Reiventando os investimentos | Passado o período de perdas nos me...

Edição 135

Os fundos de pensão norte-americanos estão reinventando seus investimentos. Depois de três anos consecutivos de baixas no mercado de ações e de quedas nas taxas de juros, fatos que depreciaram os seus portfólios e aumentaram os seus passivos previdenciários, os fundos estão sendo forçados a reexaminar premissas fundamentais. Os diretores das fundações, segundo especialistas do segmento, estão mais preocupados com a capacidade dos planos de pagar aposentadorias e com a redução da volatilidade dos planos do que com os retornos de longo prazo.
Para o diretor global da área de alocação de ativos da Watson Wyatt Worldwide em Nova York, Carl Hess, “para muitos de nossos clientes, a volatilidade dos mercados é o novo nome do jogo”. Veja como eles estão enfrentando a nova situação: ampliando a duração das carteiras de renda fixa para proteger os passivos dos planos; mudando para investimentos alternativos, como forma de ampliar os retornos; reduzindo as alocações em ações de empresas norte-americanas e ampliando a diversificação para mercados acionários estrangeiros; e finalmente, ampliando o uso de estratégias de hedge e proteção.
Tudo isso quer dizer, segundo o presidente da consultoria KPA Advisory Services, Keith Ambachtsheer, que uma “mudança sistêmica no mundo financeiro americano está acontecendo, transformando a administração de investimentos em uma disciplina de risco de gestão”.
A resposta para essa reestruturação, para muitos, é uma volta para os estudos de Asset Liability Management (ALM). Muito popular em meados de 1980, sob o conceito de ‘administração dos excessos financeiros’, o estudo tornou-se supérfluo na década de 1990 com o estouro do mercado e o fortalecimento das instituições. Mas a era dos excessos se foi e os executivos das fundações que hoje decidem ignorar essa realidade expõem-se ao perigo.

Despedido – Robert Arnott, chairman da First Quadrant LP, diz conhecer um executivo de fundo de pensão de médio porte que está se desligando da entidade depois de 20 anos de carreira. E isto apesar de ter alcançado a décima colocação no ranking de performance em 2002 e a quarta melhor performance no período dos últimos cinco anos. O problema: a décima melhor performance do ano passado foi negativa e o plano agora está deficitário.
Dos 200 maiores fundos de pensão americanos, estima-se que somente 71% daqueles caracterizados como de médio porte tinham seus ativos e obrigações equilibrados no final de 2002, constata um estudo do escritório novaiorquino da JP Morgan Fleming Asset Management.
“Para estarem completamente equilibrados, esses planos precisariam ter tido algo em torno de 20% de taxa de crescimento durante os últimos cinco anos”, afirmou a responsável pela área de consultoria de investimentos estratégicos da Morgan Fleming, Karen Mcquiston. Esta taxa de crescimento só seria alcançada, segundo ela, com uma combinação de rentabilidade de mercado, retornos excelentes e uma constância das contribuições.
Enquanto essa conjunção de fatores não surge para permitir o crescimento, os executivos de fundos exploram uma combinação de métodos para reduzir a volatilidade dos planos e aumentar os retornos em um período de baixas expectativas para ambos os mercados, de renda variável e títulos. Pesquisas recentes realizadas pela Goldman, Sachs & Co e Morgan Fleming confirmam que a mudança está a caminho.
Segundo a Goldman, os dirigentes de fundos estão mais preocupados em aumentar o retorno total das fundações e menos interessados na performance relativa. Com esse pensamento, saem fortalecidas as carteiras de ações internacionais, alocação em ativos globais e mercados emergentes. No sentido oposto, aparece a exposição ao mercado de ações americano, que nos últimos meses registrou desvalorização considerável.
Entretanto, uma pesquisa com um grupo de 80 investidores institucionais clientes da Morgan Fleming revelou que 30% deles estão promovendo mudanças no conjunto de ativos estratégicos de seu fundo de pensão; 40% estão pensando em promover alterações, enquanto outros 30% nem cogitam a possibilidade de alterações, concluiu McQuiston.