Edição 242
A Fundação Valia, fundo de pensão com patrimônio de R$ 15 bilhões patrocinado pela Vale, acaba de realizar um amplo processo de seleção de gestores para a renda variável. Foram selecionadas sete novas assets que vão realizar a gestão inicial de R$ 310 milhões. O volume de recursos direcionado para esses gestores deve crescer ao longo do tempo, até R$ 500 milhões, pois está vinculado a um novo perfil voltado para a escolha dos participantes. É o perfil Valia Mix Ativo 40, que contará com até 40% de exposição à renda variável com gestão ativa. “Queríamos oferecer uma nova opção mais arriscada ao participante com estratégia de valor para a renda variável”, diz o presidente da Valia, Eustáquio Lott.
O dirigente da Valia explica que alguns participantes estavam questionando o fraco desempenho dos demais perfis de investimentos com renda variável. Alguns deles perguntavam porque o desempenho da carteira de renda variável do plano e benefício definido (BD) sempre era melhor que a performance dos perfis de investimentos, que costumavam ficar abaixo do Ibovespa. “Por que a carteira da Valia sempre rende mais que a nossa, questionavam”, diz o presidente. O fundo de pensão vinha oferecendo três perfis de investimentos para o plano de contribuição definida (CD), um deles conservador com 100% em renda fixa, e outros dois, o Mix 20% e o Mix 35%, com até 20% e 35% em renda variável, respectivamente.
Os dois perfis com renda variável contam com gestão passiva indexada ao Ibovespa. Porém a gestão passiva não vinha alcançando nem o índice de bolsa, que por sua vez, também não tem apresentado desempenho positivo consistente. Já a estratégia ativa do plano BD vinha conseguindo bater o Ibovespa e o IBrX, porém, também neste segmento, os dirigentes da Valia vinham percebendo a necessidade de aprimorar a performance. “Decidimos ampliar a gestão terceirizada da renda variável com a contratação de assets especializadas. Um dos objetivos é trazer a expertise de gestores independentes para dentro de casa”, afirma Lott. Ele explica que a intenção é dar uma opção ao participante que possa gerar rentabilidade tão boa quanto a carteira de renda variável do plano BD.
Novos gestores – A carteira de renda variável acumula recursos da ordem de R$ 3 bilhões, que representam cerca de 20% do patrimônio total da fundação. Desse montante, cerca de R$ 900 milhões já estavam nas mãos de gestores terceirizados. Agora serão mais R$ 310 milhões para as seguintes assets: Vinci Partners, Pollux, Atmos, Brasil Capital, M Square, Squadra e Studio. Os recursos serão transferidos inicialmente da carteira sob gestão interna da Valia. Todos os gestores seguirão mandatos com estratégias de valor, com meta de superar o IBrX. Apesar da utilização do índice tradicional de bolsa, não estarão atrelados ao IBrX, pois terão flexibilidade para adotar estratégias distintas para conseguir as melhores rentabilidades possíveis.
A equipe da Valia promoveu um longo processo de seleção dos gestores que durou cerca de 5 meses. Inicialmente foram selecionados 28 gestores com informações públicas de mercado. Foram analisados critérios de rentabilidade, tamanho do patrimônio sob gestão e histórico da empresa. Em uma segunda etapa, foram analisadas informações recolhidas junto às próprias assets, que resultou na escolha de 15 empresas. Em seguida, foi realizado um processo de due dilligence com visitas e conferências com as concorrentes. “Observamos diversos critérios como o patrimônio e o histórico, mas o mais importante era a seleção de assets com desempenho superior aos índices de bolsa nos últimos anos”, explica Lott.
Por enquanto, o processo de terceirização da renda variável da fundação deve dar uma parada. Durante 2013, os novos gestores e estratégias serão avaliados.
Imóveis e exterior – Além da renda variável, a Valia vem promovendo novas aplicações em imóveis e investimentos estruturados. A carteira de imóveis da fundação, por exemplo, já ultrapassa a casa de R$ 1 bilhão. Os últimos dois empreendimentos adquiridos pelo fundo foram o edifício Rio Office Tower, na avenida Presidente Vargas (Centro do Rio de Janeiro) e metade do prédio corporativo Continental Tower, localizado no complexo Cidade Jardim em São Paulo. Os dois edifícios foram inaugurados durante o ano de 2012.
Ainda que não esteja nos planos imediatos, a Valia está começando a estudar o segmento de investimentos no exterior. Para isso, designou uma profissional da área de investimentos, Ana Cláudia Nolte, que está responsável pelas análises do segmento. “É uma área muito incipiente ainda. Por enquanto, deixamos uma pessoa dedicada para estudar o tema, que ainda é muito complexo para nós”, diz o presidente da Valia. Ele adianta que o segmento ainda não deve entrar na política de investimentos em 2013.