Edição 75
A Santos Asset Management (SAM) está disponibilizando aos seus clientes institucionais a análise de risco de seus fundos de investimento pela Internet. Não é a primeira vez que essa administradora de ativos toma a dianteira num processo envolvendo o uso de tecnologia na gestão de recursos. Em meados do ano passado, a SAM criou a “Carteira on-line”, tornando-se a primeira empresa de asset management a permitir que os clientes tivessem acesso a informações diárias e detalhadas sobre a composição dos fundos por meio da Net.
Dessa vez, a análise de risco foi incorporada à “Carteira on-line”, agregando diversos indicadores como históricos de volatilidade e do Índice de Sharpe para todos os fundos. Do total de 25 clientes institucionais da empresa, vinte já consultam o serviço diariamente. Os investidores só têm acesso às informações dos fundos em que possuam saldo.
Outra novidade da “Carteira on-line” da SAM é um serviço que permite conhecer a rentabilidade de qualquer fundo em um período selecionado pelo internauta. Os resultados são automaticamente comparados com os indicadores mais conhecidos do mercado, tanto percentualmente como na forma gráfica. Segundo o diretor superintendente da SAM, Eduardo Novo, outros indicadores serão adicionados com o tempo, desde que haja demanda por parte dos clientes. “Para a área de atuária, por exemplo, poderemos incluir o IGP-M mais 6%”, diz.
Além de incrementar a página padronizada, a empresa pretende disponibilizar, em uma segunda etapa, um serviço mais personalizado para os fundos de pensão com demandas específicas. “Uma possibilidade é oferecer testes de stress sob encomenda”, exemplificou Eduardo Novo.
Por trás da “Carteira on-line” apresentada nas telas dos computadores dos clientes institucionais da SAM está o “back office” da instituição, que alimenta o sistema com os fechamentos diários das cotas dos fundos e dos principais indicadores de mercado. Os cálculos ficam a cargo do software Mathlab e os resultados são apresentados no link “performance”, na forma de números e gráficos comparativos. O carregamento desta página, entretanto, não é dos mais rápidos. Os cálculos pesados envolvendo matrizes e a diversidade de gráficos de risco exigem um pouco de paciência para os internautas.
Aposta na tecnologia – Os clientes institucionais da SAM aplicam R$ 75 milhões em seus fundos de investimentos, o que representa a metade dos recursos administrados pela empresa. Por enquanto, a SAM mantém apenas dois fundos voltados especificamente para este público, ambos de renda fixa. Em janeiro, a asset chegou a estudar o lançamento de um fundo de renda variável indexado ao Ibovespa, mas a idéia foi abandonada. A instituição preferiu concentrar seus esforços na preparação e comercialização do Santos e-Fund Internet.
Nas últimas semanas, este fundo aberto, composto por ações ligadas de alguma forma à Rede Mundial de Computadores, começou a atrair a atenção de clientes institucionais. O Santos e-Fund Internet vem recebendo investimentos de fundações de porte médio do Nordeste e do Rio de Janeiro. “Quando ele atingir uma captação de R$ 20 milhões, certamente aumentará o ingresso dos institucionais”, prevê o diretor responsável pela área de fundos do Banco Santos, Carlos Eduardo Guerra.
O lançamento do Santos e-Fund Internet e a oferta de serviços on-line pela SAM fazem parte de uma estratégia mercadológica mais global, levada a cabo pelo Banco Santos. A instituição quer fazer da tecnologia o seu diferencial competitivo, uma forma de tentar se destacar entre as diversas instituições de médio porte do mercado.
Dentro desta estratégia, a Internet, a vedete tecnológica do momento, vem sendo apresentada como um canal de comunicação que permite uma maior transparência no relacionamento entre a instituição financeira e os clientes. Mas não foram poucos os comentários negativos que o diretor superintendente da SAM, Eduardo Novo, teve que ouvir do mercado ao resolver abrir a composição dos seus fundos pela Internet, em meados do ano passado.
Segundo os críticos, tal nível de transparência permitiria aos concorrentes conhecer a estratégia da asset e então reproduzi-la. “A indústria não pode ser insegura a este ponto”, comentou Eduardo Novo. “Ao copiar nossa estratégia, o concorrente está na verdade reconhecendo que temos uma alocação de ativos eficiente e rentável.” De acordo com ele, o desconhecimento do “timing” das operações funciona como uma proteção eficaz para a empresa. “O nosso concorrente não sabe nem o nosso preço de entrada nem de saída. Para nós, na pior das hipóteses, ele vai igualar o nosso resultado.”