Existe a expectativa de que já tenha sido precificada a queda dos papéis, e imagino que nos próximos meses não tenhamos tanta volatilidade”, afirma o diretor.
Os recursos novos que entram na Seprev, no entanto, estão sendo alocados em carteiras de perfil mais conservador, caso dos fundos DI. Também são selecionados alguns multimercados e fundos de ações, mas não daqueles com papéis que fazem parte do Ibovespa, e sim dos que apostam em small caps.
Com uma meta atuarial acumulada em 2013 até maio na casa dos 5,56%, e sem encontrar saídas imediatas na renda fixa ou variável, o diretor da Seprev já olha para 2014. “No ano passado o IMA-B rendeu o dobro da meta atuarial, e agora está devolvendo um pouco. Esse ano a meta será impossível, não há alternativas. Dá para minizar as perdas, mas não dá para buscar a meta, que fica para 2014”, pontua Barce.
Para mitigar os resultados aquém das expectativas, o diretor do Seprev avalia a entrada em um fundo multimercado do BTG Pactual, sem renda variável. É uma fundo mais adequado para esse momento de forte volatilidade, e que aposta em crédito corporativo, com CDBs de bancos como Banco do Brasil e Itaú, e debêntures de companhias de grande porte.
Com cerca de 1,5% de seu portfólio em fundos multimercados, Barce prevê que no médio prazo os 5% limites estipulados para esse tipo de produto tendem a ser preenchidos, o que corresponde a um montante aproximado de R$ 15 milhões. “Por ser multimercado, o fundo pode ter esses papéis de crédito privado, o que gera uma rentabilidade um pouco melhor que o DI”, pontua o diretor do RPPS.