Edição 244
Enquanto o sistema de fundos de pensão avalia como será a adaptação ao corte das metas atuariais, definida no final de 2012 pelo Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC), a Fundação Sistel encontra-se em processo bem mais adiantado e confortável. A partir de setembro do ano passado, o fundo de pensão com planos que reúnem aposentados por empresas como Telefonica, Oi Telemar, Tim, Telebrás, entre outras, passou a adotar meta atuarial de INPC mais 3,8% ao ano, uma das menores do sistema. A taxa do plano de benefício definido da Sistel, que tem patrimônio da ordem de R$ 12 bilhões, já se encontra bem abaixo do teto que os fundos de pensão terão que chegar em 2018, quando o máximo obrigatório será de 4,5%, segundo o CNPC.
“Já vínhamos cortando gradualmente nossa meta desde 2009, mas foi no ano passado que decidimos realizar uma redução mais acentuada”, conta Wilson Duarte Delfino, diretor presidente da Sistel. A fundação vinha reduzindo em 0,25 ponto percentual a meta do plano BD, o que permitiu que se saísse de um taxa de 6% ao ano até 5% em 2012. Até então, nada demais, pois outras fundações já haviam realizado o corte das metas a esse nível, como por exemplo, a Previ do Banco do Brasil. O que realmente surpreendeu foi o recente corte em 1,2 ponto percentual.
“Já vínhamos trabalhando com a perspectiva de redução dos juros da economia brasileira, mas precisávamos verificar se a tendência se confirmaria mesmo”, afirma Delfino. O dirigente explica que o mercado sempre foi bastante desconfiado quanto à redução dos juros e ainda mais se os patamares mais baixos seriam mesmo mantidos. “Sempre há uma desconfiança, porém no ano passado percebemos que era pra valer. Daí decidimos realizar um corte maior da meta”, diz o diretor presidente da Sistel.
Utilização do superávit – O corte provocou um aumento da necessidade de reservas da ordem de R$ 700 milhões. A reserva matemática subiu de R$ 5,5 bilhões para R$ 6,2 bilhões. O crescimento da reserva, porém, não exigiu o aporte de recursos nem das patrocinadoras, nem dos participantes, pois os planos contavam com superávit suficiente para cobrir a diferença. Além de cobrir o aumento da reserva, ainda ficou uma sobra de superávit a ordem de R$ 2,3 bilhões. “O que permitiu redução da meta em todos os planos foi o resultado superavitário acumulado desde 2001. Desde então, vínhamos aproveitando as altas taxas dos títulos federais”, comenta Delfino.
O resultado superavitário, segundo o diretor presidente, foi obtido graças a um estudo de ALM (Asset Liability Management) que foi adotado a partir de 2001. O estudo indicava a concentração das aplicação em títulos federais, marcado a mercado desde aquela época, e a baixa exposição à renda variável de demais segmentos. Atualmente a fundação ainda mantém elevado estoque de títulos federais, com vencimentos até 2050. Isso indica que os planos ainda mantêm uma tendência à acumulação de superávit nos próximos anos.
Com um superávit da ordem de R$ 2,3 bilhões, a Sistel planeja distribui-lo a partir de 2013, em quatro de seus maiores planos – inclusive o maior plano BD. A distribuição ainda depende de encaminhamento e aprovação pela Previc – Superintendência Nacional de Previdência Complementar.
Já para a política de investimentos de 2013, a Sistel está começando a priorizar a maior diversificação dos investimentos. A diversificação é necessária, segundo a direção da entidade, em função das baixas taxas oferecidas pelos títulos federais na atualidade. As opções que devem receber maior volume de aplicações da Sistel são os investimentos estruturados, a renda variável e os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs). A Sistel realizou uma primeira aplicação de R$ 20 milhões em CRIs no final de 2012, com o objetivo de conhecer a aplicação.
A política aprovada para este ano aumentou o limite da renda variável antes em 20% para 25%. “Não quer dizer que vamos utilizar todo o limite, pois isso depende dos cenários, mas a tendência é aumentar a renda variável e os estruturados”, diz Delfino. A carteira total de investimentos da Sistel fechou dezembro de 2012 com 16% dos recursos aplicados na renda variável.