Towers cria seu clube | No início do mês, os 20 fundos de pensão ...

Edição 118

Os fundos de pensão não querem mais quebrar a cabeça sozinhos para acompanhar o trabalho dos gestores, controlar rentabilidade e, ainda, ficar de olho no risco. Tudo isso, sem esquecer o enquadramento à 2829. Para facilitar esse trabalho, a consultoria Towers Perrin e a empresa de soluções tecnologicas financeiras NetQuant criaram um clube, composto por 20 fundos de pensão ligados a patrocinadoras privadas como a Avon, Pfizer, Chevron, OESP e Astra Zêneca. A vantagem conquistada pelo time é a redução de custos dos processos, que passam a ser feitos de forma padronizada. Mas, para o sócio-gerente da Towers, Felinto Coelho, o principal ganho é o da melhoria da própria rentabilidade da fundação, após os ajustes feitos para fugir da perigosa equação de baixo retorno e alto risco.
A primeira reunião das fundações aconteceu no início deste mês. E a idéia é de que os encontros sejam trimestrais. No entanto, já está marcado outro evento, no dia 18 de junho (em São Paulo), na tentativa de atrair mais fundos.
Para contar como foi o clima da reunião de estréia, a Towers chamou a Investidor Institucional para conversar, com exclusividade, com cinco especialistas das empresas organizadoras do projeto.
Na verdade, alguns fundos de pensão tiveram pela primeira vez a exata noção da relação risco X retorno de sua carteira, registrado em um trimestre. “É que antes da marcação a mercado, o risco não tinha nada a ver com oscilação da cota”, diz o diretor da NetQuant, Marcelo Nazareth. Em levantamento trimestral, a Towers concluiu que 3 dos 15 fundos que integravam o clube no início do ano apresentaram, no primeiro trimestre, uma relação desconfortável em renda fixa em relação ao risco. “Isso é complicado porque perder dinheiro em renda fixa no Brasil é como levar um gol aos 48 minutos de jogo”, diz Coelho, da Towers.
O mesmo levantamento foi feito para renda variável. Neste caso, quatro fundos apresentaram retorno inferior e risco superior ao do IBX, que foi o indexador escolhido por 13 fundos. Já o restante do grupo apenas acompanhou o IBX. “Embora esses fundos sejam ativos, o acompanhamento mostra que, na verdade, ocorre uma administração passiva. Eles têm uma carteira menos diversificada e que não replica o IBX”, diz Nazareth. Apesar das constatações, nenhum fundo de pensão chegou a pensar em trocar de gestor. Segundo o consultor da Towers Luiz Felipe Motta, as fundações têm aprendido a cobrar resultados em vez de simplesmente trocar de administrador. “Mudou o relacionamento com o gestor desde a 2829 e alguns bancos já começam até a querer mais liberdade”, afirma Motta. No entanto, no longo prazo é provável que as análises comparativas do clube influenciem a realocação de recursos.

Tendências – Após a primeira reunião do clube, o time de especialistas da Towers e NetQuant traçou algumas tendências para as fundações:
– Deve ocorrer maior espaço para novos benchmarks em fundos de pensão, além do CDI, que deixa de ser o melhor referencial do mercado;
– Com o uso de recursos mais sofisticados para quantificar o risco, será possível ser mais agressivo em investimentos, porque já se sabe qual a probabilidade de perda.
Para Coelho, o que na verdade ocorre “é a criação de uma cultura de risco”. Segundo especialistas, numa primeira fase o mercado levava em conta apenas o retorno, sem preocupação com o risco; na segunda, foi iniciada medição do risco sem limite, e agora, discute-se qual o teto para esse risco.