Edição 249
Depois de bater a meta atuarial nos últimos 4 anos, de 2009 e 2012, o fundo de pensão da Sabesp (Sabesprev), assim como a maioria das fundações, está sofrendo com os resultados dos primeiros meses do ano. A rentabilidade global das carteiras da entidade ficou em 1,35% de janeiro a maio, enquanto a meta atuarial atingiu 5,55%. Para tentar reverter o resultado, o fundo de pensão começou a promover o alongamento da carteira de títulos públicos, ao sair de posições em títulos mais curtos, através do mercado secundário e entrar nos recentes leilões de NTN-Bs do Tesouro Nacional.
Com um patrimônio de R$ 1,85 bilhão (dezembro de 2012), a Sabesprev adquiriu R$ 200 milhões em NTN-Bs, que saíram com taxas de IPCA mais 5,44% (vencimento em 2040) e 5,48% ao ano (vencimento em 2050). Para os novos títulos a fundação adota o sistema de marcação na curva, que capta a valorização dos juros futuros. As demais carteiras do fundo de pensão não tiveram movimentos muito fortes. A única em que houve uma mudança foi a de renda variável, que teve um pequeno aumento com a abertura de um novo fundo exclusivo do tipo FIC (Fundo de Investimentos em Cotas). O fundo recebeu aporte inicial de R$ 35 milhões há cerca de dois meses.
“Houve um recrudescimento do cenário, que mudou totalmente neste primeiro semestre. Estamos lidando com uma maior pressão inflacionária e uma nova abertura das taxas de juros”, diz César Soares Barbosa, diretor de investimentos e previdência da Sabesprev. O consolidado da rentabilidade do fundo de pensão alcançou 17,02% em 2012 contra uma meta atuarial de 12,57%. A carteira de investimentos estruturados apresentou o melhor desempenho no ano passado, com rentabilidade de 27,62%. Os segmentos de renda fixa e variável, renderam 15,57% e 15,38%.
Já em 2013, os resultados são bem diferentes. A carteira de estruturados da fundação, por exemplo, caiu 4,20% de janeiro a maio. A Sabesprev realiza a gestão de um fundo de investimentos em cotas de multimercados que vinha se destacando nos resultados positivos nos últimos dois anos. “Os multimercados foram muito bem até o terceiro trimestre de 2012. Já no final do ano passado e principalmente nos primeiros meses de 2013 está sofrendo com as mudanças nos cenários”, diz Fernando Savioli, gerente de investimentos da Sabesprev.
O fundo multimercados da fundação aplica em 15 fundos de outros gestores. De janeiro a agosto de 2012 apresentou rentabilidade de 12,68% (211% do CDI do mesmo período). Na época, a equipe de investimentos da Sabesprev estava buscando outros fundos de outras assets para aumentar a exposição no segmento. “Estávamos namorando alguns fundos do mercado, mas alguns deles estavam em processo de fechamento para novas captações”, conta César Barbosa. Além da dificuldade de encontrar bons produtos, com a mudança nos cenários, não houve novas movimentações na carteira de multimercados.
“Não trocamos nenhum fundo ou gestor, nem em multimercados nem nos fundos IMA”, diz o diretor da Sabesprev.
Renda variável – Com o desempenho negativo da bolsa brasileira, a carteira de renda variável também está sofrendo nos primeiros meses do ano. Mas apesar da forte queda do Ibovespa, a carteira do fundo de pensão desvalorizou apenas 0,17% de janeiro a maio de 2013. “Estamos aguentando o tranco, pois nossa estratégia é diferenciada, não segue apenas o Ibovespa”, diz Barbosa. Ele se refere aos fundos de valor, dividendos e crescimento.
Em abril passado, a Sabesprev abriu um novo fundo de renda variável do tipo FIC (fundo de fundos). O fundo conta com gestão da equipe interna da fundação e consultoria da Aditus. O aporte inicial foi de R$ 35 milhões que foram divididos em 12 fundos de ações (FIA) do mercado. “A proposta é selecionar os fundos de ações de assets diferenciadadas com estratégias de valor, small caps e dividendos”, diz Fernando Savioli. Em virtude do aumento da volatilidade da bolsa, porém, a carteira não contou com movimentações recentes.