Edição 77
A reestruturação do fundo de pensão dos funcionários do antigo Sistema Telebrás, a Sistel, abriu a possibilidade para as maiores empresas de telefonia fixa do País lançarem planos de contribuição definida para os seus funcionários. Os planos de CD surgem como uma alternativa aos atuais, de benefício definido. Com a mudança, as empresas do setor de telecomunicações querem afastar quaisquer dúvidas quanto ao custeio dos seus planos de BD, que surgiram da recente repartição dos ativos da Sistel. Todos os aposentados e pensionistas do fundo de pensão permanecem, no entanto, em um plano de benefício definido.
Quem saiu na frente na criação dos planos CD foi a Brasil Telecom, a nova denominação da Tele Centro-Sul. A empresa encerra no próximo dia 28 o processo de migração incentivado do atual plano de benefício definido, o PBS-TCS, para o novo plano de contribuição definida, denominado TCS Prev. A Telefonica, por sua vez, está fazendo os ajustes finais para seguir o mesmo caminho e lançar um plano de contribuição definida para os seus funcionários.
Dos cerca de 10 mil participantes do atual plano BD da Brasil Telecom, por enquanto 3 mil fizeram a adesão ao novo plano de CD. A expectativa dentro da empresa é que haverá um crescimento acentuado da adesão nos dias que antecedem o vencimento do prazo. De acordo com o consultor Antônio Fernando Gazzoni, que presta serviço para a Brasil Telecom, o plano de contribuição definida deve nascer com um patrimônio de cerca de R$ 500 milhões.
Durante o processo de adesão, iniciado em 28 de fevereiro, a Brasil Telecom abriu aos participantes a possibilidade de conhecer os valores de reserva e fazer simulações dos benefícios por meio da Intranet da empresa. A idéia foi permitir que cada funcionário pudesse fazer a escolha mais adequada ao seu perfil e objetivos. “Nossa preocupação foi com dificuldade de entendimento das variáveis oferecidas”, afirmou o gerente de recursos humanos da Brasil Telecom, Júlio César de Souza.
Ajustes finais – Na Telefonica, o trabalho de modelagem do novo plano de contribuição definida está passando pelos últimos acertos. Ele vai ser oferecido para os cerca de dezesseis mil participantes do atual plano de benefício definido, assim como para outros mil funcionários contratados recentemente pela empresa espanhola. Estes novos empregados da Telefonica tiveram suspensa sua entrada no plano de BD (PBS) para que ingressassem diretamente no plano CD, a ser lançado em breve.
Segundo o recém contratado diretor de planos da Telefonica, Sérgio Gouveia, o início da divulgação para os funcionários da empresa deve acontecer em meados do ano e terá duas linhas de comunicação: uma voltada para os participantes do plano de BD, que procurará mostrar os benefícios da mudança, e uma outra direcionada para os funcionários que ainda não têm nenhum tipo de plano de previdência na empresa.
O trabalho de divulgação na Telefonica deve durar dois meses e utilizará métodos tradicionais, como a fixação de cartazes, a exibição de um vídeo institucional, além de cerca de três centenas de palestras. Em seguida, os funcionários terão sessenta dias para fazer a migração com direito aos incentivos oferecidos. “Trabalhamos com a expectativa de 90% de adesão”, afirmou Gouveia.
Ao contrário da Telefonica que contratou um diretor para seus planos de benefícios, a Brasil Telecom preferiu, ao menos por enquanto, delegar a administração ao diretor-superintendente da fundação Sistel, Fernando Pimentel. “Nossa postura foi sempre de prestigiar os quadros atuais da Sistel”, disse o gerente de RH da Brasil Telecom, Júlio de Souza. Isso não quer dizer, entretanto, que a empresa descarte a possibilidade de seguir o caminho adotado pela Telefonica. “Não pensamos em contratar um diretor para o plano mas, se sentirmos essa necessidade no futuro, o estatuto nos permite rever nossa posição.”