Edição 76
Aárea de custódia do Santander acaba de fechar negócio com o fundo de pensão do Banestado, a Funbep, envolvendo uma carteira de títulos e ações e cotas de fundo no valor de R$ 1 bilhão. A demanda por serviço de custódia pelas fundações vem se intensificando desde o início do ano passado e até agora, a contratação do Santander pela Funbep é um dos maiores negócios realizado por um fundo de pensão neste segmento.
Atualmente, cerca de uma dezena de entidades brasileiras já possuem custodiante unificado, antecipando-se a uma exigência que deverá ser feita em breve pela Secretaria de Previdência Complementar através da mudança nas regras dos investimentos das fundações. Porém, a maioria dos fundos de pensão ainda realiza internamente a guarda dos títulos ou transfere a responsabilidade para os gestores terceirizados de seus fundos e carteiras.
Segundo o presidente da Funbep, Paulo Macedo, o objetivo da contratação da custódia unificada foi dar mais transparência à carteira de investimentos da entidade. Além de concentrar a guarda e liquidação dos ativos mobiliários, o custodiante pode oferecer uma série de relatórios gerenciais sobre as aplicações, facilitando o dia-a-dia do fundo de pensão. “Principalmente agora, que o Banestado está para ser privatizado, achamos que essa transparência é necessária, e pode até agregar valor ao banco”, explica. A escolha do Santander, de acordo com ele, baseou-se na relação preço/serviços.
A conquista da Funbep deve elevar significativamente a participação do banco no mercado de custódia doméstica de recursos administrados por outras instituições, ou seja, excluindo os recursos administrados pela asset do próprio grupo. Esses recursos, que na verdade são os que estão sendo disputados, representavam R$ 17,5 bilhões até o final de dezembro, segundo dados da Anbid. O segmento de custódia doméstica soma, ainda, outros R$ 178 bilhões, referentes a recursos que são administrados e custodiados pelo mesmo grupo.
O Santander começou a disputar os clientes independentes de custódia local – basicamente empresas e áreas de asset e fundos de pensão – há cerca de um ano, e já conseguiu encostar em players tradicionais (ver tabela). Seu primeiro cliente de grande porte foi a Faelba, fundo de pensão da Coelba, conquistado em abril de 99, uma conta de aproximadamente R$ 400 milhões.
Entretanto, foi nos últimos seis meses que o banco decidiu adotar uma postura mais agressiva há pouco mais de seis meses, apesar de estar no país há três anos. Entre o início de setembro de 99 até o final de março último, o volume custodiado de investidores locais apresentou um crescimento de mais de R$ 6 bilhões, saltando de R$ 3,532 bilhões para R$ 9,76 bilhões
Desses, R$ 3,7 bilhões se referem a clientes que contrataram o banco apenas para esse tipo de serviço, ou seja, a cifra exclui todos os fundos e carteiras administradas pela própria asset do grupo e também os FACs. No início de setembro do ano passado, as contas locais não ligadas ao grupo representavam R$ 675,8 milhões. De lá até o final de março foram conquistados cerca de 10 novos clientes independentes, a maior parte no setor de asset management.
Em número de carteiras, o Santander tem sob custódia 346 carteiras/fundos, contra 139 de setembro de 99. De acordo com Luciano Magalhães, responsável pela área de custódia do Santander, o banco decidiu estruturar primeiro toda a parte de sistemas de informática, que são totalmente independentes do resto da instituição, e serviços.
“A custódia é um core business do Santander no mundo todo, e na América Latina estamos focando no Brasil e no México. Por isso, preferimos estruturar tudo primeiro, seguindo os princípios de segregação de atividades, para depois sair para brigar no mercado”, acrescenta. No total, o banco espanhol tem US$ 190 bilhões sob sua guarda em nível mundial, dos quais US$ 30 bilhões na América Latina.