Edição 138
O Economus, fundo de pensão do banco paulista Nossa Caixa, finalizou em julho um processo de compra de Notas do Tesouro Nacional (NTN-C), com as quais pretende equacionar até 96% do déficit de R$ 500 milhões de seu plano tipo Benefício Definido. O Econonus comprou, entre o final do ano passado e julho último, um total de R$ 1,06 bilhão em NTN-C, com a intenção de fazer um hedge do passivo e garantir o pagamento dos benefícios futuros. O volume da compra, que corresponde a 92% do patrimônio da fundação, foi calculado por atuários, explica o diretor financeiro do Economus, Paulo Leite Julião.
De acordo com ele, o déficit será equacionado pela diferença dos indexadores do passivo e dos ativos. “Como as obrigações do fundo estão atreladas ao índice INPC+6% e o ativo pelo IGP-M+10,22%, há como abater o déficit”, explica. A operação ainda deve ser aprovada pela Secretaria de Previdência Complementar (SPC).
Para administrar a nova carteira, o Economus pretende fazer uma licitação e contratar 4 novos gestores, em substituição aos 12 atuais, que serão dispensados. Atualmente, a gestão de renda fixa do Economus é feita pela Nossa Caixa, Itaú, Bradesco, HSBC, Unibanco, Safra, Pactual, Votorantim e Alfa e a gestão de renda variável é feita pelo Schroder, Citibank e Credit Suisse.
Ainda de acordo com Julião, como a nova gestão será basicamente passiva, as taxas de administração devem cair bastante. “Os quatro gestores farão uma gestão totalmente passiva da carteira”, afirma ele. Por conta disso, a escolha deve recair sobre os gestores que apresentarem as taxas mais baixas, explica. “As taxas deverão se assemelhar àquelas praticadas pela custódia”, adianta Julião.
Os papéis, cuja compra se deu entre dezembro de 2002 e julho último, têm vencimentos para os anos de 2005, 2008, 2011, 2017, 2021 e 2031. Juntamente com os títulos, a fundação adquiriu duas tranches de debêntures da Petrobras, que somam R$ 24 milhões e têm vencimentos para 2010 e 2012.
O déficit do Economus surgiu, principalmente, durante os três últimos anos, quando a legislação obrigou as fundações a terem 100% da reserva constituída – mudança feita por conta do estatuto da portabilidade. Além das premissas atuariais, outro fator importante para o déficit foi a mudança na tábua de mortalidade, e um plano de cargos e salários promovido pela patrocinadora.
Segundo o diretor, as características conservadora e de baixa liquidez dos títulos não são um entrave para o pagamento dos atuais aposentados. “Além dos juros pagos semestralmente, os próprios vencimentos dos papéis serão suficientes para bancar os benefícios”, conclui.