Edição 128
A Sabesprev, fundo de pensão da companhia de águas paulista Sabesp, está promovendo grandes mudanças na estrutura de sua carteira de investimentos. De posse de um estudo de ALM feito no início do segundo semestre pela consultoria Risk Office, o novo presidente da fundação, José Sylvio Xavier, pretende migrar R$ 350 milhões que tinha investidos em fundos abertos – FIFs e FACs – para fundos exclusivos a partir do início do próximo ano. Como parte da nova estratégia, o fundo investiu cerca de R$ 95 milhões em Notas do Tesouro Nacional (NTN-C) com o objetivo de indexar as reservas destinadas a pagar os benefícios dos participantes inativos de seu plano do tipo Benefício definido (BD).
“Como temos um estudo de ALM a ser seguido, precisamos de um fundo que nos dê maior flexibilidade na hora de compor os ativos. Não posso escolher os papéis de um fundo aberto, ao passo que no exclusivo posso ajustar os investimentos que melhor casam com meu passivo futuro”, justifica o presidente. A mudança para fundos exclusivos começa a ser desenhada em janeiro, quando a Sabesprev inicia o processo de seleção de gestores e de investimentos a serem depositados os recursos.
Com a troca de fundos abertos para exclusivos, os atuais gestores com os quais a Sabesprev investe seus recursos – Unibanco, Itaú, JPMorgan, Citibank e HSBC – podem ser substituídos. Como custodiante, o fundo de pensão já escolheu o HSBC. “A reestruturação deve produzir uma economia anual de R$ 260 mil, que deixam de sair das reservas do fundo de pensão para cobrir despesas com as atuais taxas de administração”, afirmou Xavier.
Completando o rol de mudanças, a entidade comprou em novembro cinco lotes de NTN-C, que totalizaram quase R$ 95 milhões e têm vencimento até 2017. Com a compra, a Sabesprev espera uma neutralização do passivo do plano BD, que hoje atinge R$ 159 milhões por meio do casamento da meta atuarial de INPC+6% com a rentabilidade de IGP-M+10% dos papéis emitidos pelo Governo. Com essa estratégia, o fundo de pensão pretende garantir o pagamento dos benefícios futuros.
Apesar de não ser um investimento procurado por quem foca em altos retornos, Xavier esclarece que a compra também foi motivada pela possível redução da taxa de juros já a partir de 2003 e pela confiança que o Governo irá honrar seus compromissos. Se a tendência de queda nos juros, tão comentada pela equipe do novo Governo, se confirmar a fundação possivelmente terá um ganho de alguns pontos percentuais, explica o pre-
sidente.
Por sua característica conservadora, as NTN-Cs fazem parte do portfólio de investimentos do grupo de aposentados enquanto que, para os participantes ativos, a fundação continua com uma estratégia de investimentos que abrangerá as rendas fixa e variável – agora não mais em fundos abertos, mas sim fundos exclusivos.