Edição 83
Os executivos da CCF de Minas Gerais estão caprichando no sotaque caipira, principalmente depois que fecharam acordo com a Federação Agrícola do Estado de Minas Gerais (FAEMG) para montar um plano de previdência privada aberto voltado aos produtores rurais do estado. A FAEMG reúne 400 sindicatos agrícolas, atingindo cerca de 400 mil pessoas (sindicalizadas ou não).
Segundo o gerente de previdência da CCF, Assis Mauro Avelar Viana, a FAEMG queria um plano barato e simples de ser entendido pelos produtores rurais. A solução proposta pelo CCF foi montar um PGBL, com taxa de administração de 2,5% e no qual o produtor pudesse se sentir livre para optar pela previdência dentro de vários perfis de investimentos.
Estão sendo oferecidas quatro carteiras de investimentos aos participantes: renda fixa pura; moderada (até 35% de renda variável, incluindo ações e derivativos); dinâmica (até 49% de renda variável); e cambial.
A aplicação mínima no plano é de R$ 30 por participante. Segundo Viana, os participantes podem optar por concentrar a aplicação num só tipo de carteira ou dividi-la entre as várias carteiras, desde que invistam pelo menos R$ 30 em cada uma.
As expectativas da CCF para esse que desponta como um dos maiores clientes de planos de previdência aberta são bastante otimistas, devido ao número de pessoas abrangidas pela FAEMG, de cerca de 400 mil pessoas.
As adesões ao plano começaram no final de julho, e o CCF espera contabilizar entre 5 e 8 mil participantes nas áreas compreendidas pelo plano piloto (Alto do Vale do Parnaíba e Triângulo Mineiro) até o final do ano. Num prazo um pouco mais dilatado, de 3 a 4 anos, as adesões poderiam chegar a 30 mil na mesma área, com um patrimônio de cerca de R$ 50 milhões.
Uma das principais estratégias de comunicação para levar a cultura previdenciária ao produtor rural, de acordo com Viana, é comparar o valor dos investimentos com arrobas de milho, boi gordo e café. Os executivos da CCF, em parceria com a FAEMG e com os sindicatos rurais, estão realizando palestras para os produtores de Minas Gerais a fim de familiarizá-los um pouco mais com o tema.
Gilman Rodrigues, presidente da FAEMG, salientou que a iniciativa da federação é pioneira e que tem o objetivo de incentivar o produtor rural a buscar uma aposentadoria complementar sem depender somente do INSS. Segundo ele, o plano do CCF pode incluir desde esposas e filhos dos produtores até parentes mais distantes, sem ligação direta com a atividade agrícola.
Uma das metas da federação, segundo a assessoria, é ampliar o leque de serviços aos produtores do campo, aumentando a força dos sindicatos rurais no estado. “A FAEMG está planejando oferecer cada vez mais serviços aos produtores, como seguro rural e plano de saúde”, afirma o assessor da federação, Wilson Barros. A idéia inovadora partiu do diretor da FAEMG, Roberto Simões, que teve contato com um plano similar adotado nos Estados Unidos pelo American Farm Bureau.
De acordo com Viana, do CCF, entre os primeiros participantes a maioria está optando pela carteira de renda fixa. Nada menos de 70% dos novos participantes estão optando por essa modalidade de investimentos. Já os pecuaristas e os grandes produtores estão arriscando um pouco mais, colocando uma parte dos recursos também nas outras três modalidades. “Mineiro é muito desconfiado”, afirma Viana.