Planos acoplam seguro de vida e cobertura de risco | Concorrência...

Edição 71

O aumento da concorrência no mercado de Planos Geradores de Benefícios Livres (PGBL) está levando as operadoras de previdência privada a inovar na hora de formatar os produtos, para atrair novos clientes. Uma dessas inovações é a junção de PGBLs com planos de seguros de vida ou cobertura de benefícios de risco. A Inter-Atlântico, seguradora do grupo Boavista, é uma que está nessa trilha. Ela está preparando o lançamento de três modalidades de PGBLs que serão oferecidos junto com um seguro de vida opcional.
A Inter-Atlântico está terminando de desenhar os produtos e deve encaminhar os pedidos de aprovação à Superintendência de Seguros Privados (Susep) no próximo mês de fevereiro. Os novos PGBLs, que devem estar disponíveis para os consumidores até o mês de maio, serão apresentados em três perfis de risco: o primeiro, denominado soberano, terá apenas títulos públicos; o segundo, denominado renda fixa, poderá compor com títulos públicos e privados; e o terceiro, denominado composto, poderá englobar papéis de renda fixa e variável. Com distribuição a ser feita pelo Banco Boavista, nenhum deles tem, ainda, taxa de administração definida.
“Como já existe uma grande quantidade de PGBLs no mercado, decidimos criar um diferencial que é a união do plano com o seguro de vida”, diz Marcus Vinícius Freire, diretor de seguros e passivos do Banco Boavista. Ele explica que, em caso de sinistro, o cliente receberá um valor proporcional às reservas que possui no PGBL. Em casos de planos empresariais, os participantes poderão contratar um seguro de renda por invalidez, que oferecerá um múltiplo salarial ao funcionário que ficar incapacitado.
A inovação do produto da Inter-Atlântico segue uma tendência consolidada dos mercados europeu e norte-americano. “A mistura de produtos de seguros e previdência deve se tornar mais frequente no Brasil, a exemplo do que ocorre em mercados mais desenvolvidos”, afirma o diretor do Boavista. Ele acrescenta que o aumento da concorrência entre as operadoras, provocado principalmente pela entrada de empresas estrangeiras, acelera o surgimento de produtos cada vez mais complexos e diversificados. O Boavista conta com a participação acionária de um grupo português, o Espírito Santo, e um francês, o Credite Agricole.

Novos PGBLs – Outras instituições financeiras também estão preparando o lançamento de produto nesse mercado, que no ano passado computava recursos de R$ 500 milhões (ver pág. 14). É o caso da Porto Seguro, que está às vesperas do lançamento de seu PGBL, previsto para antes do término deste mês de janeiro.
A seguradora vai oferecer o seu PGBL também em três modalidades de risco: soberano (títulos públicos); renda fixa (títulos públicos e privados) e composto (até 49% de renda variável). A Porto Seguro aposta em taxas atraentes de administração como forma de obter a adesão dos novos clientes. O perfil soberano tem taxa de 1% ao ano; o renda fixa 1,5%; e o composto 2%. Além disso, o participante pagará uma taxa de administração anual do plano de 3%. “Acreditamos no sucesso dos PGBLs devido ao nível competitivo de nossas taxas”, declara Sílvia Regina Agostinho, analista de desenvolvimento de produtos da Porto Seguro.
Os PGBLs da seguradora também foram desenhados de forma a permitir a união de benefícios de risco por morte e invalidez. O cliente poderá contratar um seguro de renda por invalidez ou uma pensão para os dependentes em caso de morte. Além disso, o participante poderá adquirir um plano de pecúlio por morte. Os benefícios de risco, neste caso, fazem parte do plano previdenciário e diferenciam-se dos seguros tradicionais de vida e invalidez. O pecúlio, por exemplo, cumpre a função de um seguro de vida, mas com um limite de pagamento mais baixo.
A Santos Seguradora também se prepara para comercializar o PGBL. O seu produto será lançado no início de fevereiro próximo e a seguradora aposta na diversificação como forma de atrair novos clientes. Os planos terão cinco perfis diferentes: soberano; renda fixa; dois compostos (um com até 15% e outro com até 25% de renda variável); e um cambial.

Futuro – Um produto que, por enquanto, ainda não se desenvolveu mas poderá emplacar no futuro é o seguro de vida resgatável. O plano funcionaria como um seguro normal até que o segurado atingisse uma certa idade quando, a partir de então, poderia resgatar na forma de renda programada. Com isso, o seguro assumiria um papel previdenciário caso não ocorresse o sinistro do segurado até uma idade pré-determinada. Para poder se desenvolver, porém, essa modalidade de plano precisaria contar com a possibilidade de diferir o Imposto de Renda, como no PGBL. “Por enquanto, é mais fácil e vantajoso o PGBL oferecer coberturas de seguro de vida e invalidez do que o contrário”, explica Marcus Freire.