Planos ousados para 2013 | Fundo do metrô de São Paulo abre carte...

Fabio Mazzeo

Edição 245

 

O ano de 2013 promete ser um divisor de águas na história do Metrus, fundo de pensão com patrimônio da ordem de R$ 1,4 bilhão. Se os projetos da direção da entidade se concretizarem, a fundação dos funcionários do metrô de São Paulo deve estrear no segmento de investimentos no exterior, com até 3% de seu patrimônio – cerca de R$ 40 milhões. Além disso, a carteira de investimentos estruturados deve crescer em mais 50% de seu tamanho atual. As novidades não se restringem aos investimentos. Outro projeto que deve movimentar a fundação neste ano é a incorporação de novas patrocinadoras. “Enviamos propostas para adesão de duas empresas de economia mista e agora esperamos a aprovação dos órgãos estatais”, diz Fábio Mazzeo, presidente do Metrus.

As duas empresas que estão na mira da fundação são o CDHU e a Cetesb. A proposta foi enviada para a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo no final do ano passado e agora estão sob análise do Codec – Conselho de Defesa dos Capitais do Estado. “O conselho está avaliando a viabilidade financeira para a adesão das empresas. Queremos oferecer planos de previdência e de saúde a custos bastante compatíveis para os funcionários dessas empresas”, explica Mazzeo. Ele acredita que o maior desafio é conseguir a primeira adesão. Depois da incorporação da primeira incorporação, outras companhias, inclusive do setor privado, podem aderir ao fundo de pensão.

Um dos atrativos do Metrus é o plano de saúde, qualificado pela ANS (Agência nacional de Saúde) como o de melhor qualidade no segmento de autogestões no estado de São Paulo. As Leis 108 e 109 de 2001 proibiram a criação de novos planos de saúde pelas fundações, mas permitiram a permanência dos pre-existentes, como é o caso do fundo do metrô. Em caso de incorporação de novas patrocinadoras, a direção da entidade entende que os novos participantes teriam acesso ao plano médico. “É um plano com excelente avaliação pela ANS. Com a adesão de novos participantes, teremos melhores condições de reduzir os riscos e manter os custos do plano”, diz Mazzeo. O dirigente diz que o objetivo da fundação é dobrar o número de participantes – atualmente 11 mil.

Além da saúde, o plano de previdência também estará aberto aos novos participantes, na modalidade de contribuição definida. Para atrair novas patrocinadoras, o Metrus promoveu um corte dos custos administrativos dos planos em 2012. A taxa administrativa que incide sobre a contribuição básica caiu de 7% para 2%. Atualmente, a entidade administra dois planos de benefício definido e um de contribuição variável, que oferece seis perfis de investimentos para escolha do participante. Além disso, a fundação reforçou a área de call center e de sistemas de benefícios.

“O aumento do número de participantes deve permitir uma maior queda nos custos administrativos, além da redução dos riscos do plano de saúde, que costumam aumentar muito se o número de vidas é reduzido”, explica Mazzeo. Ele explica que alguns tratamentos de saúde como transplantes são muito caros e será importante contar com um conjunto maior de participantes para diluir os riscos financeiros do plano médico e ao mesmo tempo manter um alto padrão da rede credenciada.

Investimentos – Uma das principais novidades da política de investimentos para o período de 2013 a 2017 é a abertura da carteira de investimentos no exterior. Já para 2013, a direção do Metrus prevê a estreia na modalidade, com até 3% do patrimônio. A fundação está em contato com gestoras de fundos de ativos no exterior. Uma delas é a Hamilton Lane, que está estruturando um fundo de investimentos em cotas (FIC) para investir em fundos do exterior em diversos segmentos.

A política de investimentos prevê ainda a ampliação da carteira de investimentos estruturados. Para o plano de contribuição variável, o limite de investimentos deve saltar dos atuais 8% para 12%. Para os planos BD, o salto deve ser ainda maior, saindo de 4% e chegando a 8%. “Estamos voltados para a ampliação dos investimentos relacionados à economia real. Mesmo com os patamares de juros mas elevados anteriormente, já estávamos adotando essa postura, que agora será reforçada”, diz Mazzeo.

Em 2012 e início de 2013, o Metrus selecionou quatro fundos de participações (FIPs), que totalizam R$ 30 milhões (ver tabela). As gestoras dos fundos são a Riviera, a Votorantim, a Claritas e a Inseed. A fundação continua estudando novos produtos do segmento de FIPs. Além disso, também está buscando alternativas de fundos imobiliários. Neste segmento, a política prevê o aumento dos atuais 4% do patrimônio para até 8%.

Os imóveis seriam outra alternativa que o Metrus gostaria de ampliar a participação. Porém, sua carteira de participações diretas já está próximo dos 8% de limite permitidos pela Resolução 3792. “Seria importante realizar uma ampliação do limite legal para a carteira de imóveis, pois diversas fundações já estão próximas do máximo. Neste momento, os investimentos em imóveis fazem muito sentido”, defende o presidente do Metrus.

A fundação tem planos de investir na ampliação do Shopping Boulevard Tatuapé, no qual detém a propriedade de 5% do empreeendimento. Como a administração do shopping está programando uma ampliação, a fundação gostaria de acompanhar com o mesmo percentual de participação, mas está impedida devido à falta de limite na carteira.

Redução da meta – Os planos de benefício definido do Metrus vinham utilizando até 2012 a taxa máxima atuarial de INPC mais 6% ao ano. Para 2013, terão que se adequar a nova legislação, que indica o corte de 0,25 ponto a cada ano. A meta para o plano CV já está ajustada a INPC mais 5% ao ano e não terá necessidade de reajuste nestes primeiros dois anos.

A entidades está terminando de rodar um novo estudo de ALM (Asset Liability Management) para definir como será feito o corte das metas dos planos BD. O estudo é necessário em função de uma recente migração de participantes do plano BD para o CV. A migração contou com a adesão de 370 participantes, que apesar de não representar um grande contingente numérico, acabam afetando positivamente o equilíbrio atuarial dos planos, pois são funcionários que possuem os maiores níveis salariais da patrocinadora.