Previ prepara ALM | Pela primeira vez, os participantes inativos ...

Edição 148

A Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, deve concluir até setembro próximo o seu modelo de Asset Liability Management (ALM). O modelo deve permitir à fundação fazer o casamento de seus ativos, da ordem de R$ 58 bilhões, com passivos atuariais de até 50 anos. “Temos que planejar o pagamento dos nossos compromissos com aposentadorias que vão até esse prazo”, explica a diretora de planejamento do fundo, Cecília Garcez.
A definição do ALM da fundação é urgente, até porque desde junho o número de participantes inativos do plano de benefício definido da Previ superou, pela primeira vez, o número de ativos. E, daqui para a frente, só tende a aumentar uma vez que novos participantes estão ingressando apenas no plano de contribuição definida – que já conta com 22 mil participantes. “Daqui para a frente, precisamos planejar muito bem a rentabilidade dos nossos investimentos”, explica a diretora que assumiu recentemente o cargo, como resultado das últimas eleições na fundação.
Segundo ela, embora um modelo de gestão de risco esteja sendo desenvolvido desde o ano 2000, a sua finalização com todas as características de um verdadeiro ALM só começou em 2004. O modelo que deve estar concluído em setembro fará o casamento das obrigações da fundação com todos os seus ativos, incluindo imóveis, operações com participantes, instrumentos de renda fixa e de renda variável.
Segundo Cecília, um dos diferenciais do ALM da Previ é exatamente mensuração que faz de todos os papéis de renda variável da fundação, que hoje representam 60% dos seus ativos totais. Além da tradicional análise de risco de mercado para esses papéis, a fundação fará também uma análise dos riscos de crédito, risco corporativo e risco de liquidez. “Vamos examinar ativo por ativo, fazer simulações com cada variável, levar em conta as várias probabilidades para dimensionar os riscos”, explica ela. “A partir daí, vamos fazer um acompanhamento desse ativo no curto, médio e longo prazo, para ver a necessidade de correções das análises.”
No fundo, o que a Previ quer é definir um modelo que seja capaz de assegurar que o dinheiro necessário ao pagamento das aposentadorias nos próximos 50 anos esteja disponível no momento certo, sem que para isso a fundação tenha que sacrificar a rentabilidade de alguns ativos com vendas não planejadas. “Se notarmos qualquer problema, qualquer descasamento dentro de um horizonte de 10 anos, podemos começar a promover mudança a partir de agora”, explica a diretora da fundação. “Não queremos ser surpreendidos por problemas”.
Como o estudo ainda não está completo, não há uma definição sobre quanto, ou em que prazo, será necessário mexer na carteira atual da Previ. Mas, há um consenso de que a participação da renda variável na carteira deve diminuir, em primeiro lugar por questões de enquadramento legal e em segundo lugar em razão da maturidade do plano de BD, que cada vez paga mais aos assistidos do que recebe dos ativos. Então, para fazer frente a essa despesa crescente, é necessário aumentar a liquidez do plano. Hoje, dos R$ 58 bilhões que a Previ tem em ativos, apenas R$ 180 milhões são da carteira de CD. O restante está no plano BD. Do total de ativos, 60% estão em renda variável, 30% em renda fixa, pouco menos de 5% em imóveis e pouco mais de 5% em empréstimos a participantes.
O sistema usado pela Previ para fazer o seu ALM foi desenvolvido pela empresa canadense Algorithmics, cujo primeiro cliente brasileiro foi o Banco do Brasil. O segundo cliente foi a Previ, que comprou o sistema no início de 2000. “Mas, nós partimos do sistema padrão da Algorithmics e acrescentamos várias metodologias que refletem as nossas necessidades”, explica Cecília. “O sistema foi adaptado para as nossas especificidades”.

Superávit da Previ encostou em zero
Uma conjunção de dois fatores negativos fez com que o invejável superávit alcançado pela Previ no ano passado, de R$ 7,6 bilhões, fosse reduzido praticamente a zero em junho deste ano. Contribuiu para isso a queda das bolsas no período e também a utilização do IGP-DI como índice de cálculo das reservas técnicas dos participantes. “Realmente, chegamos perto do zero”, reconhece a diretora de planejamento da fundação, Cecília Garcez.
De acordo com ela, a alta das bolsas no mês de julho e a aprovação também em julho, por parte da SPC, da mudança do índice de cálculo das reservas de IGP-DI para INPC, trouxe alívio à fundação. “Acreditamos que, a partir de agora, vamos começar a recompor nossas reservas”, diz.