Modelo é baseado na capacidade financeira

Edição 023

No centro das discussões sobre a classificação de ra­ting para os fundos de pensão, um dos temas mais quentes do 18° Congresso da Abrapp, estará um modelo de analise de risco proposto pelo economista Paulo Ra­bello de Castro: ele medirá a capacidade financeira da fundação de saldar os seus compromissos previdenciários, presentes e futuros. A classificação será o retrato dessa capacidade.
A ideia de classificar o ris­co dos fundos de pensão e nova no mundo. Se a ideia for aprovada no 18° Con­gresso, o Brasil será o pri­meiro pais a ter rating para fundos de pensão, o que permitira classificar o risco de cada instituição.
Segundo Rabello de Cas­tro, o modelo que adotou não e muito diferente do que já e usado para as empresas de seguro de vida, mas precisou de algumas “adaptações e inova­ções”. Em princípio, o risco das fundações (batizado por ele como CCPP – Capacida­de de Cumprir com os Planos de Previdência) e medido pelo equilíbrio entre o seu ati­vo e o seu passivo ou, em ou­tras palavras, pela sua equação atuarial e financeira.
As leis – Na classificação do risco das fundações também deverão ser incluídos alguns fatores extemos, como as próprias leis que regem o funcionamento das entidades. “E o risco do ambiente insti­tucional, porque os fundos estão sujeitos as leis que podem mudar”, explica Rabelo.
A outra variável a ser con­siderada e o nível de dependência que o fundo tem com sua patrocinadora, em relação a manter o seu plano, o que será traduzido num “coefici­ente de dependência”. Segun­do Rabello, “uma empresa pode falir, ou passar por uma dificuldade, e a fundação poderá ser mais ou menos afe­tada, conforme o caso”.
Entretanto, muitas das di­ficuldades que se apresentam as fundações poderão ser amenizadas por uma admi­nistração profissional e efici­ente, que também será consi­derada no modelo desenhado por Rabello. “Será preciso medir tanto a capacidade técnica dos administradores quanto a capacidade fiduciária da fundação, sua confia­bilidade”, explica.
A SR Rating, empresa da qual e presidente, fez recen­temente o primeiro rating do Pais na área de gestão de re­cursos de terceiros, o da Uni­banco Asset Management (ver Investidor Institucional nº 22). O que se procurou saber é se a instituição analisada estava cumprindo com as metas propostas para a admi­nistração dos ativos, mesmo conceito aplicado aos fundos de pensão. Nos dois casos, não se entra no mérito da composição dos investimentos, até porque boa parte dos papéis não têm classificação pública.
Para ele, levar em conta essa realidade brasileira e um grande diferencial do seu modelo em relação aos tradi­cionais. “As agencias estran­geiras vão tentar olhar as fun­dações pela ética do fundo múltiplo e não vão encontrar títulos classificados”, diz Ra­bello. De fato, “nos EUA o que existe de mais parecido com classificação de risco de fundos de pensão e a classi­ficação de fundo mutuo”, conta Christiana Aguiar, di­retora do recém-inaugurado escritório da Moody’s Inves­tments em São Paulo.
Mas o objetivo da empre­sa, que tradicionalmente faz classificações internacio­nais, e justamente impulsio­nar no mercado brasileiro o rating de papeis locais. “Além dos investidores in­ternacionais, que querem comprar em moeda local, para evitar o risco do cambio, achamos que os fundos de pensão brasileiros terão mui­to interesse nas classificações dos papeis”, opina. Segundo Christiana, as classificações dos papeis emitidos em mo­eda local deverão ser mais altas que as das ernissões bra­sileiras lá fora.

A hora das asset management
A cultura do rating parece que esta mesmo chegando aos fundos de pensão. Eles não só querem aplicá-lo a si próprios, como também começam a valorizar a classificação de risco para escolher os administradores de seus recursos.
Segundo Adilson Bueno, analista da Atlantic Rating, várias instituições financeiras estariam interessadas em ter seu risco classificado devido a essa tendência. “Os bancos menores, por exemplo, podem ter rating mais alto que outros maiores”, complementa.
Além disso, o rating de um banco também pode ser mais atraente que o seu score, análise baseada apenas nos dados do seu balanço. “O score é mais superficial. No rating, além da lucratividade, analisamos também a qualidade dos ativos, o grau de alavancagem e outras variáveis que não estão nos balanços”, explica Bueno.
O passo seguinte da indústria do rating deve ser a classificação de fundos mútuos, mas “os bancos tem uma certa resistência em fornecer as informações necessárias”, diz o analista. Segundo ele, os bancos temem que a abertura dessas informações possa comprometer sua estratégia de mercado.