Solidariedade é a nova moeda na atuação dos fundos | Fundos de in...

Edição 134

A solidariedade voltou à moda, com o governo do PT. Depois que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva lançou o Fome Zero, setores empresariais começaram a se mobilizar e a elaborar formas de contribuir para solucionar problemas sociais do País. As empresas de gestão de recursos estão entre elas, lançando fundos de investimento com taxas de administração e rentabilidade cedidas, total ou parcialmente, para projetos sociais. Já são cinco fundos criados dentro dessas diretrizes, lançados pela Caixa Econômica Federal, Banco Santos, Unibanco, HSBC e Bonsucesso.
“Criamos o Caixa Fif Fome Zero no final de fevereiro e repassamos 50% da sua taxa de administração diretamente para o programa do mesmo nome”, explica Wilson Risolia, vice-presidente da Caixa para a área de ativos de terceiros. Até o início de abril, o fundo de solidariedade da Caixa, cuja aplicação mínima é de R$ 100 para o primeiro investimento e R$ 50 para as movimentações subsequentes, já tinha captado R$ 36 milhões.
Embora o repasse seja de apenas 50% da taxa de administração, há que se notar que essa taxa é elevada, de 5% ao ano, o que representa 2,5% ao ano para o Fome Zero. O objetivo da Caixa é chegar a R$ 500 milhões de patrimônio em 12 meses. Pesquisa feita pela instituição junto a 500 clientes que aplicaram no fundo indica que 63% compraram pelo sentimento de solidariedade, 15% porque tem o aval da Caixa, 13% pela rentabilidade oferecida e 9% por outros motivos. O FIF Fome Zero aplica basicamente em títulos públicos do governo Federal.
O Fundo Private de Investimento Social, do Unibanco, já tinha alcançado patrimônio de R$ 3 milhões com um mês de lançamento, até meados de abril. O objetivo do fundo, que não cobra taxa de administração e repassa a projetos sociais os retornos que excederem a rentabilidade da poupança, ou seja TR mais 6% ao ano, é chegar a cerca de R$ 100 milhões em dois anos. “Há uma vontade das pessoas de colaborar para a solução dos problemas sociais do País”, diz a diretora de marketing da área de Private do Unibanco, Graziela de Andrade Ayrosa.
Segundo ela, os recursos angariados pelo excedente da rentabilidade desse fundo serão aplicados em projetos sociais a serem definidos por um comitê de clientes private do banco, juntamente com diretores da área. Serão 12 participantes externos ao Unibanco e 6 internos. O primeiro projeto é ampliar a sede da Casa do Zezinho, uma instituição criada para dar formação profissional à menores carentes, que hoje abriga 800 crianças. Com os recursos do Fundo do Unibanco, a Casa do Zezinho deve construir sua Unidade 2.
O Fundo de Investimento Social do Unibanco também tem uma política de alocação conservadora, aplicando basicamente em títulos do governo federal. Os excedentes de rentabilidade acima da poupança são repassados trimestralmente aos projetos sociais.
O fundo Pro Amem, do banco Santos, repassa ao projeto do mesmo nome a integralidade da sua taxa de administração, de 1,5% ao ano. Dirigido a clientes private e institucionais, o fundo recebe aplicações mínimas de R$ 50 mil.
Em meados de abril, com 1 mês de lançado, o fundo já tinha patrimônio de R$ 1,6 milhão, de 4 aplicadores. O objetivo é chegar a R$ 10 milhões até o final deste ano, explica o diretor comercial de clientes institucionais do Santos, Carlos Eduardo Guerra.
O Pro Amem é um projeto lançado alguns anos atrás pelo governador Mário Covas, patrocinado por um grupo de empresários entre os quais Edemar Cid Ferreira, do Santos. Edemar resolveu ampliar sua participação de pessoa física para pessoa jurídica, formatando o fundo Pro Amem. O projeto atende hoje cerca de 60 crianças carentes, mas com os recursos do fundo de investimento do Santos poderá ampliar esse número para 100 crianças até o final do ano, calcula Guerra.