Oposição define nomes para sucessão na Abrapp | Pimentel e Freit...

Edição 103

Há menos de um mês do Congresso da Abrapp, que deve realizar-se no final de outubro em Vitória (ES), o principal tema das conversas e das preocupações dos dirigentes dos fundos de pensão não está sendo a pauta dos debates que ocorrerão nos plenários do evento, mas sim os acordos que se realizarão nos seus bastidores nesses três dias, a partir dos quais se montarão as chapas que irão disputar a direção da entidade pelo biênio 2002/2003.
As reuniões, conversas, telefonemas e recados estão acontecendo desde há dois meses, com candidatos a candidatos lançando seus próprios nomes, ou pedindo a outros que o façam. Muitos nomes foram levantados, sugeridos, examinados e descartados, mas agora que a poeira começa a assentar parece que os nomes mais bem situados para encabeçar uma chapa de oposição à atual direção são os dos atuais presidentes da Sistel e da Funcef, Fernando Pimentel e Edo de Freitas. Eles ocupariam, respectivamente, a presidência e vice-presidência da entidade.
Concorreriam com uma chapa formada pelo próprio Carlos Caldas ou quem esse apoiasse, uma vez que a situação também tem se movimentado em busca de apoios. Caldas não descarta a hipótese de concorrer, já tendo comentado em várias rodas que “se meu nome for colocado pelos companheiros, não terei como me esquivar”.
A principal crítica feita pela oposição é que Caldas isolou-se da base durante a sua gestão, e que as decisões que toma refletem muito mais a sua forma de pensar e agir que um consenso do sistema. “Precisamos atuar de forma menos centralizada e mais democrática, para ganharmos força e não sofrermos revezes, como o da última MP 2.222. Nesse caso, fomos surpreendidos desfavoravelmente e tivemos de apanhar quietos”, analisa o presidente do Metrus, Fábio Mazzeo.
Mazzeo foi um dos que apoiaram Caldas nas eleições passadas, contra o candidato Francisco Parra. Mas, há mais de um ano que afastou-se de Caldas e critica a sua atuação, a qual qualifica de extremamente centralizadora. “Precisamos de uma gestão mais ativa e participativa, mais próxima, que envolva as lideranças regionais. Precisamos ter uma postura mais presente e mais firme, mais clara e decisiva”, diz.
Ele próprio chegou a ser apontado com um potencial candidato, mas nas últimas semanas a articulação do eixo Rio/Brasília ganhou força. Estariam apoiando os nomes de Pimentel e Freitas as grandes fundações cariocas e brasilienses. Outro apoio claro estaria no Nordeste, onde Pimentel tem força, inclusive por ser do Recife, terra do seu padrinho político, Marcos Maciel. A incógnita está, realmente em São Paulo, onde não conta com nenhum apoio expressivo. Mazzeo, um nome forte em São Paulo, ainda não foi contatado.
Além de Mazzeo, alguns outros nomes também têm sido lembrados, como o do presidente da Previndus, Nelson Nonô, também um crítico da atuação de Caldas. É possível que ele componha com a chapa de Pimentel e Edo, assumindo alguma diretoria. Outros nomes que poderiam compor a chapa oposicionista são os de Mizael Vaz e Paulo Brandão, ambos com dois mandatos nas suas respectivas entidades, ICSS e Sindapp, não podendo portanto ser reeleitos.
Para o diretor da Previ, Henrique Pizzolato, a oposição tem vários nomes fortes e não será fácil acomodar a todos na mesma chapa. Os três dias do Congresso da Abrapp, em Vitória, deverão ser fartos em reuniões e acordos.
Embora Caldas não tenha apresentado ainda nenhum nome, não se pense que ele não é capaz de articular uma chapa forte. Uma das áreas mais descobertas para chapa de oposição que se forma é a região Sul, justamente de onde ele veio. Gaúcho, Caldas tem bons amigos nos estados do Sul. Além disso, no Rio de Janeiro e em São Paulo ele conta com a simpatia da Apep, a entidade que representa os fundos de pensão de patrocinadoras privadas, que nas eleições passadas o apoiaram na figura do seu presidente, Geraldo Garcia.
Os dados ainda não estão todos lançados, mas devem sê-los, o mais tardar, até os dias do Congresso da Abrapp.