Votorantim estende o plano para o grupo todo | Empresas dos setor...

Edição 72

Depois de quase seis anos de ensaios, o grupo Votorantim dá a partida para transformar um modesto fundo de pensão de cerca de 1,5 mil participantes em um dos maiores do país, que poderá abranger até 30 mil participantes. Líder nos setores de papel e cimento, a Votorantim não tinha até agora um plano de aposentadoria privada para a maioria dos seus funcionários, mas apenas um modesto plano que atendia os funcionários de seis pequenas empresas da região Nordeste.
A Fundação Senador José Ermírio de Moraes (Funsejem) foi criada em 1994, para atender um conjunto de 1.500 participantes pertencentes a seis pequenas unidades da Votorantim Nordeste. Já naquela época se discutia a hipótese de ampliar o plano de benefício para as outras coligadas do grupo, mas isso demorou quase seis anos para acontecer. Agora, depois de um longo processo de discussão, a VCP fabricante de celulose e papel e todas as unidades da Votorantim Cimentos decidiram aderir ao plano, o que está possibilitando a entrada de cerca de 10 mil participantes.
Outras empresas do grupo, dos ramos de mineração, metalurgia e produção de suco de laranja, devem ir aderindo ao plano do fundo de pensão nos próximos meses. Ao final do processo, a entidade deverá contar com 30 mil participantes. “A ampliação do plano de benefícios faz parte de um processo de reestruturação do grupo, realizado ao longo dos últimos 10 anos”, diz Valdir Roque, diretor financeiro da Votorantim Celulose e Papel (VCP) e novo diretor superintendente da Funsejem (ver seção Nomes e Carreiras).
Em seis anos de funcionamento a Funsejem acumulou um patrimônio de R$ 19 milhões. Com a entrada das novas patrocinadoras, ao final deste ano a carteira de investimentos da entidade deve saltar para algo em torno de R$ 35 milhões. A direção do fundo está na fase de definição de critérios para a escolha dos gestores dos recursos, que serão terceirizados. O próximo passo será abrir a inscrição para as instituições do mercado, para depois escolher quem ficará com a gestão da carteira da fundação. A administração do passivo ficará por conta da Towers Perrin, que foi contratada há dois anos para elaborar o desenho do novo plano.
O executivo da VCP explica que a estrutura familiar que comandou a Votorantim no passado está sendo substituída por uma administração profissionalizada. Hoje, a participação da família Ermírio de Moraes na administração das empresas está mais restrita ao âmbito do Conselho de Administração. Aliado ao processo de profissionalização, a empresa vem modificando a composição do quadro de funcionários, com o objetivo de reter e atrair os profissionais mais qualificados do mercado. “Decidimos oferecer o benefício da aposentadoria complementar com a intenção de reter nossos melhores talentos, porque já sentíamos o aumento da pressão por parte dos concorrentes para a captura destes profissionais”, afirma Roque.

Ferramenta de RH – Para os funcionários de médio e alto escalão, que recebem salários bastante superiores ao teto da Previdência Social, o plano de benefícios torna-se quase uma exigência nas empresas de primeira linha. “As grandes empresas de setores como o de papel e mineração, como é o caso da Votorantim, petróleo e automóveis, entre outras, estão percebendo que o plano de benefícios está se tornando uma ferramenta indispensável de recursos humanos”, declara Felinto Sernache Coelho, coordenador da área de retirement da Towers Perrin no Brasil.
Ele acredita que a Votorantim é uma das últimas grandes empresas, excetuando algumas multinacionais que entraram recentemente no país, a implantar um plano de previdência privada. Desde 1994 as empresas do grupo vinham discutindo e analisando o assunto, mas foi só a partir da contratação da Towers, em 1998, que o projeto começou a tomar forma. ”Foi um longo processo de estudos, no qual foram analisadas todas as alternativas possíveis e que incluiu uma mudança na cultura de gestão da Votorantim”, diz Felinto Coelho.
Neste processo, todos os setores de atuação da Votorantim foram representados, participando ativamente na formatação do novo plano. As direções das indústrias dos ramos de cimento, papel, mineração, metalurgia e produção de sucos discutiram exaustivamente até chegar a um modelo básico de plano que atendesse à diversidade de necessidades existentes no grupo. “Um dos motivos do alongamento da fase de discussão do novo benefício foi a abertura concedida para que todas as empresas do grupo participassem”, comenta Valdir Roque. A solução encontrada ao final, não poderia ser mais óbvia: aproveitar a estrutura do fundo de pensão patrocinado pelas empresas do nordeste.

Novo começo – A Fundação Senador José Ermírio de Moraes continua existindo, mas pode-se dizer que a entidade nasceu de novo com a adesão das novas patrocinadoras. O estatuto do fundo de pensão e o regulamento do plano foram modificados. O plano misto existente anteriormente deu lugar a um plano de contribuição definida puro. A fundação incorporou a abertura ao multipatrocínio, mas apenas para receber as empresas do próprio grupo.
Entre as modificações realizadas no plano de benefícios, uma das mais significativas foi a abertura para que todos os funcionários, independentemente do nível salarial, possam participar como contribuintes. “A expectativa é conseguir quase 100% de adesão ao plano”, prevê Felinto Coelho. Ele está comandando um trabalho de formação de multiplicadores que estão se encarregando de promover a divulgação do plano nas diversas unidades da Votorantim.
O novo plano CD da Funsejem traz a relação paritária entre as contribuições da patrocinadora e do participante. “O plano está em linha com o padrão que está sendo oferecido pela maioria do mercado atualmente”, diz o consultor da Towers.
Outra mudança significativa foi a mudança da estrutura física da entidade, do Nordeste para São Paulo. A diretoria que anteriormente estava sediada em Recife, foi transferida a partir do mês de janeiro. O fundo de pensão não terá mais uma estrutura própria e terá uma administração tanto do passivos como dos ativos terceirizada. “A nova diretoria desempenha apenas os papéis de avaliação e acompanhamento dos gestores externos”, revela Valdir Roque.
Antes das mudanças na estrutura da Funsejem, a entidade vinha realizando a gestão interna dos investimentos, que continuam distribuídos em fundos abertos e títulos de renda fixa. Até o final de março devem ser escolhidos os novos gestores que cuidarão dos recursos do fundo de pensão.

Raio X da Funsejem (Fundação Senador José Ermírio de Moraes)
Rentabilidade do fundo de pensão em 99: 19,77%

Composição da carteira de investimentos:
Renda fixa: 98%
Renda variável: 0%
Empréstimos a particpantes: 2%

Patrimônio:
Dezembro de 98 – R$ 16,5 milhões
Dezembro de 99 – R$ 19 milhões
Dezembro de 2000 (previsão) – R$ 32 milhões

Participantes:
Março de 94 – 2.500
Dezembro de 98 – 2.000
Dezembro de 99 – 1.500 (48 assistidos)

Patrocinadoras: Cimento Poty (PB); Cipasa (PB); Cia Cearense Portland (CE); Cimesa (SE); Indaiá Transportes (PE); Indaiá Táxi Aéreo (PE); Compel (PB) e Cia Industrial Igaraçu (PE).