Edição 212
De sua fundação em 1999 até o final do ano passado, o Instituto de Rondonópolis vinha concentrando 100% de seus investimentos em ativos de renda fixa. A totalidade das reservas do fundo, calculada em R$ 56,8 milhões no fechamento de 2009, estava aplicada ou em títulos públicos ou em fundos de renda fixa. Durante todo este período, o regime próprio não tinha enfrentado muitas dificuldades para bater sua meta atuarial, de IPCA mais 6%. A exceção ficou por conta do último ano, quando o resultado foi mais apertado. “Não tivemos dificuldades nos anos anteriores, mas em 2009 precisamos fazer malabarismo com a renda fixa para superar a meta”, diz Josemar Ramiro e Silva, diretor executivo do Instituto Municipal de Previdência de Rondonópolis (Impro).Por isso, o dirigente revela que a partir deste ano começa o processo de diversificação da carteira de investimentos do instituto, com a entrada em fundos de ações e Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs). “Nossa política de investimentos de 2010 prevê a aplicação de até 10% do total de nossos recursos em renda variável. Vamos começar a investir gradualmente a partir deste mês de fevereiro e, até o final do ano, pretendemos atingir esse patamar”, indica o diretor. “Não dá mais para manter perfil totalmente conservador. É o momento de diversificar as aplicações e entrar na Bolsa”, reforça Roberto Carlos de Carvalho, presidente do conselho curador.Josemar Silva informa que a parcela dos recursos destinada aos FIDCs pode chegar a 5% do patrimônio, mas completa que ainda não foi dado início ao processo de seleção de fundos – processo este que contará com a assessoria da Conexão Consultores de Valores Mobiliários, que já presta serviços de acompanhamento dos investimentos para o regime próprio. A seleção está aberta para a participação de bancos tanto públicos quanto privados. Desde 2007, a direção do Impro conseguiu quebrar as resistências do Tribunal de Contas do Mato Grosso e passou a investir em instituições privadas, o que não era permitido anteriormente.Mais do que um desejo, a decisão de promover a diversificação da carteira veio de uma necessidade. Já no ano passado, com a queda da taxa de juros real, ficou mais difícil bater a meta atuarial, que atingiu 10,31%. A rentabilidade do fundo foi de 10,79%, ou seja, menos de meio ponto percentual acima da meta. E o resultado positivo só foi possível graças ao giro da carteira de títulos públicos. É que os gestores do fundo se desfizeram de boa parte da carteira de NTN-Bs e NTN-Fs quando os juros recuaram e, com isso, conseguiram realizar um bom lucro. A carteira destes títulos, que representava 55% do patrimônio do instituto, encerrou o ano correspondendo apenas a 12%.Os recursos migraram para fundos de renda fixa, especialmente para fundos previdenciários indexados ao IPCA, do HSBC e do BNY Mellon ARX.Outro motivo para incentivar a desconcentração dos ativos da renda fixa é que, com a Resolução 3.790 do Conselho Monetário Nacional (CMN), os regimes próprios devem contratar plataformas eletrônicas para negociar os títulos públicos. “A nova resolução dificulta o giro direto dos títulos no mercado, o que gera maior transparência, mas por outro lado complica a negociação direta”, aponta Josemar Silva.Além dos planos de investir em fundos de ações, uma mudança na política de investimentos do Impro é a aplicação em fundos indexados ao IMA. “Uma possibilidade que começamos a analisar é o investimento em fundos indexados ao IMA-B que parecem ser uma boa alternativa”, afirma o diretor. Ele explica que começou a prestar mais atenção a este tipo de fundo após o surgimento da nova resolução e de produtos no mercado que utilizam o indexador produzido pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Independência – Desde sua fundação, o Instituto de Rondonópolis mantém uma relação de autonomia com o Executivo devido a um mecanismo que não é muito comum entre os regimes próprios: a eleição direta para a diretoria. A maioria dos fundos de previdência dos estados e municípios tem sua direção indicada pelo Executivo. No caso do Impro, são os servidores que votam e elegem a diretoria. “A vantagem deste sistema é que temos maior autonomia em relação ao prefeito. Já houve mudança de partido, assumindo a oposição na última eleição municipal, e não sofremos nenhum tipo de ingerência no instituto”, diz Josemar Silva.O atual diretor executivo foi reconduzido para o terceiro mandato no ano passado, até 2012. Apesar de ganhar a eleição pela terceira vez consecutiva, a disputa tem sido cada vez mais acirrada, sempre com a concorrência de outras duas chapas. “A eleição é bastante disputada, mas acredito que a atual gestão tem realizado um trabalho com muita transparência e profissionalismo. Por isso, foi reconduzida para mais um mandato”, conclui Roberto de Carvalho, presidente do conselho.