SP-Prevcom quer mais risco | A fundação dos servidores públicos d...

Edição 300

 

A Fundação de Previdência Complementar do Estado de São Paulo (SP-Prevcom) está iniciando estudos para diversificar o risco dos investimentos de sua carteira, até então 100% concentrada em títulos públicos federais. A entidade contratou, por meio de uma consulta pública, a PPS Portfolio Performance para fazer a avaliação da carteira e propor novos tipos de alocações, podendo incluir outros tipos de ativos de renda fixa, renda variável, estruturados ou até investimentos no exterior. Esse é um movimento inédito para a fundação, que concentra mais de R$ 800 milhões em recursos aplicados exclusivamente em NTN-Bs.
De acordo com o presidente da entidade, Carlos Henrique Flory, o conservadorismo que o fundo de pensão vinha adotando até então não será mais o suficiente para bater as metas atuariais daqui em diante. “Nós somos um fundo de pensão de servidores públicos em fase inicial de arrecadação. Ganhamos a confiança dos participantes com uma rentabilidade estável por meio de uma política conservadora, enquanto os títulos do Tesouro Nacional pagavam bem para garantir nossa meta”, explica. “Decidimos que não correríamos risco e fomos para NTN-Bs. Nossa carteira está rendendo IPCA + 6% ao ano e temos títulos com vencimento para 2050. É uma ótima carteira, mas agora não há mais perspectivas de que as altas taxas de juros voltem a ocorrer, e vamos ter que mudar o jeito de aplicar nossos recursos”, diz Flory.
A política de investimento traçada para 2018 ainda não contempla nenhum tipo de aplicação fora títulos públicos federais, mas a ideia é que, após o mapeamento de portfólio feito pela PPS, alterações na política sejam apresentadas para aprovação do conselho deliberativo, que por sua vez decidirá qual será o direcionamento dos investimentos da entidade. “Ainda não temos essa estratégia pronta, mas não pretendemos vender tudo o que temos aplicado em títulos públicos para comprar bolsa. Nossa carteira de NTN-Bs será guardada até vencer e o fluxo de entrada de dinheiro, com novas contribuições ou rendimento dos títulos a vencer, serão realocados em ativos diferenciados, podendo ser bolsa, exterior, estruturados, entre outros”, explica Flory. Por ser uma fundação jovem, a SP-Prevcom prevê uma grande entrada de recursos, já que quase não paga benefícios.

Gestão terceirizada – O modelo de gestão de ativos da fundação é terceirizado. Atualmente, a SP-Prevcom trabalha apenas com o Itaú como gestor. A ideia, a partir da diversificação da carteira, é incluir assets independentes que tenham especialização nos segmentos a serem alvo da fundação para novos investimentos. “Vamos procurar isso dentro do mercado e escolher os melhores parceiros. O banco centralizador continuará sendo o Itaú, e não devemos trabalhar com assets ligadas a um banco grande, e sim com gestoras especializadas”, reitera.
Já a equipe interna de analistas da entidade não deve ser alterada em um primeiro momento, principalmente porque o estado de São Paulo está com restrições em relação a realização de novos concursos públicos. Mas Flory diz que futuramente, quando tiver uma demanda maior dentro da entidade e a situação financeira do estado estabilizar, a equipe deve aumentar.

Risco e controle – A fundação também contratou outra consultoria, a PFM, para fazer o mapeamento dos processos de riscos e controle internos da entidade. “A PFM vai atuar em todas as áreas, começando pela de seguridade, mapeando os processos internos da fundação para que seja feito um manual de padronização. Ela também vai identificar processos que geram risco, como concessão de benefícios, para que não haja erro nos pagamentos. A medida está alinhada com a supervisão baseada em risco, maior bandeira levantada pela Previc atualmente”, complementa Flory.