Edição 125
O Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo, com 32 mil associados, está enviando à Secretaria de Previdência Complementar (SPC) até o final deste mês um pedido de constituição do que poderá vir a ser o primeiro fundo de pensão por categoria profissional do País. O desenho do plano foi encomendado à BB Previdência, que será a administradora do plano dentro de um fundo multipatrocinado.
Segundo o diretor executivo e financeiro do sindicato, Flávio José Brízida, o plano irá atender principalmente a engenheiros que perderam o emprego nas privatizações das ex-estatais paulistas, como a Comgás e a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), mas que continuaram contribuindo para seus antigos fundos de pensão. “Se o engenheiro deixasse o plano previdenciário só carregaria suas próprias contribuições e se optasse pelo auto-patrocínio talvez não conseguisse bancar a dupla contribuição e acabasse desistindo do benefício”, explica Brízida.
Além dos ex-empregados, o fundo do sindicato também irá atender às necessidades de uma ampla gama de engenheiros autônomos, que representam hoje cerca de 50% dos profissionais em atividade no Estado. Segundo o presidente do sindicato, Murilo Celso Pinheiro, o novo fundo já conta com um total de 150 pessoas interessadas em aderir ao plano previdenciário.
Escolha – Até chegar à BB Previdência, 12 instituições foram consultadas, entre elas a AGF, Bradesco, Porto Seguro e Sudameris. Uma das razões da escolha foi o fato da empresa pertencer a um banco público, o que segundo Pinheiro representa um fator de segurança. De acordo com o superintendente do BB Previdência, Ivan Diniz Oliveira, o plano dos engenheiros irá mesclar características dos planos tipo benefício e contribuição definida. Ele exemplifica com a figura hipotética de um engenheiro que quer se aposentar com uma renda de R$ 8 mil. “Vamos trabalhar com metas de aposentadoria, fazendo revisões anuais dos valores de contribuição do participante. Se o valor contribuído por esse engenheiro começar, depois de um ou dois anos, a ser insuficiente para ele se aposentar com os R$ 8 mil iniciais, vamos adequar o percentual – mas o contrário também é válido”, explica Oliveira, concluindo que a idéia é seguir um plano CD que tenha um resultado de BD.
A opção pela constituição de um fundo de instituidor e não de um plano aberto de previdência, segundo o presidente do sindicato, foi tomada observando alguns critérios, dentre os quais uma menor taxa de administração e o acompanhamento personalizado resultante da individualização dos planos. Oliveira, da BB Previdência, lembra que o fator taxa é um diferencial pelo fato do multipatrocinado se tratar de uma entidade sem fins lucrativos; acrescenta ainda que o conselho do fundo pode alterar a cada seis meses sua política de investimentos, em direção a um perfil mais conservador ou arrojado.
O próximo passo do sindicato, assim que receber o sinal verde da SPC, será iniciar uma campanha de adesão junto aos associados e ao restante da categoria profissional, que soma cerca de 170 mil no Estado. A expectativa é que a aprovação da SPC saia ainda neste ano.