De olho nos regimes próprios de previdência | Asset amplia sua li...

Edição 230

Empenhada em aumentar a representatividade dos investidores institucionais em sua carteira, a Mirae Asset começa a ampliar seu foco. Com o primeiro fundo de ações dedicado ao segmento (Mirae Asset Institucional Ações FIA) tendo completado um ano, a gestora dá início a um processo de diversificação de veículos de investimento voltados para esse público e mira em expandir sua presença entre os regimes próprios de previdência social (RPPS) com a contratação de uma executiva para atender ao nicho e a estruturação de um produto específico para os institutos de estados e municípios.

O fundo é atrelado ao IMA-B, com investimentos em títulos do Tesouro Nacional tipo NTN-B de diferentes durations. “A partir de uma gestão ativa, vamos concentrar os investimentos em pontos na curva de inflação em que acreditamos poder ter maior valor agregado. Nosso objetivo é entregar retornos acima do benchmark”, afirma o diretor-executivo comercial da asset, João Morais.
O fundo foi criado em junho e, ao fim daquele mês, acumulava um patrimônio de R$ 10,7 milhões. Até o momento, o produto opera apenas com capital próprio da gestora. “É um fundo recente. A partir de um certo volume, poderemos retirar essa nossa parte para reinvestí-la”, aponta. O executivo completa que o produto é totalmente aderente à Resolução número 3.992 do Conselho Monetário Nacional (CMN), que rege os regimes próprios, assim como à CMN 3.792, que trata das aplicações dos fundos de pensão.
Também em junho, foi contratada Paula Lima, incumbida de apresentar os serviços de gestão da asset aos regimes próprios. Ela veio da consultoria RiskOffice, onde trabalhou por cinco anos como consultora sênior no segmento institucional, e possui mais de 10 anos de experiência no mercado financeiro. A profissional já passou pela Consultoria Financeira Prandini & Rabbat e também pelo Unibanco Private Bank. A Mirae já havia tomado decisão semelhante em relação aos fundos de pensão, com a contratação de Marcos Colombo em novembro do ano passado.
Globalmente, a gestora possui US$ 55 bilhões em ativos, com uma representatividade de 35% dos investidores institucionais. No País, gerencia cerca de R$ 1,1 bilhão, ainda com uma participação baixa desse tipo de aplicador. Sem revelar a fatia atual, Morais acredita que os institucionais possam chegar a deter entre 30% e 40% dos ativos administrados pela asset. “Esse é um bom volume para se manter equilibrado com os clientes de varejo”, calcula.

Fundações – Para chegar nesse ponto de equilíbrio, a gestora está ampliando a diversificação de produtos para as entidades fechadas de previdência complementar, com um fundo Long&Short lançado no fim de junho que tem o Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI) como parâmetro. De acordo com Morais, não há um alvo de rentabilidade específico estipulado, mas o produto busca um “retorno minimamente atrativo em comparação com outras opções que o investidor possui”. “5% acima do CDI, por exemplo, não tem atratividade”, cita Morais.
Jorge Sierra, superintendente comercial da Mirae, esclarece que o fundo Long&Short se enquadra nos multimercados classificados dentro do segmento de investimentos estruturados pela CMN 3.792, cujo limite de aplicação pelas fundações é de 10% dos recursos das entidades. O fundo pode alocar até 20% de seu patrimônio no exterior. Atualmente, porém, todo o patrimônio está alocado internamente. “Mas, se no futuro surgirem boas oportunidades lá fora, contamos com nossa expertise em mercados emergentes para fazer essa aplicação”, garante Morais.
Assim como o Mirae Asset Institucional Ações FIA, o Long&Short tem olhado para papéis atrelados à economia interna como forma de escapar da volatilidade que a Bolsa vem apresentando. “Como essa é uma crise dos países desenvolvidos, as ações ligadas ao consumo interno têm uma proteção maior”, acredita Sierra. O fundo Long&Short também realiza operações de derivativos, com contratos futuros referenciados em índices e opções de compra e venda de ações.
O Mirae Asset Institucional Ações FIA completou um ano em 31 de julho. De sua criação até o fim de agosto último, o fundo acumulou rentabilidade negativa de 8,85%, diante de um Ibovespa de -16,62% no período. Os executivos creditam a perda inferior à do índice ao fato de o produto ter dado destaque aos papéis dos setores de materiais básicos, consumo não-cíclico, financeiro e de energia. “Nossa proposição é selecionar os setores em que acreditamos e dar a eles peso diferente do atribuído pelo Ibovespa”, afirma João Morais.