Risco elevado prejudica mercado dos CRIs | Redução da percepção d...

Edição 136

O mercado brasileiro de Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRIs) já acumula patrimônio de R$ 680 milhões, resultante das 30 emissões feitas desde o ano 2000. Para o economista e presidente da consultoria SFI – Serviços Financeiros e Imobiliários, Pedro Klumb, esse mercado deve seguir a tendência já observada nos Estados Unidos, de pulverizar o risco entre vários devedores, o que contribui para a redução do risco do papel. A previsão de Klumb foi feita durante o painel que abordou o tema CRI, no seminário promovido por Investidor Institucional.
Segundo ele, a partir do momento em que os investidores passarem a ter uma melhor percepção de risco do papel, o mercado de CRIs deve entrar em um período de crescimento. Klumb lembra que, nos EUA, o fato de os papéis serem caracterizados pela super pulverização de devedores possibilitou a expansão desse mercado, que hoje movimenta o montante de US$ 5 trilhões. “Nos Estados Unidos, o investidor tem a percepção de que o papel imobiliário carrega um custo e risco até menor do que um papel do Tesouro americano”, cita o economista.
Hoje, uma parte das emissões de CRIs brasileiros já se adequa a esse perfil de menor risco, mas o mercado ainda emite papéis com lastro em contratos de aluguel de galpões industriais para um único inquilino, diz o executivo, lembrando que, por agregar maior risco, as taxas de remuneração dos papéis brasileiros acabam sendo superiores às praticadas nos EUA.
Outra diferença entre os mercados americano e brasileiro é a liquidez dos CRIs, determinada pelo tamanho do mercado e por sua estrutura de negociação. No Brasil, como nem sempre os contratos de compra, venda ou locação atendem certas características que o tornem elegíveis para uma operação de securitização, acaba resultando numa escassez desses papéis. Ou seja, há mais dinheiro disponível para comprar recebíveis do que recebíveis em condições de serem negociados, afirma Klumb.
“Ainda existem poucos contratos brasileiros elegíveis para uma operação de securitização, que possam resultar em um processo de educação do mercado. A partir da segunda ou terceira emissões, começa a haver um processo de aprendizagem que permitirá a redução de custos, taxas e mesmo do prazo da operação”, diz.
Para o diretor de operações da securitizadora Rio Bravo, Glauber Cunha, o mercado de CRIs ainda está engatinhando e, apesar de os órgãos reguladores terem feito sua parte, do ponto de vista regulatório e legal, o próprio mercado e os juros ainda não permitiram que esse investimento decole. “Estamos focados e tentando utilizar a flexibilidade que esses instrumentos trouxeram para desenvolver operações cada vez mais inovadoras, e que tenham o foco do investidor qualificado e institucional”, afirmou.
Entre as companhias que lideram as operações envolvendo certificados, estão a Cibrasec, responsável pela emissão de R$ 274 milhões em CRIs até maio de 2003, seguida pela Rio Bravo, com R$ 213 milhões e, ocupando o terceiro lugar, surge a Walter Torres, com R$ 143 milhões emitidos. A Brazilian Securities e a recém-criada Patrimônio têm R$ 43 milhões e
R$ 8 milhões, respectivamente.