Edição 116
A forte competição e os pesados investimentos dos bancos de varejo no País resultaram em ganhos salariais para os profissionais desse mercado, no ano passado. Pesquisa da consultoria Mercer Human Resource Consulting, ex-William M. Mercer (veja quadro), mostra que os salários desses profissionais foram os que mais subiram em 2001, entre 10% e 15%.
Em contrapartida, os executivos da área de asset management não têm muito o que comemorar. Os vencimentos totais recebidos pelos profissionais da área, ou seja, salários e bônus, despencaram entre 30% e 40% no ano passado. A explicação do consultor-sênior da Mercer, Wanderley Felizatto, coordenador da pesquisa, é que as assets não conseguiram alcançar a rentabilidade esperada. “Sem escala, algumas assets acabaram vendendo suas carteiras de fundos”, lembra Felizatto. No final do ano passado por exemplo, o Itaú comprou os negócios de asset do Lloyd’s, a LAM, enquanto o Bradesco levou a carteira do Deutsche.
A pesquisa da Mercer, que ainda está sendo totalizada, englobou 40 bancos de varejo, atacado e de investimentos, mas excluiu os líderes nacionais privados Bradesco e Itaú. Outro dado apontado pela consultoria é que, ao contrário do ano 2000, quando o crescimento dos salários de empregados da área de tesouraria das instituições financeiras registrou alta entre 10% e 15%, por conta da desvalorização cambial e das incertezas de mercado, em 2001 esse segmento de atividade registrou aumentos salariais de 5% a 10%. Os empregados de bancos dos setores de recursos humanos, crédito, setor jurídico e suporte também tiveram reajuste salarial na mesma faixa.
Felizatto acha arriscado fazer previsões sobre o comportamento dos salários em 2002, mas prevê a interrupção do movimento de queda nos vencimentos de empregados nas áreas de asset. No entanto, dados da Associação Nacional dos Bancos de Investimento e Desenvolvimento (Anbid) mostram que, no ano, a indústria de fundos já acumula captação líquida negativa de R$ 736,09 milhões. O resultado foi consolidado até o dia 1º de abril.
O diretor de renda fixa do BNP Paribas, Marcelo Saddy, opta pelo otimismo ao apontar para uma recuperação na indústria já no segundo semestre de 2002, resultando numa performance positiva do setor no ano. “Essa diminuição dos bônus de funcionários pode ter sido resultado de um 2001 muito ruim para a economia mundial”, diz.
Para o diretor de pesquisa do Unibanco, Jorge Simino, o ano de 2001 terminou com desempenho estável em asset management e a queda de remuneração apontada pela pesquisa da Mercer não afetou a maioria dos profissionais da área. O executivo prevê que o setor terá crescimento de 2% a 3% neste ano. “Os fundos são um veículo de poupança de longo prazo e, até agora, os fatores que estimulariam um crescimento de volume nessa área, como a massa salarial, não têm reagido muito.”
Outra tendência já constatada pelo consultor da Mercer para o setor financeiro é a troca dos bônus de curto prazo (em cash) por benefícios de longo prazo, como ações da empresa, por exemplo. “Há alguns anos, a fatia da bonificação de curto prazo era de 80%. Hoje, chega a dois terços e é possível que, num prazo de três anos, seja equivalente à metade”, afirma Felizatto.
Executivos de sorte – Na área não financeira, os executivos tiveram aumento salarial superior ao de empregados de níveis hierárquicos inferiores em 2001 (ver quadros). A explicação, segundo o gerente de operações de serviços de informações da Mercer Human Resource Consulting, Christian Mattos, é que os salários dos executivos ficaram muito baixos em dólar, o que facilitou a negociação de aumentos. “Esse movimento tem sido verificado desde a desvalorização do real e possivelmente terá alguns resquícios ainda neste ano”, analisa. Na pesquisa coordenada por Mattos foram consultadas 70 empresas instaladas no País, com faturamento anual superior a US$ 100 milhões.
Segundo a consultoria, no ano passado os reajustes salariais em setores não-financeiros ficaram muito próximos ao da inflação (INPC). A exceção ficou por conta dos segmentos exportadores, que tiveram ganhos expressivos com a desvalorização do real.
Para o gerente da Mercer, a tendência é de que neste ano seja repetida a evolução do reajuste salarial médio equivalente à inflação medida pelo INPC. “Nos últimos anos os aumentos têm acompanhado a inflação. Acréscimos maiores são resultado de movimentações individuais como promoções”, afirma.
A expectativa de que o setor energético tivesse grandes movimentações de pessoal e, em conseqüência, uma mexida nos salários neste ano (por conta de novos investimentos em projetos de geração e distribuição) acabou frustrada, na opinião de Mattos. Para ele, o setor de telecomunicações que viveu um boom recente de empregos também está mais acomodado. “Em ano de eleição, sempre há um aquecimento no setor de construção civil, com novas obras, mas só há contratação de pessoal operacional”, diz.
Mercer reposiciona marca no mundo
Com mais de 50 anos em consultoria em previdência privada e benefícios e Recursos Humanos, a William M. Mercer muda de nome e passa a operar em todo o mundo como Mercer Human Resource Consulting. A proposta de mudança levou em conta um nome que refletisse melhor a abrangência do portfólio da companhia, que nos últimos dez anos expandiu bastante seu foco de atuação, englobando áreas como remuneração e gerenciamento de talentos, informações para gestão de RH, comunicação estratégica, saúde corporativa, benefícios flexíveis, administração de previdência privada e benefícios segurados.
Segundo o gerente-geral e principal executivo da empresa no Brasil, Luiz Alberto G. Alvernaz, nessa nova abordagem a clientes, a Mercer vai requisitar profissionais de perfil mais generalista, capazes de identificar o problema e os recursos que a empresa dispõe para atender às demandas. Tanto que a empresa já iniciou treinamento interno e planeja dobrar o número de profissionais com esse perfil, hoje de cinco. “Isso não significa que não vamos precisar do especialista. Estamos também buscando desenvolver novos consultores especializados para se somar aos nossos quadros e a idéia é passar de 35 para 40, distribuídos nos escritórios de São Paulo e Rio”, diz Alvernaz.
Também a área de assessoria em investimentos a patrocinadoras de fundos de pensão e a organizações sobre questões não-relacionadas a RH passa a operar sob nova marca, Mercer Investment Consulting. Simultaneamente, a Mercer lança o www.mercerHR.com, website global que substitui o www.wmmercer.com. Nele o acesso para a área de investimentos é www.mercerIC.com. Com mais de 13 mil funcionários em 40 países, 220 no Brasil, a Mercer Human Resource Consulting integra o Mercer Consulting Group, subsidiária da Marsh & McLennan Companies, Inc.