Edição 284
A Abrapp prepara o lançamento de um projeto de fomento ao sistema de previdência complementar que, segundo o seu presidente, José Ribeiro, caminha para ser a maior iniciativa já tomada pela associação que visa o crescimento do sistema. “Temos falado há algum tempo da necessidade de fomentar o sistema, não para crescer apenas, mas para sobreviver. Estamos em um momento de inflexão, a previdência complementar tradicional está se reduzindo, com os grandes planos de benefícios pagando mais do que arrecadam”, afirma o presidente da Abrapp.
O conselho deliberativo da Abrapp solicitou à diretoria que pensasse mais sobre o tema do fomento, e trabalhou numa proposta de um grande projeto que visa concretizar iniciativas que são muito discutidas, mas não tem ações concretas, comenta o dirigente. “Falamos muito de medidas específicas, como alterações na tributação, educação previdenciária, novos produtos, mas não temos um plano estratégico mais abrangente sobre como fazer isso”.
A equipe técnica da Abrapp elaborou um primeiro rascunho com cinco direcionadores principais que vão balizar o projeto, que para ser elaborado terá a contribuição extra das associadas – cada associada paga uma mensalidade anual em doze parcelas, a depender do tamanho de seu patrimônio, e a Abrapp vai buscar uma décima terceira parcela para viabilizar o projeto. A expectativa é que, caso as associadas aceitem a contribuição extra, o projeto esteja pronto até o fim do ano.
Como se trata de um trabalho de grande importância para o sistema, orçado ao redor dos R$ 15 milhões, o plano prevê para o ano que vem levar o projeto a potenciais patrocinadores, que são entidades privadas e públicas que podem se beneficiar com a expansão do sistema de previdência complementar, como gestores, bancos, seguradoras, do lado privado, e órgãos como o BNDES e mesmo internacionais como BID e OCDE no âmbito internacional. “Esse é um projeto muito ambicioso que não cabe no bolso da Abrapp”, diz Ribeiro.
Direcionadores – O primeiro dos cinco direcionadores traçados pela equipe técnica da associação é revisitar o modelo previdenciário brasileiro, e situar a previdência complementar dentro dele, para entender o que precisa ser reorganizado nos moldes atuais para que ele possa voltar a crescer. O segundo direcionador trata da estrutura e a regulação da previdência complementar, e vai identificar os eventuais ajustes necessários no aparato regulador, que devem envolver temas como adesão automática, incentivos fiscais, e a utilização do fundo de garantia na previdência complementar. “São pontos que já identificamos que precisam ser alterados na legislação para gerar o crescimento do sistema”, pondera Ribeiro.
O terceiro ponto, “que já avançamos um pouco, mas ainda não conforme gosta-
ríamos”, é sobre a inovação nos produtos da previdência complementar. “A previdência precisa oferecer produtos que seu potencial cliente esteja precisando. Ainda trabalhamos muito naquele modelo de que eu sei qual é o melhor produto que o cliente precisa”, comenta o presidente da Abrapp. O quarto ponto é referente à comunicação e educação previdenciária, e terá o intituito de implementar uma cultura de previdência complementar na sociedade brasileira que não está familiarizada com o conceito. “A cultura da previdência complementar é zero ou próxima de zero dentro da sociedade”. E o quinto ponto é que tem sido chamado de ‘engajamento associativo’, em que a Abrapp vai buscar com suas associadas uma participação maior de cada uma para unir forças e até mesmo mostrar a importância e o peso que elas tem para o país.
O plano também prevê que os direcionadores serão endereçados por meio de três formas de atuação – com estudos aprofundados para basear as tomadas de decisões; com o fortalecimento do canal de comunicação da Abrapp com a sociedade para que a mensagem chegue de maneira efetiva ao público que se busca sensibilizar; e com ações de relacionamento internas entre as associadas, e com potenciais patrocinadores ao sistema.